Com origens profundas e uma trajetória marcada por diferentes povos e culturas, Braga oferece um retrato vívido do passado e mantém-se um dos centros mais significativos do país, conforme refere o Blogue do Minho.
Bracara Augusta: o nascimento de Braga sob o império romano
A cidade de Braga foi fundada pelos romanos em 16 a.C. sob o nome de Bracara Augusta, em homenagem ao imperador César Augusto. Contudo, muito antes da chegada dos romanos, o território já era habitado pela tribo dos Brácaros, um povo de origem galo-celta. Estes povos pré-romanos habitaram a região que ia do Douro ao Minho, deixando como legado um dos mais antigos centros de povoamento do que é hoje o norte de Portugal. O nome Braga e a designação de “bracarenses” para os seus habitantes derivam dos Brácaros, que deram à cidade a sua identidade inicial.
A fundação de Bracara Augusta insere-se numa época de expansão e organização do Império Romano. A cidade tornou-se num centro administrativo e cultural de grande importância, servindo como capital da província romana da Gallaecia. Era, aliás, um dos vértices de um triângulo político-administrativo estabelecido por Augusto, ligando Bracara Augusta a outras cidades estratégicas: Lucus Augusti (Lugo) e Astúrica Augusta (Astorga), através de estradas romanas que facilitavam o fluxo de comércio e o controlo militar.
Testemunhos romanos em Braga
A presença romana em Braga é visível nos vestígios que ainda se podem ver pela cidade. As Termas Romanas do Alto da Cividade, que datam do século II, são um excelente exemplo de como os romanos adaptaram a cidade à sua cultura.
Estas termas possuem vários compartimentos dedicados a banhos frios e quentes e incluem uma palestra, espaço destinado à prática de exercícios físicos. Junto a estas ruínas, encontram-se também restos do que terá sido um teatro, que seria um dos locais de entretenimento da época.
Outro vestígio romano encontra-se junto à atual Igreja de S. Paulo, onde foi identificada uma estrutura que servia como cloaca, conduzindo águas sujas para fora da cidade. Esta estrutura está preservada sob o chão da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, permitindo aos visitantes um vislumbre da vida romana em Braga. Para além destas ruínas, o Museu D. Diogo de Sousa e o Museu Pio XII preservam estátuas, objetos religiosos e utensílios de uso diário, peças que ajudam a contar a história da presença romana na cidade.
A capital do Reino Suevo
Após a queda do Império Romano, Braga foi conquistada pelos Suevos, um povo de origem germânica que invadiu a Península Ibérica em 409 d.C. Sob o domínio dos Suevos, Braga assumiu-se como a capital do Reino Suevo, que abrangia a Galiza e se estendia até ao Rio Tejo.
O Reino Suevo manteve-se entre 409 e 585, quando foi anexado pelos Visigodos, que procuravam expandir o seu domínio na Península Ibérica. A importância de Braga como capital eclesiástica manteve-se durante o domínio suevo, e a cidade viu florescer várias instituições religiosas, incluindo a fundação de uma diocese.
A era dos Visigodos e a invasão muçulmana
Com a expansão dos Visigodos, Braga integrou-se no Reino Visigodo até ao ano de 711, quando a Península Ibérica foi invadida pelos mouros vindos do Norte de África. No entanto, em 1040, Braga foi reconquistada aos mouros por Fernando Magno, rei de Leão e Castela. Esta reconquista foi temporária, pois a cidade foi retomada pelos mouros em 1070. Braga foi finalmente e de forma definitiva reconquistada em 1093 por Henrique de Borgonha, conde de Portucale, que a integrou nos domínios do Condado Portucalense.
Braga no Condado Portucalense e no reino de Portugal
Após a reconquista cristã, Braga permaneceu nos domínios do Condado Portucalense e viria a tornar-se parte do Reino de Portugal, que mais tarde ganharia autonomia plena. Durante a Idade Média, Braga assumiu-se como um dos principais centros religiosos e culturais do país. A Sé de Braga, uma das mais antigas catedrais do país, exibe diversos estilos arquitetónicos, desde o românico ao barroco, sendo uma das construções mais imponentes e representativas da cidade.
Monumentos e património de braga
Para além da Sé, Braga conta com inúmeros monumentos e locais de culto de grande importância. Entre eles, destacam-se o Santuário do Bom Jesus do Monte, uma das principais atrações religiosas e turísticas do país. Este santuário é famoso pelo seu escadório barroco que leva ao topo, onde se encontra a igreja, e pelo funicular, o mais antigo da Península Ibérica. Outro local de destaque é o Santuário de Nossa Senhora do Sameiro, de arquitetura neoclássica, que oferece uma vista panorâmica sobre Braga e a região envolvente.
Para os amantes das artes e cultura, o Theatro Circo é um espaço icónico, um teatro construído no início do século XX que mantém a sua grandiosidade até aos dias de hoje. Outro monumento fascinante é a Fonte do Ídolo, um santuário rupestre da época romana, ligado ao culto das águas e um testemunho raro da espiritualidade da época.
Braga: uma cidade com história viva
Hoje, Braga mantém-se como uma das cidades mais importantes de Portugal, não apenas pela sua história, mas também pela sua dinâmica cultural e económica. Conhecida como a “Roma portuguesa”, Braga é um local onde se cruzam séculos de história, cultura e fé. A sua riqueza arquitetónica, aliada a um ambiente vibrante e jovem devido à presença de uma grande comunidade universitária, torna Braga num destino singular para qualquer visitante.
Braga é, sem dúvida, uma cidade onde o passado e o presente convivem harmoniosamente.