O calendário do Imposto Único de Circulação (IUC) vai mudar e todos os proprietários de veículos automóveis devem preparar-se para uma alteração que afeta milhões de condutores em Portugal. A partir de fevereiro de 2026, todos os automóveis terão de pagar o IUC no mesmo mês, independentemente da data da matrícula.
Esta mudança, introduzida pelo Governo através de uma alteração legislativa no Código do IUC, põe fim ao antigo sistema em que o pagamento era feito de acordo com o mês de matrícula. Agora, fevereiro passa a ser o mês oficial de liquidação do imposto — uma medida que promete simplificar a gestão fiscal, mas que, na prática, vai obrigar muitos contribuintes a ajustar as suas finanças pessoais.
IUC em fevereiro para todos — mas há quem pague duas vezes num curto espaço de tempo
Esta alteração traz uma consequência imediata: alguns condutores terão de pagar duas vezes o IUC num intervalo de apenas dois meses.
Imagine o caso de quem tem matrícula de dezembro: pagará o IUC de 2025 em dezembro de 2025 e, logo a seguir, o IUC de 2026 em fevereiro. Na prática, significa que em apenas oito semanas o mesmo contribuinte poderá desembolsar duas vezes o mesmo imposto.
Para atenuar o impacto, o Governo criou a possibilidade de pagar o IUC em duas prestações — desde que o valor total ultrapasse os 100 euros. Assim, será possível pagar metade até ao final de fevereiro e a outra metade até ao final de outubro.
A medida visa aliviar a pressão financeira sobre os contribuintes, permitindo uma melhor gestão orçamental ao longo do ano.
Evite esquecimentos e coimas: ative o débito direto do IUC
Com milhões de veículos obrigados a pagar o imposto no mesmo mês, é previsível que o Portal das Finanças registe um volume elevado de acessos em fevereiro.
Para evitar atrasos, multas por esquecimento e longas esperas no site, a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) recomenda a adesão ao débito direto. Com esta funcionalidade, o imposto é debitado automaticamente na conta bancária, dentro do prazo legal, sem que o contribuinte tenha de emitir manualmente a referência de pagamento.
Quem preferir continuar a fazê-lo manualmente deve aceder ao Portal das Finanças entre os dias 1 e 28 de fevereiro de 2026, gerar a nota de cobrança e efetuar o pagamento dentro do prazo. Convém não deixar para os últimos dias, já que serão milhões de contribuintes a fazê-lo em simultâneo.
Vai o IUC aumentar em 2026?
Apesar de o Orçamento do Estado para 2026 não prever alterações imediatas às tabelas do IUC, há más notícias para muitos automobilistas. Está em vigor uma lei aprovada anteriormente que determina o agravamento progressivo do IUC a partir de 2026, abrangendo agora veículos que até aqui estavam isentos — nomeadamente os automóveis com primeira matrícula anterior a julho de 2007, independentemente do país de origem.
Este agravamento resulta da introdução de penalizações baseadas nas emissões de partículas poluentes, como parte da estratégia ambiental e de transição energética do Governo.
Contudo, para suavizar o impacto, a lei prevê um regime de transição:
- Em 2026, será cobrado apenas 25% do valor do agravamento total;
- Em 2027, a percentagem subirá para 50%;
- Em 2028, atingirá 75%;
- E, finalmente, em 2029, o valor integral será aplicado (100%).
Além disso, a isenção total por emissões passa agora a abranger apenas veículos com matrícula anterior a 1981.
E os veículos elétricos e híbridos?
Os carros 100% elétricos continuarão isentos de IUC, enquanto os híbridos plug-in manterão uma redução de 75% sobre o valor total do imposto.
Esta decisão mantém o incentivo à mobilidade elétrica, considerada essencial para cumprir as metas de descarbonização e redução das emissões até 2030.
Prepare-se com antecedência
O novo modelo de pagamento anual do IUC representa uma mudança estrutural na forma como os portugueses cumprem esta obrigação fiscal.
Embora a medida tenha como objetivo uniformizar o calendário e simplificar os procedimentos, poderá gerar constrangimentos no primeiro ano de aplicação, sobretudo para quem já tenha pago o imposto em finais de 2025.
A recomendação das autoridades é clara: planear com antecedência, aderir ao débito direto e verificar com regularidade o Portal das Finanças.
Em fevereiro de 2026, todos os proprietários de veículos — sem exceção — estarão sujeitos à nova regra. E, para muitos, será o mês em que o IUC deixará definitivamente de ser apenas uma formalidade anual para se tornar uma verdadeira dor de cabeça fiscal.





