Descubra a história por trás dos 7 castelos da bandeira de Portugal. Conheça o papel vital que desempenharam na proteção e na formação do nosso país. A nossa bandeira é muito bonita, mas muito complexa, com diferentes elementos com significados interessantes, que todos os portugueses deveriam conhecer. Uma das características que chama a atenção na bandeira portuguesa é a presença de diversos castelos. No total, são sete.
Apesar do povo nacional ser muito ligado à sua história, muitos portugueses desconhecem o sentido da presença dessas fortalezas. Além disso, há várias teorias a gerarem confusão. Quer descobrir um pouco mais sobre a nossa bandeira?
Quais são os 7 Castelos da Bandeira de Portugal?
Existem teses distintas sobre a razão dos 7 castelos da bandeira portuguesa. Portanto, num contexto em que existem várias explicações, são mais as dúvidas do que as certezas sobre este assunto. No entanto, poderá ficar a conhecer algumas das teses mais credíveis sobre a temática em causa.
Tese 1
Tradicionalmente, os sete castelos da bandeira de Portugal são referentes às fortalezas de Estômbar, Paderne, Aljezur, Albufeira, Cacela, Sagres e Castro Marim. Estes elementos servem de referência aos castelos conquistados no reinado de D. Afonso III.
Eles são símbolo das vitórias portuguesas sobre os mouros, durante a conquista do Algarve. O monarca terminou a conquista das sete fortalezas inimigas em 1249.
Contudo, esta explicação não convence inteiramente, especialmente quando se tem em conta o facto do monarca não ter sete castelos na sua bandeira. O rei D. Afonso III apresentava um número de castelos distinto. Por vezes, há reconstruções que apresentam cerca de 16 castelos, tendo o número sido alterado em 1385 para 12 castelos. Já no ano de 1485, fixaram-se os 7 castelos.
Existe ainda outro argumento que contraria esta teoria. Os especialistas defendem que a conquista do Algarve não foi bem uma conquista. Na época, os sarracenos tinham uma aliança com Afonso X, o rei de Castela. Por isso, a conquista pelas armas teria de envolver o reino vizinho, necessariamente!
Tese 2
Será que a origem dos castelos na borda vermelha da bandeira de Portugal reside nos laços de Afonso III com Castela? Esta é outra tese, pois a mãe e a sua segunda mulher do monarca eram castelhanas. Os brasões consistiam num castelo dourado sobre campo vermelho.
D. Afonso III acabou por casar com Beatriz de Castela, em segundas núpcias, como estratégia para acabar com o conflito gerado pela conquista do Algarve. O monarca realizou essa ligação, apesar de na altura se encontrar casado com D. Matilde, Condessa de Bolonha. Embora tenha havido oposição do Papa ao casamento, porque o monarca já se encontrava casado, a união foi celebrada.
O casamento funcionou como uma aliança. Essa união que pôs termo à luta pelo Algarve gerou mais riqueza para Portugal. D. Beatriz recebeu uma região a Este do Guadiana, por morte do seu pai. Nesse património, incluíam-se Moura, Serpa, Noudar, Mourão e Niebla.
Os historiadores não estão certos sobre a verdadeira razão da presença de sete castelos na bandeira. Apenas se pode reconhecer que no reinado de Afonso III os castelos entraram nas armas portuguesas. Ora, esse facto por si só não invalida outras teorias. Há algumas de cariz mais popular que surgiram e se dispersaram…
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Tese 3
Alguns historiadores defendem que a bandeira de Portugal apresenta 7 castelos como referência aos castelos conquistados pelo primeiro rei do reino. Desta forma, argumentam que os reinos representam os castelos de Coimbra, Óbidos, Santarém, Lisboa, Palmela, Ourique e Évora, territórios que D. Afonso Henriques conquistou aos Mouros.
Contudo, durante o seu reinado, o monarca foi responsável pela conquista de mais que 7 castelos. Como já se teve a oportunidade de referir, a integração dos castelos na bandeira de Portugal apenas ocorreu mais tarde, no reinado de Afonso III.
Tese 4
Há uma lenda referente aos pontos brancos. Segundo se dizia, esses elementos da bandeira simbolizariam os 5 reis Mouros mortos por D. Afonso Henriques.
Portanto, trata-se de uma referência aos momentos históricos vividos em Sevilha, Badajoz, Elvas, Évora e Beja. Contudo, apesar de alguns especialistas referirem que esta explicação seja de origem bem posterior, a verdade é que a lenda instalou-se.
Os pontos terão sido incorporados na bandeira como demonstração da gratidão pelas vitórias ocorridas sob a forma de cruz cristã, que representavam em conjunto a vitória divina sobre os 5 reis inimigos. Cada exemplar carrega as cinco chagas de Cristo sob a forma de um besante de prata.
O conjunto de besantes será uma representação dos 30 dinheiros que Judas recebeu, após ter traído Cristo. Contudo, para se poder chegar a esse número, será necessário contar os besantes centrais duas vezes.
Existem evidências que contrariam estas lendas, pois sugerem que durante um longo período, após o reinado de D. Afonso Henriques, o número de besantes em cada escudo foi superior a cinco. Além disso, esta lenda surge registada pela primeira vez em 1419, numa crónica de Fernão Lopes.
Por isso, esta explicação é meramente um mito carregado de patriotismo. Segundo esta tese, o nosso país foi criado por vontade divina. Daí, Portugal ter estado sempre destinado a grandes feitos.
Conclusão
Infelizmente, não existe qualquer documento da época que seja conhecido atualmente onde o motivo da inclusão dos castelos na bandeira se encontre devidamente assinalado. Por isso, o que podemos avaliar são meras interpretações.
Há teses que referem que os castelos se explicam pela conquista de cidades, outros historiadores defendem que surgiram pela relação com Castela, havendo também quem os associe à conquista definitiva do Algarve, por D. Afonso III.
No entanto, nenhum historiador pode assegurar que os sete castelos que estão presentes no brasão de armas da bandeira nacional representam verdadeiramente o que por eles é defendido.
Assunto de “LANA CAPRINA”, com o devido respeito.