Num país onde o ensino superior continua a ser encarado como o caminho “obrigatório” para o sucesso profissional, há uma verdade que muitos ainda desconhecem: existem profissões altamente remuneradas que não exigem qualquer diploma universitário. Sim, leste bem. Em Portugal, há quem ganhe acima de 2000 euros por mês — e muitas vezes bem mais — com formação técnica, experiência prática e competências especializadas.
Estes profissionais raramente aparecem nas manchetes, não frequentam anfiteatros nem ostentam títulos académicos. Mas são eles que mantêm a indústria a funcionar, asseguram a climatização de edifícios, constroem estruturas complexas e reparam máquinas essenciais. E são também eles que, sem mediatismo, conquistam salários que muitos licenciados invejam.
Quanto se pode ganhar afinal?
Segundo dados do portal Human Resources, estas profissões técnicas garantem rendimentos anuais entre 25 mil e 60 mil euros, o que corresponde a salários mensais que ultrapassam os 2000 euros líquidos, sobretudo com experiência e certificações adicionais.
Profissões bem pagas sem diploma universitário
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Instalador de AVAC (Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado)
Um técnico de AVAC é muito mais do que alguém que “monta ar condicionados”. Este profissional é responsável pela instalação e manutenção de sistemas de climatização em edifícios comerciais, industriais e residenciais — num contexto cada vez mais focado na eficiência energética e sustentabilidade. Com a pressão das novas normas ambientais, este perfil técnico tornou-se um ativo estratégico para empresas.
Salário médio: 2000€ a 3000€/mês
Formação necessária: Curso profissional técnico ou certificações AVAC
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Tubista Industrial
É uma das profissões mais exigentes — e também das mais bem pagas — no universo técnico. O tubista trabalha em ambientes industriais como refinarias, centrais elétricas ou fábricas petroquímicas, onde instala e repara redes de tubagens de alta complexidade. A escassez de mão-de-obra qualificada eleva ainda mais o valor destes profissionais.
Salário médio: até 3500€/mês em grandes projetos
Formação necessária: Formação técnica, certificações e experiência prática
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Ferramenteiro
O nome pode parecer antiquado, mas o papel deste profissional é fundamental na indústria moderna. O ferramenteiro é o responsável por fabricar e manter os moldes utilizados em processos de produção como a injeção de plástico ou fundição metálica. É uma área altamente especializada, onde a perfeição milimétrica faz toda a diferença.
Salário médio: entre 2500€ e 5000€/mês
Formação necessária: Cursos técnicos industriais e experiência de bancada
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Técnico de Manutenção Industrial
Quando uma linha de produção para, são estes técnicos que a colocam a funcionar de novo. São responsáveis por diagnosticar, reparar e prevenir falhas em equipamentos industriais, assegurando que fábricas, armazéns e infraestruturas não perdem produtividade.
Salário médio: 2000€ a 2900€/mês
Formação necessária: Curso profissional ou técnico em manutenção industrial
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Mecânico Especializado
Não estamos a falar do típico mecânico de oficina. Estes profissionais atuam em áreas como automação, maquinaria pesada, indústria automóvel ou aeronáutica, onde a exigência técnica é elevadíssima e a margem para erro, nula.
Salário médio: entre 2200€ e 4000€/mês
Formação necessária: Cursos técnicos e certificações específicas do sector
O valor da qualificação prática
Estas carreiras demonstram, com clareza, que a formação prática e a experiência real no terreno são, cada vez mais, uma alternativa válida — e lucrativa — ao ensino superior tradicional. Muitas empresas valorizam mais a capacidade de execução, a autonomia e a certificação técnica do que um diploma académico sem prática associada.
Além disso, em muitos destes sectores, a procura de profissionais qualificados supera largamente a oferta, o que significa melhores condições salariais, benefícios adicionais e progressão rápida na carreira.
Um novo olhar sobre o futuro profissional
Em Portugal, estamos perante uma mudança de paradigma. A velha ideia de que “sem curso superior não há futuro” está a ser desmentida por números concretos, histórias reais e contas bancárias bem recheadas. Há um país inteiro que precisa de técnicos, operacionais e especialistas com mãos na massa — e está disposto a pagar (bem) por isso.
Se estás à procura de um percurso profissional sólido, bem remunerado e com elevado grau de empregabilidade, vale a pena olhar para estas profissões com outros olhos. Porque o sucesso, afinal, não se mede pelo canudo, mas pelas competências que colocas em prática todos os dias.
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