A língua portuguesa é frequentemente mal tratada. Existem palavras e expressões da língua portuguesa que são constantemente proferidas. No entanto, não o deveriam ser. Há erros que são frequentemente cometidos. Há expressões e palavras que não existem e que são repetidas diariamente.
Reunimos para si 7 palavras e expressões da língua portuguesa que seguramente já ouviu, mas que não deveria ouvir, pelo menos no sentido que muitos usam. É um problema quando um erro é constantemente repetido, pois é propagado e contamina assim os conhecimentos de um grupo mais alargado. Assim, marcam presença nos diálogos do nosso quotidiano. Estes termos surgem devido a confusões ou redundâncias, não devem ser usados, nem na expressão escrita, nem no discurso oral. Tome nota e não contribua para a perpetuação destes erros.
Palavras e expressões que não existem, mas todos usam
1 – Entre 10 a 20
Usar a expressão «entre 1 a 10» é um erro. Quando pretendemos indicar um determinado intervalo de números, podemos usar uma de duas formas:
Opção 1: dado valor fica «de 1 a 10».
Opção 2: dado valor fica «entre 1 e 10».
2 – Bilião
Este termo existe na língua portuguesa, mas desencadeia, regularmente, algumas confusões devido à língua inglesa.
1 billion em terras de Sua Majestade (e, também, no Brasil) equivale a mil milhões.
No Brasil, mil milhões é a unidade seguida de nove zeros (1000 000 000).
Em Portugal, um bilião equivale a 1 milhão de milhões. Um milhão de milhões é a unidade seguida de doze zeros (1 000 000 000 000). Portanto, há que ter em atenção o valor que realmente se deseja dizer.
3 – Solarengo
Solarengo é usado como sinónimo de soalheiro, mas o significado é bem distinto. Solarengo é adjetivo que qualifica algo relativo ou pertencente a solar; é um edifício de arquitetura requintada, grande e com aspeto de solar.
Logo, se quiser descrever um dia quente, de muito sol e luz natural, é o adjetivo soalheiro que deve usar.
4 – Norte-americano
É um erro comum usar o termo “norte-americano” para nos referirmos em exclusivo aos cidadãos dos Estados Unidos da América. Pois, apesar de os EUA estarem realmente localizados na América do Norte, também está presente nessa parte do mundo o Canadá. Logo, também estes são norte-americanos.
É um erro ainda mais grave usar o termo “americanos” para nos referirmos em exclusivo aos cidadãos dos Estados Unidos da América, pois americanos são também os da América do Sul e da América do Centro.
Comparação: É um erro falar em norte-americanos só para nos referirmos aos cidadãos dos EUA, como é um erro referirmos «europeus», quando queremos falar em exclusivo dos portugueses, por exemplo. Os portugueses são europeus, tal como são os espanhóis, os italianos, os franceses… É o mesmo tipo de erro.
É mais adequado identificar os naturais ou residentes nos EUA como estado-unidenses (no Brasil, é estadounidenses, sem hífen).
5 – Copo com água
Sim, é possível dizer copo com água. No entanto, também podemos pedir um copo de água, pois neste caso subentende-se que se está a pedir não um copo feito de água, mas um copo cheio de água.
Tal acontece também com outras expressões como chávena de chá ou maço de tabaco. Nestes casos, também se depreende que nem o maço é feito de tabaco, nem a chávena é feita de chá.
Portanto, da próxima vez que for à confeitaria, pode pedir uma garrafa ou um copo de água. Seguramente que todos vão entender o que pretende.
6 – Literalmente
Literalmente é um advérbio que é referente a algo que ocorreu de modo literal; no sentido literal da palavra ou da expressão. Dizer: «Ela gritou, literalmente, o dia todo.» significa que ela gritou, ininterruptamente, durante 24 horas.
Acontece que esta expressão é usada, frequentemente, de modo metafórico ou hiperbólico. Nomeadamente, quando dizemos, por exemplo, «Estou tão cansado que estou, literalmente, morto.» Ora, se estivesse literalmente morto, não poderia dizê-lo…
7 – Perca
Perca é um termo que é referente à 1ª e 3ª pessoas do singular do presente do conjuntivo do verbo perder e também à 3ª pessoa do singular do imperfeito do verbo perder.
Por exemplo, é correto dizer – “Espero que aquele clube perca nas competições europeias.” Mas é errado dizer «perca», enquanto substantivo, como em: “Aquela mulher teve uma perca de cabelo incrível.”
É que perca, usada como substantivo feminino, é referente a um género de peixes de água doce, tipo dos percídeos. Deve dizer-se: “Aquela mulher teve uma perda de cabelo incrível.”
Na América do Norte, além dos EUA e do Canadá também está o México.
Essa do literalmente é o erro que mais se ouve, a toda a hora, seja na televisão, na rádio ou na internet. Não compreendem o verdadeiro significado da palavra mas usam-na a torto e a direito.
Relativamente ao bilião, o sistema brasileiro é o que está correcto. Mil milhões (1 000 000 000) é o mesmo que 1 bilião. 1 000 000 000 000 significa 1 trilião – milhão, bilião, trilião, quatrilião…
Porquê? Já temos muitas brasileiradas. Enfim…