Algumas esquecidas e colocadas na gaveta, foram palavras tão familiares há alguns anos. Recue no tempo e lembre 23 palavras que os nossos avós usavam. Não é só uma questão de moda, algumas palavras da língua portuguesa simplesmente deixaram de ser usadas com o passar dos tempos, das décadas, e expressões comuns nos tempos dos nossos avós são agora totalmente desconhecidas pelas novas gerações.
Novas palavras vão surgindo com o tempo, assim como novos significados para palavras mais antigas. E palavras tão familiares há alguns anos foram colocadas na gaveta e esquecidas. Recorde, talvez com saudade, alguns destes termos tão peculiares e, quem sabe, assim eles se reavivem e retornem à nossa linguagem quotidiana. Aqui ficam alguns exemplos e os seus significados:
23 palavras que os nossos avós usavam
Vitrola
Aparelho antigo que reproduz discos de vinil.
Exemplo: No sótão estão guardadas todas as coisas do meu avô, incluindo uma vitrola.
Tabefe
Tapa, bofetada, sopapo.
Exemplo: Dei-lhe um tabefe para que ele nunca mais se esqueça de ser bem educado.
Sacripanta
Patife, velhaco, mau-carater, desprezível.
Exemplo: Aquela fulana é uma autêntica sacripanta.
Basbaque
Pessoa ingénua, palerma, simplório, parvo, tolo.
Exemplo: Aqueles dão mesmo a impressão de serem uns grandes basbaques!
Petiz
Criança, menino, garoto.
Exemplo: O meu sonho de petiz era ser bombeiro.
Quiproquó
Confusão, balbúrdia, desaguisado, mal-entendido, engano.
Exemplo: Esta semana tive um pequeno quiproquó com o presidente da junta.
Balela
Mentira, boato, conversa fiada.
Exemplo: Muito eleitores acreditam nas balelas de alguns políticos.
Supimpa
Excelente, muito bom, ótimo.
Exemplo: Os meus votos é que 2019 seja um ano supimpa!
Alpendre
Varanda coberta.
Exemplo: Do alpendre de minha casa ainda consigo ver o rio.
Janota
Pessoa que se veste com esmero, com elegância.
Exemplo: Aquele rapaz que ali vai é todo janota.
Gorar
Frustrar, não dar certo, debelar.
Exemplo: Todos os meus planos para o fim de semana saíram gorados.
Cacareco
Coisa velha, objeto usado, objeto sem valor.
Exemplo: Para tentar fazer algum dinheiro, vou levar os meus cacarecos todos para a feira.
Botica
No tempo dos nossos avós, era este o termo usado para designar uma farmácia. Mais recentemente, botica ou boutique é mais utilizado para nomear uma loja chique, que pode vender a retalho.
Brunir
Antigamente, era esta a expressão utilizada para nomear o ato de passar a ferro, mais especificamente de engomar com polimento, para tornar um dado tecido lustroso.
Garçon
O termo importado do francês era usado como sinónimo de jovem ou, também, de alguém que servisse às mesas num restaurante ou café. Era, por isso, costume dizer: “Por favor, garçon!”.
Jorna
Esta palavra corresponde a um dia de trabalho. Era, também, sinónimo do salário diário (diária, jornal). Uma das razões desta palavra ter caído em desuso é o facto de nos dias de hoje ser pouco frequente trabalhar/ganhar/ ao dia.
Ladroa
Este é um exemplo da evolução da linguagem. A versão feminina da palavra ladrão evoluiu e de ladroa passou a ladra.
Lambisgoia
Referia-se a uma mulher sem graça, convencida, pretensiosa, antipática e/ou intriguista; mexeriqueira. Embora ainda se ouça esta palavra, num nível de linguagem mais informal e popular, as gerações mais novas já não estão familiarizadas com este termo.
Patego
Para insultar alguém à boa moda antiga, pode chamar patego e, assim, estará a dizer que essa pessoa é um simplório, pacóvio, parolo ou lorpa.
Safanão
Termo antigo e popular que significa dar um empurrão ou puxão a alguém; sacudir alguém.
Sirigaita
Se, atualmente, sirigaita refere-se a uma mulher respondona ou pretensiosa, no passado, esta era uma grande ofensa dirigida a uma rapariga mal-educada e com atitudes constrangedoras.
Soer
Soer referia-se a algo que era habitual, frequente; um costume. Embora seja um termo usado muito raramente, é possível contactar com ele em escritos mais antigos.
Vosmecê
Esta expressão que é tão usada nos filmes históricos representa uma forma de tratamento informal que se dirige a pessoas que não são tratadas por tu. Vomecê, Vossa Mercê e Vossemecê são variações deste termo que, atualmente, evoluiu para a palavra você.
Atualmente, muitas destas palavras são ainda usadas no Brasil, com o sentido original das mesmas. É bem curioso, não?
Eu nasci e sempre vivi em Portugal, tenho 43 anos. Excepto 3 palavras (vitrola, gorar e soer), conheço todas as palavras restantes (20) e uso. Muitas delas são até de uso muito frequente nos dias de hoje.
Há -as que ainda se usam! Mas faltam ai algumas como por exemplo cote ex aquelas calças mete as ao cote ao uso normal ,pra môr de…..etc
Sou brasileiro e posso confirmar o que o Wagner comentou: várias dessas palavras são usadas por aqui. Pelo menos no Paraná, onde vivi até os 15 anos e em São Paulo, onde vivo desde então.
Mas eu as dividiria em alguns grupos:
– Palavras que todos conhecem, mas soam antigas (quase ninguém usa no dia a dia): vitrola, tabefe, quiproquó, supimpa, alpendre e safanão.
– Palavras que são usadas atualmente: balela, cacareco e garçon (quem serve à mesa, nunca com outro sentido).
– Há uma palavra que eu desconhecia: gorar. Eu achava que era somente uma forma errada de se dizer “agourar”, pois é assim a única forma que eu já vi alguém dizer “gorar”.
As demais eu já tinha ouvido ou lido, mas não sabia o significado, pois não são comuns por aqui.
Eu ainda uso o 90% dessas palavras 🙂
Os avós no Brasil, talvez. Apesar de algumas palavras comuns, a escrita e alguns termos são mais Brasileiros do que Portuguses. Mas como já ninguém percebe bem a diferença, é conteúdo (infelizmente, mais uma vez mau conteúdo do mau), não é!?…
Sou portuguesa. Conheço praticamente todos esses termos e uso quase todos exceção para 3 ou 4.
Os termos são genuinamente portugueses. Soer não se usa mas quem leu Camões sabe o significado
Algumas ainda se usam mas há outras. Por exemplo cote dizia-se de uma peça de roupa que era para meter ao uso pra môr de – com a finalidade de. …
Ia comentar o mesmo que o Cristiano. Sou do Nordeste do Brasil (Maranhão) e moro no Norte (Amazonas). Eu estava lendo e pensando: “Ué, conheço várias palavras aí”. Então, quando li “facto” na hora vi que era um texto de Portugal. Isso mostra como nossa língua é diversa e maravilhosa!
Sou portuguesa, conheço todas estas palavras e uso-as quase todas, algumas mesmo muito frequentemente: alpendre, serigaita, tabefe, petiz, janota… fazem parte do meu vocabulário no dia-a-dia.
Não uso: brunir, vitrola, ladroa (que é um erro se utilizado enquanto substantivo), soer.
Ótimo texto, parabéns. Ouvia meus pais e meus tios falarem muitas dessas palavras em minha infância no Rio de Janeiro. A única que não conheço é petiz que por aqui se fala guri, piá ou moleque a depender da região do Brasil.
Uso praticamente todas essas palavras com excepção de 3 ou 4. Soer não se usa mas qurm leu Camões por ex, conhece.
Conheço praticamente todos esses termos e uso quase todos exceção para 3 ou 4
Sou moçambicano, natural algures na Província de Nampula. Sou grande admirador de pessoas que se preocupam com as palavras e, quiçá, a fala. Parece -me que muitas palavras deixaram de se pronunciar como era por razões que se prendem com a pronúncia de cada zona. Nós, em Nampula, podes encontrar pessoas cuja pronúncia confunde o D e o T, idem B e P. No centro e com l, no sul o ditongo lhe com l,por aí adiante. Acredito que os nomes que temos, principalmente, aqui em África, resultam desse fenómeno. Exemplo, na África sob influência árabe, temos Issuf, Ossufo, Yussuf; Muhamad, Amade, Momade, etc. Locais: Mossuril, Mussoriri, Mussorize, etc.
Mas o que eu queria dizer é de que são me familiares as palavras *petiz, vocêmesse, jorna, garçon, alpendre e gorar* Em particular, estas duas últimas as uso com muita frequência.
Mas, ao situar-me, geograficamente, quis pedir aos académicos e/ou estudiosos, cujos trabalhos se versam sobre a língua, que tenham em conta os aspectos que apontei como sendo, eventualmente, causas do surgimento de novos fonemas.
Muito obrigado por este espaço.