Apesar de ser conhecida como árvore da forca, ela nunca foi usada para esse fim. Nunca ninguém foi enforcado nesta árvore. A Natureza é tão poderosa, quanto bela. Um dos seus elementos mais encantadores é a árvore. O percurso de uma árvore é fascinante, da pequena semente ao contínuo crescimento até se evidenciar como uma árvore vistosa e deslumbrante.
Existem algumas árvores que são reconhecidas pela sua beleza singular, outras pela sua incrível longevidade. No presente artigo, iremos centrar-nos na árvore mais injustiçada da cidade do Porto.
Apesar de ser conhecida como árvore da forca, ela nunca foi usada para esse fim. Nunca ninguém foi enforcado nesta árvore.
Porto: a Árvore da Forca onde nunca ninguém foi enforcado!
Localização
O Jardim de João Chagas encontra-se presente no Campo dos Mártires da Pátria. Trata-se de uma referência da cidade do Porto, em Portugal. Este jardim, conhecido popularmente como Jardim da Cordoaria, está situado próximo de locais de referência da cidade Invicta, tais como a Torre dos Clérigos, o Centro Português de Fotografia ou até o Hospital Geral de Santo António. É no Jardim de João Chagas que se encontra a árvore da forca.
Árvore da Forca
A árvore foi plantada em 1612. A árvore ficou velhinha, viveu durante séculos, mas morreu mais de trezentos anos após ter sido plantada. Ao longo desse tempo, conseguiu resistir a diversos problemas, nomeadamente os muitos temporais que caíram sobre a cidade do Porto. No passado, também surgiu um incêndio nas proximidades, do qual esta árvore saiu incólume. A árvore deu sombra a várias gerações. Quantos casais não aprofundaram o seu amor partilhando beijos sob a bênção desta árvore?
A calúnia
Esta árvore ficou conhecida pelos portuenses como a árvore da forca. No entanto, tratou-se de uma calúnia grave. A árvore apresentava ramos possantes. Seria neles que os diversos ladrões, bandidos e arruaceiros da cidade eram enforcados. O rumor foi lançado e a fama espalhou-se. Fazia parte fazer referência a esse “facto” sempre que se passava por lá.
A verdade
Os seus ramos fortes teriam contribuído para apressar a despedida dos criminosos. A árvore ficou conhecida por contribuir para o ceifar de vidas de pessoas maldosas, que não tinham grande apreço pelas leis ou pelos outros. No entanto, é falso que esta árvore tenha originado a morte de uma só pessoa. Tratou-se de uma mentira que ganhou proporções indevidas.
A “árvore da forca”
Apesar de nunca ninguém ter sido enforcado nesta árvore, a árvore ficou com a fama.
A primeira acusação realizada indica essa árvore como o local escolhido pelo juiz José de Mascarenhas para enforcar os revoltosos que tiveram a ousadia de protestar contra uma medida tomada pelo Marquês de Pombal. A revolta teria surgido com a proibição dos taberneiros da cidade Invicta venderem vinho a retalho. Ora, essa acusação é falsa.
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Factos
A revolta aconteceu de facto e os revoltosos foram realmente punidos. Eles morreram mesmo na Cordoaria. No entanto, não morreram nesta árvore. Foram criadas seis forcas de madeira que permitiram dar o fim desejado.
As forcas foram criadas propositadamente para esse efeito. Elas foram levantadas no Campo do Olival (o local era assim conhecido na época). Este local encontrava-se entre as entradas as ruas de Trás e de S. Bento da Vitória, no cimo da Rua dos Caldeireiros.
Outros enforcamentos
No ano de 1829, foram realizados novos enforcamentos. Foram políticos a serem enforcados. Nesse momento, doze liberais foram mortos por enforcamento. Mais tarde, eles viriam a ser considerados Mártires da Pátria.
Esta denominação acabou por ser concedida à antiga Cordoaria. Eles foram enforcados nos patíbulos (ou cadafalso, uma estrutura de madeira, utilizada para a execução em público, seja por enforcamento, degolação ou outra forma), levantados na antiga Praça Nova (conhecida atualmente por Praça de Liberdade) pelos carrascos.
O velho “ulmus” nunca participou em nenhum enforcamento, apesar de ser conhecido como a árvore da forca. No entanto, testemunhou alguns enforcamentos realizados no antigo campo do Olival.
Mais punições
No dia 02 de março de 1810, também foram mortos os cabecilhas dos tumultos realizados no dia da entrada dos franceses na cidade do Porto.
Segundo rezam as crónicas da época, eles foram acusados de matar várias pessoas, sob o falso pretexto de que se tratavam de amigos dos franceses, os chamados jacobinos. Eles foram castigados. Primeiro, foram arrastados pelas ruas da cidade e os seus corpos acabaram por ser lançados, mais tarde, às águas do Douro.
Em 1831, mais precisamente, foram realizados novos enforcamentos. Meia dúzia de facínoras foram acusados de assassinar uma família em Coimbra. Os protagonistas de cena de crime foram enforcados na Cordoaria.
No entanto, não foi usada a árvore. Algumas forcas foram erguidas com esse propósito. Elas encontravam-se presentes num espaço geográfico onde o lago foi construído anos mais tarde.