Quem nunca esteve de férias com amigos ou parceiro e reparou que, enquanto uma pessoa fica coberta de picadas de mosquito, outra parece escapar ilesa? Esta situação pode parecer injusta, mas há várias explicações para este fenómeno. Embora as picadas de mosquito, vermelhas e irritantes, já sejam bastante incómodas, há um fator mais alarmante: os mosquitos são transmissores de doenças graves. Na Europa, o risco de transmissão de patógenos perigosos por estes insetos tem vindo a aumentar, tornando a prevenção mais importante do que nunca.
Então, o que faz com que alguns de nós sejamos alvos preferidos dos mosquitos? Existem várias teorias e explicações científicas que ajudam a entender este mistério.
O que atrai os mosquitos? Os fatores-chave
Os mosquitos utilizam o seu olfato apurado para encontrar vítimas. Um dos maiores atrativos é o dióxido de carbono (CO2), o gás que todos exalamos durante a respiração. Segundo o Dr. Robert Jones, especialista em controlo de doenças da London School of Hygiene & Tropical Medicine, a quantidade de CO2 exalada por uma pessoa pode influenciar a probabilidade de ser picada. “A quantidade de picadas que um indivíduo recebe está frequentemente relacionada com a proporção da área de superfície ou do peso que esse indivíduo representa num grupo”, explica o Dr. Jones.
1 – Tamanho corporal e padrões de respiração
Pessoas maiores, como os homens, tendem a exalar mais CO2, o que as torna mais propensas a serem picadas do que as mulheres, por exemplo. Da mesma forma, mulheres grávidas exalam mais CO2 e calor corporal, o que as torna um alvo mais atrativo para os mosquitos. Da mesma forma, adultos são picados com mais frequência do que crianças, devido ao seu tamanho e maior produção de CO2. Além disso, as pessoas com respiração acelerada – como durante o exercício físico – exalam mais dióxido de carbono, tornando-se ainda mais suscetíveis às picadas.
2 – Aroma natural e microbiota da pele
Outro fator importante é o aroma natural de cada pessoa, que é determinado tanto pela genética quanto pela microbiota da pele (os microrganismos que vivem naturalmente na nossa pele). Alguns estudos sugerem que certos compostos voláteis que libertamos através da pele podem atrair mais mosquitos. “Fatores genéticos e o microbioma cutâneo afetam os compostos que o nosso corpo emite, o que influencia o cheiro que os mosquitos preferem”, diz o Dr. Jones. Isso significa que, dependendo de como o seu corpo produz certos compostos, pode atrair mais ou menos mosquitos.
3 – Escolha de roupa e cores
Embora o olfato seja o principal sentido dos mosquitos, a visão também desempenha um papel crucial. Cores como vermelho, preto, laranja e ciano tendem a atrair mais a atenção dos mosquitos, enquanto cores como verde, azul ou roxo são menos atrativas para estes insetos. Esta preferência visual ajuda os mosquitos a identificarem as suas presas no meio ambiente, especialmente em locais com vegetação densa.
4 – Tipo de sangue: facto ou mito?
Uma ideia bastante difundida é a de que as pessoas com tipo de sangue O são mais atraentes para os mosquitos. Contudo, os estudos científicos sobre esta questão são inconclusivos. O Dr. Jones refere que “não existem evidências fortes de que o tipo de sangue influencie a atração dos mosquitos”. Fatores como o aroma corporal e o CO2 parecem ser muito mais relevantes na determinação de quem será picado.
5 – Alimentação: influência ou mito?
Também circulam muitos mitos sobre a influência de certos alimentos e bebidas na atração dos mosquitos. Há quem acredite que comer alho pode ajudar a camuflar o odor corporal e repelir mosquitos, enquanto alimentos salgados ou doces teriam o efeito contrário. Além disso, o consumo de álcool, especialmente cerveja, foi associado a um aumento das picadas em alguns estudos, como um que analisou 14 participantes. No entanto, as provas científicas sobre a influência da dieta são limitadas e, até agora, inconclusivas.
Prevenção: como reduzir o risco de picadas
Dado que não podemos controlar o CO2 que exalamos ou a nossa genética, como podemos reduzir o risco de sermos picados por mosquitos? Felizmente, existem métodos comprovados para minimizar as picadas.
O Dr. Jones recomenda o uso de repelentes de insetos clinicamente testados como a forma mais eficaz de evitar as picadas. Compostos como o DEET ou a Icaridina são altamente eficazes e seguros para uso tanto em adultos quanto em crianças. Estes produtos atuam como uma barreira química, afastando os mosquitos e reduzindo o risco de picadas.
Outras medidas de prevenção
Para além dos repelentes, existem outras medidas que pode adotar para se proteger dos mosquitos:
- Usar roupas de mangas compridas e calças para cobrir a pele exposta.
- Aplicar repelente de insetos nas partes do corpo não cobertas pela roupa.
- Manter janelas e portas fechadas ou instalar redes mosquiteiras nas áreas de maior risco.
- Dormir sob uma rede mosquiteira, especialmente em áreas tropicais ou subtropicais onde o risco de doenças transmitidas por mosquitos é maior.
- Evitar o exterior durante os períodos de maior atividade dos mosquitos, como ao amanhecer e ao entardecer.
O risco de doenças transmitidas por mosquitos na europa
Embora as picadas de mosquito sejam, na maioria das vezes, apenas incómodas, o risco de doenças transmitidas por mosquitos está a crescer na Europa, devido às alterações climáticas e ao aumento das viagens internacionais. Patógenos como o vírus do Nilo Ocidental e a dengue estão a expandir-se para áreas onde, anteriormente, não existiam. Como tal, a prevenção torna-se cada vez mais crucial, não só para evitar as picadas, mas também para reduzir o risco de contrair doenças graves.
Conclusão
Os mosquitos não escolhem as suas vítimas ao acaso. Fatores como o tamanho corporal, aroma natural, roupas e até níveis de atividade física influenciam quem será mais picado. Embora não possamos alterar muitos destes fatores, podemos adotar medidas preventivas para minimizar o risco de picadas e proteger-nos das doenças que estes insetos podem transmitir.
Nas suas próximas férias ou aventuras ao ar livre, lembre-se de usar repelentes, vestir-se adequadamente e evitar estar ao ar livre durante os períodos de maior atividade dos mosquitos. Assim, poderá desfrutar do seu tempo com mais tranquilidade, sem ter de se preocupar com as picadas irritantes e os potenciais perigos associados.