Embora ainda não existam provas concretas da existência de vida extraterrestre, os cientistas da NASA continuam a explorar os segredos do cosmos na busca incessante por respostas. Entre as muitas questões que desafiam a mente humana, uma das mais fascinantes é: Estamos sozinhos no Universo? Embora a resposta a esta questão ainda seja um mistério, uma equipa de investigadores do Goddard Space Flight Center da NASA está a desenvolver novas abordagens para tentar descobrir sinais de vida alienígena inteligente, através do uso de telescópios de última geração.
Liderados pelo cientista Ravi Kopparapu, estes investigadores estão a examinar como futuras tecnologias poderão ser capazes de detetar sinais subtis de civilizações avançadas que recolhem energia, tal como fazemos na Terra com painéis solares. Kopparapu sugere que, mesmo que exista vida extraterrestre inteligente, essa vida pode não ser facilmente detetável através dos instrumentos de observação que temos atualmente. Isto porque é possível que estas civilizações já tenham atingido um nível de desenvolvimento sustentável em termos de população e consumo de energia, o que as torna mais difíceis de localizar.
Citado pelo website Gizmodo, Kopparapu explica que estas civilizações avançadas podem não sentir necessidade de expandir-se para outras galáxias, devido à sustentabilidade energética que já terão alcançado nos seus próprios sistemas solares.
Em vez de se expandirem agressivamente pelo cosmos, como muitas vezes se especula em teorias de ficção científica, elas poderiam focar-se em maximizar os recursos disponíveis no seu próprio ambiente. “Podem expandir-se no seu próprio sistema solar, ou talvez para sistemas vizinhos, mas civilizações que se espalham por várias galáxias podem não existir”, afirma o cientista.
No seu mais recente estudo, publicado na revista científica Astrophysical Journal, a equipa de Kopparapu analisou a possibilidade de detetar painéis solares feitos de silício, um material comum e amplamente utilizado, em planetas fora do nosso sistema solar, conhecidos como exoplanetas. A premissa da investigação é intrigante: se uma civilização alienígena está a utilizar painéis solares para captar energia do seu Sol, poderíamos potencialmente detetar esses painéis através de telescópios de alta tecnologia.
O potencial do Habitable Worlds Observatory
O estudo também foca o potencial do Habitable Worlds Observatory, um telescópio de próxima geração que está em fase de desenvolvimento e cuja missão será observar exoplanetas e procurar sinais de vida em galáxias próximas.
Este observatório, que deverá começar a ser construído em 2029, será uma ferramenta revolucionária na busca por planetas semelhantes à Terra. Através deste telescópio, os cientistas esperam ser capazes de identificar sinais de painéis solares em exoplanetas que orbitam estrelas na nossa Via Láctea.
A equipa modelou um exoplaneta com características muito parecidas às da Terra, mas com uma percentagem significativa da sua superfície coberta por painéis solares. Num cenário em que 23% da superfície do planeta estivesse coberta por painéis solares, o Habitable Worlds Observatory precisaria de centenas de horas de observação para detetar sinais de vida alienígena. Este número impressiona, mas também sublinha as limitações atuais: a observação requer um esforço monumental e resultados garantidos estão longe de ser uma certeza.
No entanto, os investigadores são cautelosos nas suas previsões. Mesmo aqui na Terra, cobrir uma área considerável com painéis solares para atender às necessidades de uma população de 30 mil milhões de pessoas exigiria apenas 9% da superfície. Ou seja, esperar que um planeta alienígena tenha 23% da sua superfície coberta com painéis solares é extremamente otimista, senão irrealista.
Energia e civilizações alienígenas
Além disso, o co-autor do estudo, Vincent Kofman, salienta que uma sociedade suficientemente avançada para construir estruturas gigantescas no espaço provavelmente já teria desenvolvido fontes de energia mais eficientes do que os painéis solares, como a fusão nuclear. Esta é uma das muitas razões pelas quais detetar sinais de civilizações extraterrestres pode ser mais difícil do que parece à primeira vista. Tecnologias mais avançadas, como a fusão nuclear, produziriam muito mais energia com muito menos espaço necessário para as infraestruturas.
Este cenário hipotético levanta mais uma questão interessante: Como é que as civilizações avançadas geram energia? Se os alienígenas já dominam tecnologias como a fusão nuclear ou outras formas de energia que ainda nem sequer conseguimos conceber, será que estaríamos a procurar nos lugares certos? E será que as civilizações que recorrem a métodos sustentáveis e eficientes deixariam rastos de energia detetáveis a anos-luz de distância?
A exploração espacial e a procura por sinais de vida extraterrestre inteligente são áreas que continuam a fascinar e a desafiar os cientistas. Embora a deteção de vida além da Terra continue a ser um objetivo evasivo, cada avanço tecnológico traz-nos mais perto de responder a uma das maiores perguntas da humanidade. O futuro da astronomia e da astrobiologia pode, eventualmente, fornecer-nos as ferramentas necessárias para entender se estamos realmente sozinhos no vasto universo, ou se, em algum lugar distante, existe uma civilização que, tal como nós, olha para as estrelas em busca de companhia.