Uma lista de plantas perigosas, revelando os seus efeitos nocivos e os cuidados necessários para evitar problemas.
As plantas perigosas são todas as que produzem compostos químicos e/ou tóxicos, que podem causar efeitos adversos nos seres humanos ou até mesmo nos animais. Deve ter em conta também o grau de toxidade, que pode depender de vários fatores, como a quantidade ingerida ou de qual parte da planta foi ingerida, se semente, folha ou caule.
Em muitos países, a maioria dos componentes destas plantas perigosas são estudados e usados na medicina tradicional e na fitoterapia (técnica que estuda as funções terapêuticas das plantas e vegetais para prevenção e tratamento de doenças).
Apesar destes estudos, os casos de intoxicações graves provocadas por plantas perigosas tem crescido, quer seja por desconhecimento, quer por intoxicação acidental. Contudo, tem recentemente havido um número preocupante de pessoas que deliberadamente quer usar estas propriedades das plantas e acabam por adoecer ou em alguns casos mesmo morrer.
A American Association of Poison Control Centers (AAPCC, numa tradução livre, Associação Americana de Centros de Controlo de Venenos), num relatório de 2020, espelha essa tendência. Repare que entre os adultos as intoxicações por tratamentos caseiros homeopáticos ou não aprovados está entre as 5 maiores causas de intoxicação. Acredita-se que uma das causas para estes números se encontra na dispersão de informação errada sobre o uso das “medicinal” plantas.
Tocar ou ingerir estas plantas perigosas pode, em alguns casos, ser fatal. Neste artigo, vamos dar-lhe a conhecer 5 espécies de plantas perigosas que podemos encontrar nos parques, nos jardins portugueses ou até mesmo em espaços onde são vendidas.
Plantas perigosas que não deve ter em casa ou no jardim
Plantas perigosas – Dedaleira (Digitalis purpúrea)
A dedaleira, designada por este termo devido ao formato das suas flores, que lembram dedais, é uma planta bienal e lenhosa, da família das Plantaginaceae. As flores podem ser de cor branca, amarela, vermelha ou púrpura.
Contudo, entre as plantas perigosas encontradas em Portugal, esta é a mais comum. Podemos encontrar esta planta naturalmente nos campos e caminhos rurais, mas ela também é cultivada como planta ornamental nos jardins lusitanos.
Esta planta era tradicionalmente usada para o tratamento de úlceras, queimaduras, dores de cabeça e paralisia. Porém, após os trabalhos de William Withering em 1785 e John Ferriar em 1799, ela passou a ser utilizada como um medicamento cardíaco, no tratamento da insuficiência cardíaca e em arritmias cardíacas.
Em doses homeopáticas, ela tem sido utilizada no controlo da ansiedade. No entanto, é uma planta tóxica e a dose terapêutica está muito próxima da dose que provoca toxidade. Por isso, é cada vez menos utilizada como agente fitoterapêutico.
A intoxicação pode acontecer devido à ingestão de folhas, de flores ou de sementes da planta. Os sintomas que esta planta provoca são o ardor na boca e garganta, náuseas, tonturas, vómitos, dificuldade e perturbações na visão.
Em casos mais graves, provocam uma paragem cardiorrespiratória. Se suspeitar de uma intoxicação por esta planta, desloque-se de imediato a um hospital para averiguar a sua situação clínica.
Plantas perigosas – Cicuta (Conium maculatum)
Cicuta (também chamada abioto, ansarinha-malhada, cicuta-terrestre ou cicuta-de-Atenas, dependendo dos lugares em Portugal) é um género de plantas apiáceas que compreende quatro espécies muito venenosas.
Em Portugal, pode ser encontrada nas sebes, margens dos rios, matagais, caminhos rurais, etc. Está basicamente espalhada por quase todo o país, merecendo toda a nossa atenção, porque foi classificada como “espécie com veneno potencialmente letal”.
Cicuta, da família das Apiáceas, é uma planta herbácea, caraterizada pelos caules cilíndricos, frequentemente manchados de vermelho, sobretudo na parte inferior, com pequenas flores brancas e circulares, que podem atingir entre um e dois metros de altura. É uma planta fétida venenosa, que cresce natural e espontaneamente em locais húmidos.
Todos os componentes desta planta são venenosos, porque contêm cicuta, que provoca náuseas, vómitos, ardor na boca, dores de garganta, diarreias, paralisia progressiva dos músculos e do tórax, dificultando as vias respiratórias, podendo até causar uma paragem cardiorrespiratória. Se suspeitar de uma intoxicação causada por esta planta, desloque-se urgentemente a um hospital.
Plantas perigosas – Ervilha-do-rosário (Abrus precatorius)
A ervilha-do-rosário é originária da Índia, da Ásia e África tropical. Contudo, atualmente, pode ser facilmente encontrada nas regiões tropicais e subtropicais, e cresce perto dos troncos das árvores e em baixa altitude.
É preciso ter cuidado com a ervilha-do-rosário, uma espécie do género botânico Abrus precatorius, pertencente à família Fabaceae. No entanto, não é a própria planta que é nociva, mas sim as suas sementes, matéria-prima, usada tradicionalmente para criar colares, instrumentos de percussão, rosários, entre outros.
Em termos de homeopatia e em fitoterapia, são usadas para o tratamento de doenças cutâneas e oftalmológicas.
Esta planta pode atingir os 60 cm de altura. As flores são de cor violeta, juntas em cachos, de onde depois nascem as vagens. Dentro destas, as sementes de cor vermelha com uma mancha preta na base que podem conter entre três a cinco frutos, com dimensões semelhantes a ervilhas.
Em Portugal, podemos encontrar estas sementes em feiras de comércio artesanal ou até mesmo “online”. Se comprar estas sementes para fazer adornos artesanais, tem de ser extremamente cuidadoso ao manuseá-las e impedir que estejam ao alcance de crianças.
As sementes desta planta contêm na sua composição uma substância muito tóxica chamada ácido ábrico, que normalmente ataca o sistema digestivo, causando gastroenterites graves, mas as manifestações da intoxicação dependem da quantidade de toxina ingerida e do método de exposição à toxina.
Os sintomas de intoxicação podem fazer-se notar apenas alguns dias após a ingestão das sementes, causando náuseas, ardor na boca e no esófago, gastroenterites, hemorragia digestiva, diarreia, dores abdominais e até alucinações.
A grande maioria dos casos de intoxicação, causados por estas sementes, ocorrem involuntariamente e em grande percentagem em crianças.
Plantas perigosas – Trombeta-dos-anjos (Brugmansia arbórea) e Erva-do diabo (Datura stramonium)
Trombeta-dos-anjos, também conhecida popularmente como Saia-da-velha, é uma planta nativa da América do Sul. São plantas perenes (designação botânica dada às espécies vegetais cujo ciclo de vida é longo), arbustos ou árvores de pequeno/médio porte, membro da família das Solenáceas.
Em Portugal, são plantadas por motivos meramente ornamentais, conhecida pelas flores grandes e tubulares, de cores brancas, rosadas ou amarelas. Durante a noite, estas flores libertam um perfume agradável e intenso, mas que nas pessoas mais sensíveis pode provocar irritações na pele, náuseas e dores de cabeça.
A erva-do-diabo também pertence à família das Solenáceas. Além de ser uma planta perigosa, é também uma planta classificada como invasora.
Em Portugal, esta planta tem vários nomes sugestivos como a já referida erva-do-diabo, mas também é conhecida e designada como erva-das-bruxas, erva-dos-mágicos, castanheiro-do-diabo, figueira-brava, entre outros.
São plantas herbáceas e rasteiras, caraterizadas por flores tubulares, frequentemente brancas, e por frutos envolvidos por cápsula espinhosa.
Não se deixe enganar pela beleza destas plantas, pois ambas são extremamente tóxicas. Deve-se ser bastante prudente e ter especial atenção com as crianças e até com os animais de estimação.
Uma vez que é extremamente tóxica, tanto as folhas como as sementes contêm alcaloides tropânicos farmacologicamente ativos como a hiosciamina, a atropina, a escopolamina e outros derivados do tropano, mas também álcool etílico, ácido láctico, apenas referindo alguns dos seus componentes.
Como curiosidade, no passado, os “xamãs” do continente sul-americano usavam estas plantas em rituais sagrados, relacionando-as com o poder de adivinhação.
A grande maioria dos casos de intoxicação, causadas por esta planta, ocorrem involuntariamente e em grande percentagem em crianças ou nos animais domésticos. Também existem intoxicações ocorridas acidentalmente durante, por exemplo, a poda ou em contacto com a seiva.
Em caso de intoxicação, alguns dos sintomas são as alucinações visuais ou auditivas, náuseas e vómitos, taquicardia, depressão cardiorrespiratória e, nos casos mais graves, pode ter mesmo as piores consequências e levar uma pessoa à morte.
Nota – Durante o nosso artigo, referiram-se as propriedades medicinais e terapêuticas destas plantas. Qualquer uso medicinal ou terapêutico das plantas deve ser acompanhado por um especialista credenciado.
Importante
Em caso de dúvida ou se suspeita de algum tipo de intoxicação derivado do contacto ou da ingestão destas plantas perigosas, contacte de imediato o Centro de Informação Antivenenos (CIAV) do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).
Disponível por meio de uma linha telefónica exclusiva e gratuita 800 250 250, que funciona ao longo de 24 horas, 7 dias por semana, sendo o serviço assegurado por pessoal médico especializado.