Ativistas ambientais atacam obra de Picasso no Museu de Arte Contemporânea – Centro Cultural de Belém em Lisboa. Na passada sexta-feira, dois ativistas ambientais do grupo Climáximo causaram alvoroço no Museu de Arte Contemporânea – Centro Cultural de Belém (MAC/CCB), em Lisboa. Eles atiraram tinta vermelha sobre uma obra-prima de Pablo Picasso, a “Femme dans un fauteuil (métamorphose)” (1929), sem causar danos permanentes, segundo informações da administração do museu.
Protesto de Ativistas Ambientais no Centro Cultural de Belém em Lisboa afeta obra de Picasso
Os Detalhes do Protesto
A ação ocorreu por volta das 12:00, quando dois jovens do grupo ambientalista invadiram a sala de exposição e derramaram tinta vermelha sobre a pintura de Picasso, parte da Coleção Berardo na exposição permanente do CCB. A obra, no entanto, não sofreu danos significativos porque estava protegida com uma camada de acrílico. Delfim Sardo, vogal do conselho de administração do CCB, assegurou que os danos se limitaram à tinta derramada sobre a proteção da pintura.
Os ativistas, num comunicado, invocaram uma passagem histórica: quando soldados alemães confrontaram Picasso durante a Segunda Guerra Mundial sobre a sua obra “Guernica,” ele respondeu que não a tinha criado, mas que eles eram os verdadeiros responsáveis por aquela tragédia. Os ativistas relacionaram essa história à crise climática, culpando instituições, governos e empresas por não tomarem medidas suficientes contra o colapso ambiental.
Resposta das Autoridades e Próximos Passos
A Polícia de Segurança Pública (PSP) deteve os jovens ativistas, que permaneceram calmos na sala até a chegada das autoridades. O CCB planeia apresentar uma queixa sobre a ação ao património artístico, apontando esta como a primeira ação ativista ambiental deste tipo em Portugal.
Quando questionado se o CCB irá reforçar a segurança do museu após o incidente, Delfim Sardo mencionou que será realizada uma reunião para avaliar a necessidade de medidas adicionais. No entanto, expressou confiança de que as medidas existentes, para já, são suficientes. Quanto à obra de Picasso, ela será limpa e regressará ao seu local na exposição permanente do museu.
O grupo Climáximo expressou a sua preocupação com a aparente “falsa sensação de paz” em relação à crise climática e apontou os governos e as empresas de petróleo como os principais responsáveis pela inação. Eles pediram a interrupção dos planos de novos aeroportos e expansões de gás em Portugal, bem como o fim de projetos relacionados com a GALP no sul global, defendendo uma transição energética justa custeada por aqueles que causaram a crise climática.
Maior Contexto das Ações Ativistas
Essa ação em Portugal segue uma série de incidentes semelhantes realizados por grupos ativistas pelo clima em museus e monumentos em toda a Europa, incluindo a colocação de cola na pintura “O Grito” de Edvard Munch, no Museu Nacional de Oslo, e o derramamento de tinta preta na histórica fonte de Barcaccia do século XVII em Roma, entre outros.
Estas ações têm levado museus nacionais, públicos e privados, a reforçar as suas medidas de segurança para proteger as suas coleções de arte. Esta mais recente ação em Lisboa é apenas um exemplo das táticas em constante evolução dos ativistas ambientais que buscam chamar a atenção para a urgência da crise climática.
Nos últimos meses, o grupo ativista Última Geração tem desencadeado uma série de ataques a obras de arte e monumentos históricos em toda a Itália, deixando uma marca perturbadora em alguns dos tesouros culturais do país. Um dos incidentes mais notórios envolveu o derramamento de tinta preta na histórica Fonte de Barcaccia, do século XVII, localizada na Escadaria Espanhola de Roma, um dos ícones da cidade. Além disso, eles vandalizaram a fachada do prestigiado Teatro La Scala de Milão, lançando tinta branca sobre a sua arquitetura imponente.
A audácia do grupo ativista atingiu outro patamar quando dois dos seus membros foram levados a tribunal no Vaticano. Eles estão a ser julgados por terem danificado a base da escultura “Laocoonte e seus Filhos”, uma obra-prima descoberta durante escavações em Roma no ano de 1506. O vandalismo ocorreu durante um protesto, quando os ativistas usaram cola para causar danos à valiosa peça histórica.
Além dos ataques a obras de arte, os ativistas ambientais também têm tido como alvos figuras públicas e infraestruturas na sua luta pela consciencialização sobre a crise climática. Recentemente, durante uma entrevista, membros do grupo atiraram tinta verde no ministro do Ambiente, destacando a sua insatisfação com a inação do governo em relação às questões ambientais.
Além disso, o grupo realizou ações drásticas em locais emblemáticos de Lisboa. Eles lançaram tinta vermelha na fachada da FIL, um centro de eventos importante, e partiram vidros na sede da REN. Além disso, interromperam o tráfego cortando a Segunda Circular e outras estradas na cidade. Na quinta-feira, surpreendentemente, eles até taparam os buracos de um campo de golfe como parte do seu protesto, chamando a atenção para a necessidade de repensar o desenvolvimento em espaços verdes.
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Conclusão
Estas ações, embora controversas, têm conseguido atrair a atenção do público e dos media para as questões urgentes relacionadas ao meio ambiente. No entanto, muitos questionam a eficácia desses métodos extremos, enquanto outros os veem como um sinal claro da frustração crescente em relação à inação governamental diante da crise climática.
O debate sobre a abordagem certa para sensibilizar sobre as questões ambientais continua, enquanto o grupo Última Geração continua a sua campanha em busca de mudanças significativas.