Descubra a incrível história dos corajosos pescadores de Olhão e do Batalhão Académico que desafiaram e derrotaram as tropas de Napoleão!
No ano de 1807, em agosto, Napoleão Bonaparte apresentava-se num cenário de pleno poder. Na época, ele fez o seguinte ultimato a Dom João, príncipe regente: “Portugal deve declarar obediência cega à França e guerra à Inglaterra!”
Contudo, o nosso país respondeu de forma surpreendente ao ultimato, dizendo não, contrariando os desejos do todo-poderoso Napoleão Bonaparte. Essa atitude deixou as monarquias da Europa chocadas.
Na época, mais de 15.000 pessoas abandonaram o território português para se refugiarem no Brasil. Entre esses estavam a corte, juízes e grandes comerciantes.
Quando os pescadores de Olhão e o Batalhão Académico vergaram as tropas de Napoleão
A invasão
Ora, Napoleão decidiu instalar-se em Portugal. Inicialmente, quase que não encontrou resistência. Por isso, facilmente ocupou a maioria das praças nacionais. Os portugueses sentiam que tinham sido abandonados pelo seu soberano. Além disso, estavam a ser reprimidos pelo exército ocupante.
6 de junho de 1808
Nesta data, a cidade do Porto saiu à rua. Os portuenses estavam inspirados pelos levantamentos populares que ocorreram em Madrid. Este momento representou o primeiro sinal da vontade de resistir do povo português.
Os portuenses ousaram hastear a bandeira de Portugal e aclamar o príncipe D. João, apesar do sentimento de abandono. Posteriormente, em vários locais do norte de Portugal ocorrem movimentos populares de insurreição que, mesmo que tímidos, foram crescendo em força.
Contágio
A vários quilómetros do Porto, os pescadores de Olhão, inspirados pelas recentes notícias que vinham do Norte, passaram a hastear nas suas embarcações a bandeira nacional, como sinal do seu patriotismo.
A revolta do coronel
No dia 16 de junho, José Lopes de Sousa, um coronel português, inspirado por estes acontecimentos no lugar de Olhão, decidiu interromper a missa do corpo de Deus. O coronel não só ousa rasgar as ordens francesas publicamente, como incita à revolta aos gritos, perante o povo, exultando os pescadores a revoltarem-se. O povo local, em êxtase, respondeu afirmativamente, elegendo o coronel José Lopes de Sousa como seu chefe.
Oposição
Ora, pela primeira vez desde que tinha ocorrido a ocupação francesa, o temível invasor sentiu uma forte oposição. Assim, iniciaram-se combates corpo a corpo entre os franceses e o povo português, pela mão dos pescadores algarvios.
7 de julho
Nesse dia, numa nova prova de coragem, alguns pescadores de Olhão atravessaram o Atlântico, após embarcarem num pequeno Caíque à vela, que geralmente é usado para pequenas viagens perto da costa.
Esta jornada visava dar a notícia a Dom João que o seu povo combatia de forma brava por ele, em Portugal, na esperança de que o príncipe regente pudesse voltar ao reino.
Reconhecimento
A importância desta insurreição foi reconhecida por D. João mais tarde, tendo sido defendido que “a revolta de Olhão foi o primeiro sinal para se restaurar a Monarquia”. Como forma de reconhecimento deste papel, elevou o lugar a Vila, nomeando-a de Vila de Olhão da Restauração.
Coimbra
Paralelamente, o mais simbólico dos movimentos de resistência portuguesa ocorre nesta cidade, com o Batalhão Académico de Coimbra. A 1ª missão do batalhão é definida no dia 25 de julho e consistiu em capturar o forte de Santa Catarina na Figueira da Foz.
A missão em causa contou com 40 voluntários. Entre eles encontravam-se 25 estudantes da Universidade de Coimbra, devidamente fardados de capa e batina.
A liderança da operação
Bernardo Zagalo, então estudante de matemática, foi nomeado sargento de artilharia no momento. António Caiola, que também era estudante, foi nomeado sargento de infantaria.
Ficou assim definido que seriam estes homens a comandar as duas primeiras unidades do batalhão.
Apelar à revolta
Por onde o Batalhão passava enquanto descia o Mondego, por todas as aldeias e vilas, havia berros de incentivo para a população se revoltar, apelando à honra e ao patriotismo.
Quando o pequeno Batalhão saiu de Coimbra e iniciou a operação, contava com apenas 40 elementos. No entanto, quando chegou à Figueira da Foz, contava já com 3000!
Sucesso
A primeira missão do Batalhão foi bem-sucedida. Regressaram triunfais à cidade de Coimbra. No entanto, por lá, já se tinha instalado um clima de medo. A notícia que então circulava era de que o exército do general Loison se dirigia para Coimbra para suprimir a revolta.
Ora, Loison não era um homem qualquer. Tratava-se do Maneta, o mais cruel dos generais de França, muito temido pelos seus inimigos. A expressão portuguesa “ir para o Maneta” deve-se a este homem e significa ir ao encontro da morte, literalmente.
Organização
Manuel Trigoso, então vice-reitor da Universidade de Coimbra, coordenava as operações de defesa da cidade. Os estudantes e padres estavam organizados em pequenas milícias, para diferentes funções, nomeadamente realizar emboscadas e fazer combates corpo a corpo.
O Batalhão Académico de Coimbra
O laboratório Chimico que se encontrava na Universidade de Coimbra foi transformado numa fábrica de pólvora, provisoriamente. O reputado professor de Química, Doutor Tomé Rodrigues, passou ser apelidado de “mestre da pólvora”, em Coimbra. Já o fabrico das balas ficou ao cargo de José Bonifácio Silva, especialista em metalurgia.
O Batalhão Académico de Coimbra ficou formalmente instituído desta forma, cabendo o seu comando ao professor de cálculo da Universidade da época, Tristão Teixeira.
Vestimenta
Então, a capa e batina dos estudantes seria substituída por um uniforme próprio, preto (completamente) como os estudantes, destacando-se ainda uma chapa metálica presente no ombro direito.
Nessa chapa, continha a informação: “Voluntário Académico”. Além disso, outro destaque ia para a presença de uma fita amarela. Nela podia ler-se a frase: “Vencer ou Morrer por Dom João”.
O confronto
Após se aperceber que o Maneta não tinha planeado vir no imediato para a cidade de Coimbra por já se encontrar a combater com outras milícias revoltosas, Tristão Teixeira decide-se pelo combate aberto com o invasor.
Desta forma, o Batalhão Académico de Coimbra pretendia libertar as povoações vizinhas. Com esta estratégia, o batalhão consegue libertar nas semanas seguintes diversas milícias que se tinham revoltado, nomeadamente: Condeixa, Pombal, Leiria e os fortes de Nazaré, São Martinho e São Gião.
Importância
Ora, com esta decisão estratégia, o Batalhão Académico provara que podia ser um instrumento de guerra bastante eficaz. Foi muito mais do que um ato isolado com ímpeto patriótico. O Batalhão conseguiu ajudar efetivamente Portugal a virar o rumo da Guerra Peninsular.
A 1 de agosto
Nesta data, chega a Portugal Arthur Wellesley. Este homem era visto como um dos militares mais brilhantes do século XIX. Posteriormente, Arthur Wellesley seria duque de Wellington e primeiro-ministro inglês. A chegada deste homem ajudou a traçar o destino da guerra.
15 de setembro
Nesta data, a bandeira portuguesa voltou a estar hasteada no mastro mais elevado do Castelo de São Jorge, em Lisboa. Foi desta forma que a 1ª invasão de Napoleão a Portugal terminou.
Outras invasões
Na 2ª e 3ª invasões de Napoleão a Portugal, o Batalhão Académico manteve-se como um instrumento de defesa ativo, tendo ocupado um lugar de preponderância no imaginário do povo português.
Todos os heróis
Os pescadores de Olhão foram heróis. Os estudantes de Coimbra também deram provas de coragem, mas neste contexto de invasões constantes, não são apenas eles a merecerem ser recordados.
Muitas foram as milícias improvisadas formadas para defender o nosso país. Neste tempo delicado, muitos foram os heróis do povo!
Fuga
Num contexto em que a “a elite” de governantes, corte e grandes comerciantes estava a fugir para o Brasil, Portugal manteve-se como um país independente graças à coragem da população.
A sua bravura fez a diferença. O povo português superou as adversidades, enfrentando um dos exércitos mais temidos da história. Frequentemente, empunhando apenas armas artesanais, a sua coragem levou-os à vitória.
Reconhecimento aos heróis
Podemos encontrar monumentos em homenagem aos Heróis da Guerra Peninsular em diferentes partes do país. Em honra aos feitos destes homens, podemos encontrar na cidade do Porto (mais precisamente, na rotunda da Boavista) e em Lisboa (mais precisamente, na rotunda de entrecampos).
Boa tarde
Parabéns pela iniciativa, trabalho e artigo .
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Cumprimentos
José Pedro Costa
Texto sem qualquer interesse. Nada a ver com a História. Dizer que o povo português expulsou os franceses sem referir o papel do exército ingles que acabaria por perseguur os franceses ate Waterloo é falsear a Historia.