Descubra notáveis históricos que nasceram na região do Douro e deixaram a sua marca na história de Portugal! Conheça as ilustres personalidades da nossa História ligadas ao Douro.
A Região do Douro é berço de grandes personalidades que marcaram a história de Portugal. Aqui, a genuinidade e o respeito pela Natureza andam de mãos dadas com um espírito de sacrifício e trabalho incansável. O Douro é uma terra de pessoas tenazes e obstinadas, que lutam com paixão pelos seus sonhos e objetivos. Venha conhecer esta magnífica região e sentir a energia contagiante que emana das suas gentes!
Ilustres personalidades da nossa História ligadas ao Douro
Fernão de Magalhães: a grande viagem
Fernão de Magalhães, navegante português nascido em Sabrosa em 1480, é conhecido por ter liderado a primeira expedição que deu a volta ao mundo, provando que a Terra é redonda e que há uma ligação entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Depois de participar em campanhas militares no Norte de África e se desiludir com o rei português, apresentou um plano ao rei espanhol para encontrar uma passagem no continente americano que permitisse dar a volta ao mundo por mar. Em 1519, partiu de Sevilha com cinco naus e tripulação portuguesa. A expedição foi cheia de incidentes, mas encontraram o estreito que permitia atravessar o continente americano, que recebeu o nome de estreito de Magalhães.
Durante a expedição ao redor do mundo liderada por Fernão de Magalhães, a tripulação enfrentou muitos desafios e dificuldades. Quando chegaram às Filipinas, foram atacados pelos nativos e Magalhães foi morto por uma flecha envenenada. A expedição continuou sem ele e apenas 18 dos 250 tripulantes originais voltaram para casa. Magalhães é considerado um dos primeiros globalizadores mundiais e a sua casa pode ser visitada em Sabrosa, Portugal.
Dona Antónia Ferreira, a super mulher que triunfou e marcou o Douro
Antónia Adelaide Ferreira, também conhecida como a “Ferreirinha”, foi uma empresária de sucesso que teve um papel importante no desenvolvimento do Vinho do Porto. Nascida em 1811 no Peso da Régua, numa família com tradição vitivinícola, Antónia assumiu a liderança da Casa Ferreira após ficar viúva aos 33 anos. Esta Casa, fundada pelo seu avô, Bernardo Ferreira, tinha sido criada por ordem do Marquês de Pombal. Antónia Adelaide Ferreira tornou-se numa figura incontornável do Alto Douro Vinhateiro, num setor dominado por homens, e ficou conhecida como a “mãe dos pobres”.
A “Ferreirinha” é a maior personalidade da história do Vinho do Porto, uma empresária de sucesso em um setor dominado por homens. Ela adquiriu as quintas do Douro para evitar que caíssem nas mãos dos ingleses, e lutou contra a filoxera, adotando processos modernos de produção e investindo em novas plantações de vinhas. A solução passou por utilizar raízes de videiras americanas, imunes ao ataque da filoxera.
Antónia Ferreira, também conhecida como “Ferreirinha” e “Senhora do Douro”, foi uma empresária visionária e empreendedora no século XIX. Além de gerir com sucesso dezenas de quintas de vinho na região do Douro, dedicou-se a trabalhos de assistência social, financiando a construção de escolas e hospitais na região. A sua memória ainda é venerada hoje em dia. Antónia Ferreira faleceu aos 85 anos, na Quinta das Nogueiras, em 1896.
O Douro de Miguel Torga
Miguel Torga (1907-1995) nasceu em São Martinho da Anta, no Douro, e foi um escritor que enalteceu a beleza da região em sua obra literária, chamando-a de “Reino Maravilhoso”. Seu pseudônimo Torga é uma homenagem à planta urze, abundante na sua terra natal. O escritor retrata a grandiosidade do rio e do vale do Douro em seus poemas:
«O Doiro sublimado. O prodígio de uma paisagem que deixa de o ser à força de se desmedir. Não é um panorama que os olhos contemplam: é um excesso da natureza. Socalcos que são passadas de homens titânicos a subir as encostas, volumes, cores e modulações que nenhum escultor, pintor ou músico podem traduzir (…). Um universo virginal, como se tivesse acabado de nascer, e já eterno pela harmonia, pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve a quebrar (…). Um poema geológico. A beleza absoluta.»
Miguel Torga em “Diário XII”
Miguel Torga tinha uma profunda relação com a montanha e o rio Douro, que considerava uma verdadeira força da Natureza:
DOIRO
Corre, caudal sagrado,
Na dura gratidão dos homens e dos montes!
Vem de longe e vai longe a tua inquietação…
Corre, magoado,
De cachão em cachão,
A refractar olímpicos socalcos
De doçura (…)
Miguel Torga, escritor natural do Douro, era fascinado pela beleza da região e enaltecia-a na sua obra literária. Ele costumava visitar a região para se inspirar e contemplar a paisagem. Após sua morte, foi construída a Ponte Miguel Torga em sua homenagem, uma notável obra de engenharia na cidade da Régua.
Algumas personalidades históricas portuguesas encontram-se ligadas ao Douro por nascimento. Outras destacam-se pelos importantes feitos na Região. Eis alguns exemplos:
Marquês de Pombal, o criador da Região Demarcada do Douro
No século XVIII, o Marquês de Pombal, Primeiro-Ministro do Rei D. José I, implementou medidas para proteger a região do Alto Douro e o seu famoso vinho do Porto.
No século XVIII, o vinho do Porto tornou-se famoso e começou a ser procurado por outros países europeus, além da Inglaterra. No entanto, os produtores preocuparam-se mais em produzir em grande quantidade, em vez de se concentrarem na qualidade. Isso levou a uma crise. Para garantir a qualidade e impedir fraudes, o Marquês de Pombal criou em 1756 a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro. Foi feita a demarcação da região e colocados marcos de granito para delimitá-la geograficamente, tornando-a a primeira região vinícola do mundo a ser oficialmente demarcada. Os “marcos Pombalinos” podem ainda ser vistos hoje nas quintas do Douro.
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Barão de Forrester, um estrangeiro que amava o Douro
Joseph James Forrester nasceu em Hull, na Escócia, em 1809, mas cedo se apaixonou pela região do Douro, onde o seu tio era um grande comerciante do Vinho do Porto. Para si, foi construído um barco-rabelo luxuoso onde servia banquetes aos seus amigos. Forrester era um homem distinto, poeta, aguarelista e autor do mapa “O Douro Português”. Em 1855, recebeu do rei D. Fernando II o título de Barão, a primeira vez que um estrangeiro foi honrado com esta distinção.
D. Antónia Adelaide Ferreira e o Barão de Forrester são figuras importantes na história do Douro e do Vinho do Porto. Em 1831, ambos estavam num barco rabelo que naufragou no Cachão da Valeira, um obstáculo natural do rio. Diz a lenda que a Ferreirinha se salvou devido às suas saias volumosas, enquanto o Barão de Forrester se afogou devido ao peso do cinto com dinheiro. O empresário foi sepultado no lugar que mais o impressionava. Hoje em dia, as águas do Douro são mais calmas devido à construção de barragens.