Vivemos numa era em que a nossa vida cabe na palma da mão. Fotografias, mensagens privadas, acessos bancários, documentos pessoais, contactos profissionais – tudo guardado dentro de um pequeno rectângulo que cabe no bolso. Mas… e se bastar um simples código de quatro dígitos para um desconhecido invadir toda essa informação?
A verdade é dura: muitos dos PINs que os utilizadores ainda hoje escolhem são tão óbvios que até os criminosos digitais já os sabem de cor.
Sim, falamos daquele código aparentemente inofensivo que desbloqueia o telemóvel. Por muito que os sensores de rosto ou impressão digital se tornem comuns, basta uma falha, um dedo molhado ou uma reinicialização para que o velho e vulnerável PIN volte a ser usado.
O erro silencioso que milhões continuam a cometer
PINs como 1234, 0000, 1111 ou datas de nascimento (como 1986) continuam entre os mais utilizados. O problema? Estes números são também os primeiros que qualquer software malicioso ou ladrão experiente testa quando tenta aceder a um dispositivo bloqueado.
De acordo com um levantamento publicado pela Forbes, 1 em cada 10 pessoas utiliza um destes PINs altamente previsíveis. Ou seja, estão praticamente a deixar a porta aberta para intrusos digitais.
Porque é que o PIN continua a ser uma fragilidade na segurança digital?
Apesar das camadas de proteção modernas, o PIN de 4 dígitos continua a ser um dos métodos de autenticação mais comuns. Infelizmente, é também dos mais frágeis. Afinal, existem apenas 10.000 combinações possíveis – algo que qualquer software de ataque automatizado pode testar em segundos.
Para um hacker com tempo livre ou um ladrão com um telemóvel roubado nas mãos, tentar todas as combinações não é ficção científica. É prática comum.
Os 50 PINs mais inseguros de 2025: evite-os a todo o custo
Estes são os códigos mais repetidos em fugas de dados e os mais facilmente adivinháveis. Se algum destes números faz parte dos seus hábitos… está na hora de mudar. Agora.
Lista dos PINs mais usados e perigosos:
0000, 1010, 1111, 1122, 1212, 1234, 1313, 1342, 1973, 1974, 1975, 1976, 1977, 1978, 1979, 1980, 1981, 1982, 1983, 1984, 1985, 1986, 1987, 1988, 1989, 1990, 1991, 1992, 1993, 1994, 1995, 1996, 1998, 2000, 2002, 2004, 2005, 2020, 2222, 2468, 2580, 3333, 4321, 4444, 5555, 6666, 6969, 7777, 8888, 9999
Os 10 PINs mais utilizados (e mais perigosos):
1234, 1111, 0000, 1342, 1212, 2222, 4444, 1122, 1986, 2020
Se reconhece o seu código aqui… não hesite: mude-o de imediato.
De onde veio o PIN – e por que ainda o usamos hoje?
O conceito de PIN remonta a 1966, com a invenção atribuída ao escocês James Goodfellow, em conjunto com a criação do multibanco. O primeiro ATM entrou em funcionamento em Londres, no ano seguinte.
Nos anos 70, o engenheiro Mohamed Atalla criou o sistema Identikey, substituindo assinaturas físicas por um simples código numérico. Desde então, o PIN tornou-se uma peça central na autenticação pessoal, mas a sua simplicidade é também a sua maior vulnerabilidade.
Afinal, qual é o PIN mais seguro? Spoiler: não é 8068
Durante algum tempo, o PIN 8068 foi apontado como um dos menos usados e, por isso, mais seguros. Mas há um problema: assim que um código é classificado como “seguro”, perde automaticamente essa vantagem. A sua popularidade torna-o previsível.
Como criar um PIN verdadeiramente forte?
É aqui que entra a criatividade – e o bom senso. Deixar para trás datas especiais, sequências numéricas ou padrões visuais no teclado é fundamental.
Dicas para criar um PIN seguro:
- Evite datas de nascimento, aniversários ou anos redondos.
- Fuja de sequências (1234, 4567) ou repetições (1111, 9999).
- Escolha um código com 6 ou mais dígitos, se possível.
- Use números com significado pessoal, mas que não sejam óbvios ou associados a si.
- Combine elementos aparentemente desconexos, como:
- os dois últimos dígitos da matrícula do carro,
- a idade de um familiar num determinado ano,
- e o número do seu cacifo no ginásio.
- Se a aplicação ou aparelho permitir, opte por códigos de 10 a 12 dígitos exclusivamente numéricos – fáceis de memorizar, quase impossíveis de adivinhar.
Quanto maior e mais imprevisível for o código, mais protegida estará a sua informação pessoal.
Segurança digital começa com decisões simples
A escolha de um PIN pode parecer um detalhe irrelevante, mas a realidade mostra o contrário. Numa era em que os ciberataques são cada vez mais frequentes e sofisticados, o mais pequeno descuido pode custar caro – emocionalmente e financeiramente.
Nunca foi tão importante repensar a forma como se protege. Pequenas ações, como mudar o PIN para algo mais robusto, explica a RFM, podem fazer uma enorme diferença na sua tranquilidade digital.
Proteja-se hoje, antes que seja tarde.
A sua privacidade, os seus dados bancários, as suas memórias digitais – tudo começa com quatro dígitos. Escolha-os com inteligência. Escolha segurança.
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