No final de um dia esgotante, após horas de trabalho, trânsito e responsabilidades acumuladas, a ideia de chegar a casa e ainda enfrentar o fogão parece, para muitos, quase insuportável. A solução está a um clique de distância: abrir a aplicação no telemóvel, escolher o prato favorito e, em menos de uma hora, receber a refeição à porta. Uma tentação irresistível. Mas será que esta conveniência não está a custar demasiado? A questão vai além da preguiça ou da praticidade: envolve finanças pessoais, hábitos de vida e até saúde. Afinal, o que sai mais caro — pedir comida fora ou cozinhar em casa?
O preço escondido da comida fora
À primeira vista, uma pizza por 9,90€ não parece uma despesa preocupante. No entanto, este valor é apenas a ponta do iceberg. O verdadeiro custo encontra-se nas entrelinhas:
Taxas de entrega, que podem variar entre 2€ e 5€, dependendo da distância.
Acréscimos no preço dos pratos, já que muitos restaurantes aumentam ligeiramente os valores para compensar as comissões das plataformas — que chegam a atingir 30%.
Pequenos extras pagos à parte, como molhos, embalagens, bebidas ou até uma sobremesa simples.
Um exemplo prático ajuda a compreender: um hambúrguer que no restaurante custa 7,50€, na aplicação surge a 8,90€. Somando a taxa de entrega, a bebida e a gorjeta para o estafeta, a refeição pode facilmente ascender a 15€ ou 16€. O problema é que, com esse valor, seria possível comprar ingredientes frescos no supermercado e preparar quatro hambúrgueres caseiros, mais saudáveis e económicos.
Cozinhar em casa: mais barato, mas exige esforço
Não há como negar: cozinhar em casa é significativamente mais barato. Os números falam por si:
1 kg de arroz custa cerca de 1,20€ e rende mais de 15 doses.
Um frango inteiro por 6€ pode dar origem a várias refeições diferentes — desde um simples assado a canja ou empadão.
Com menos de 5€, massa, molho de tomate e queijo garantem comida para 3 a 4 pessoas. Ou seja, uma refeição caseira pode variar entre 2€ e 4€ por pessoa, enquanto um pedido raramente fica abaixo dos 12€. A grande questão, contudo, está no tempo: cozinhar exige planear, comprar, preparar, cozinhar e, inevitavelmente, limpar. É neste ponto que muitos preferem carregar no botão “Confirmar pedido”.
O impacto no orçamento
Vamos às contas de forma clara:
Quem pede comida três vezes por semana gasta, em média, 45€ a 60€.
No final do mês, este hábito representa cerca de 200€ a mais do que cozinhar em casa.
Num ano, a diferença pode ultrapassar 2000€ — o suficiente para financiar uma viagem de férias, renovar eletrodomésticos ou reforçar uma poupança.
O que parece apenas uma pequena conveniência semanal pode, em poucos meses, transformar-se num rombo significativo nas finanças.
O custo invisível para a saúde
O bolso não é o único a sofrer. A saúde também paga a fatura. Refeições encomendadas tendem a ser mais calóricas, ricas em sal, óleos refinados e gorduras saturadas. Um simples prato de fast food pode ultrapassar as 1200 calorias, metade das necessidades diárias de um adulto.
Em contrapartida, cozinhar em casa permite controlar os ingredientes, reduzir o sal, optar por métodos de confeção mais saudáveis e incluir legumes frescos. No longo prazo, esta escolha influencia diretamente o peso, os níveis de energia e até a prevenção de doenças.
O equilíbrio inteligente
A verdade é que não existe apenas preto ou branco nesta decisão. Pedir comida fora pode ser uma excelente alternativa em dias especialmente cansativos, mas não deve tornar-se rotina. O segredo está no equilíbrio:
Reservar os pedidos para ocasiões especiais ou dias de total falta de tempo.
Apostar em receitas rápidas, como massas, saladas ou omeletes, que ficam prontas em 15 a 20 minutos.
Cozinhar em quantidade e congelar porções, facilitando as refeições futuras.
Combinar conveniência com poupança: preparar a refeição principal em casa e, se for caso disso, pedir apenas a sobremesa ou um complemento.
O veredito final
Segundo a Leak, a resposta é clara: pedir comida fora sai sempre mais caro do que cozinhar em casa, tanto para a carteira como para a saúde. Porém, ninguém precisa de se transformar em escravo da cozinha. O essencial é perceber o verdadeiro preço da conveniência e decidir até que ponto ela compensa.
No fim, a questão não é apenas “quanto custa cozinhar ou pedir?”. A verdadeira reflexão é: quanto vale a sua comodidade — e quanto está disposto a sacrificar em nome dela?