Os pagamentos com cartão Multibanco em terminais automáticos tornaram-se parte do quotidiano em Portugal. Em cafés, supermercados, restaurantes ou serviços, a rapidez e a comodidade fazem destes pagamentos uma escolha quase automática. No entanto, essa rotina aparente esconde riscos reais que continuam a fazer vítimas todos os dias — muitas vezes por simples distração.
A maioria das burlas associadas a cartões bancários não acontece em esquemas complexos, mas em momentos banais: um pagamento rápido, um terminal fora do campo de visão ou um código PIN introduzido sem qualquer proteção. É precisamente aí que um gesto simples, quase instintivo, pode fazer toda a diferença: tapar o teclado com a mão ao digitar o PIN.
Terminais de pagamento: pequenos sinais que não devem ser ignorados
Antes de qualquer pagamento, é essencial observar o terminal de pagamento automático. Segundo recomendações divulgadas pelo banco Montepio, o equipamento deve apresentar um aspeto normal, sem peças soltas, cabos estranhos, ranhuras alteradas ou componentes adicionais que não façam parte do modelo habitual.
Qualquer irregularidade visível pode indicar tentativa de adulteração ou instalação de dispositivos de captura de dados. Perante a mínima suspeita, a regra é clara: não utilizar o terminal e alertar o comerciante.
Outro ponto crítico é a posse do cartão. O cartão bancário deve permanecer sempre sob controlo do titular. Sempre que o comerciante solicita o cartão, este deve ser devolvido imediatamente após a transação, evitando deslocações para fora do campo de visão que possam permitir cópias ou registos indevidos.
O momento mais vulnerável: introduzir o código PIN
A introdução do código PIN é o instante mais sensível de toda a operação. Basta um olhar indiscreto, uma câmara dissimulada ou alguém demasiado próximo para comprometer a segurança do cartão.
A recomendação é simples, mas eficaz: cobrir o teclado com a mão livre enquanto digita o PIN. Este gesto impede a observação direta por terceiros e reduz drasticamente o risco de captação do código por meios visuais.
Em locais movimentados — como centros comerciais, aeroportos ou restaurantes cheios — este cuidado torna-se ainda mais importante, uma vez que a proximidade entre clientes aumenta a exposição involuntária dos dados.
Confirmar valores: um hábito que evita surpresas desagradáveis
Antes de validar qualquer pagamento, o valor apresentado no visor do terminal deve ser sempre confirmado. Erros de introdução, lapsos humanos ou tentativas de fraude podem passar despercebidos quando a operação é feita com pressa. Após a conclusão, solicitar o comprovativo permite verificar se o montante debitado corresponde exatamente ao valor esperado. Este documento funciona como prova essencial caso seja necessário contestar uma operação junto do banco.
Contactless: rápido, mas não isento de riscos
Os pagamentos contactless dispensam a introdução do PIN para valores reduzidos, mas isso não significa ausência de risco. Existem limites por transação e valores acumulados definidos pelas entidades emissoras, mas o utilizador continua a ter um papel ativo na segurança.
Confirmar sempre o valor exibido no terminal, não repetir pagamentos sem indicação clara de falha e manter o cartão sob controlo permanente são cuidados indispensáveis, mesmo neste tipo de operação.
Caixas Multibanco também exigem atenção redobrada
Os cuidados não se limitam aos terminais de pagamento em lojas. Nas caixas Multibanco, os riscos são semelhantes. A ranhura de inserção do cartão deve estar intacta, sem peças adicionais, e o teclado deve ser protegido com a mão ao introduzir o PIN.
Qualquer comportamento estranho da máquina — retenção do cartão, falhas repetidas ou mensagens incomuns — deve levar à interrupção imediata da operação.
Perda, roubo ou suspeita de fraude: agir sem hesitar
Em caso de perda, roubo ou suspeita de clonagem do cartão, o contacto imediato com a entidade emissora é fundamental. Após a comunicação, o titular deixa de ser responsável por operações não autorizadas, mantendo-se apenas um limite máximo de 50 euros para movimentos realizados antes da notificação.
A rapidez na reação pode ser decisiva para evitar prejuízos mais elevados e travar utilizações indevidas.
Conclusão: segurança começa num gesto simples
Num contexto em que os pagamentos eletrónicos são cada vez mais frequentes, a segurança depende menos da tecnologia e mais da atenção do utilizador, explica o Postal. Tapar o teclado ao digitar o PIN, confirmar valores e manter o cartão sempre sob controlo são gestos simples, mas com um impacto real na prevenção de burlas.
Num pagamento que dura segundos, um pequeno descuido pode custar muito mais.




