Portugal, ao longo dos últimos 75 anos, tem enfrentado desastres de grande magnitude que marcaram não apenas as suas páginas históricas, mas também as vidas de milhares de pessoas. De acidentes ferroviários e aéreos a catástrofes naturais como sismos, cheias e incêndios florestais, estas tragédias revelam a vulnerabilidade do país diante de falhas humanas, mudanças climáticas e a força incontrolável da natureza.
Embora cada um destes acontecimentos seja único nas suas causas e consequências, todos eles partilham um ponto em comum: o impacto profundo que deixaram nas comunidades afetadas e na memória coletiva do país. A dor das perdas humanas, a destruição de infraestruturas e o abalo psicológico que estas tragédias causaram transformaram-se em lições que precisam de ser constantemente relembradas.
Mais do que recontar histórias de sofrimento, revisitar estes episódios deve ser um exercício de reflexão e aprendizagem. É crucial que, enquanto sociedade, tiremos lições valiosas do passado para evitar que erros semelhantes se repitam. Desastres como o incêndio de Pedrógão Grande, as cheias de Lisboa em 1967 ou o desastre ferroviário de Alcafache são exemplos claros de situações que poderiam ter sido mitigadas – ou até evitadas – com planeamento adequado, manutenção de infraestruturas e uma resposta mais célere e eficaz das autoridades.
Ao percorrer esta cronologia de tragédias que moldaram a história recente de Portugal, é importante não apenas honrar a memória das vítimas, mas também reforçar a necessidade de medidas preventivas. Planeamento urbano, gestão sustentável de recursos e sistemas de alerta robustos devem ser prioridades para governos e cidadãos. Só assim poderemos garantir que estas histórias não sejam apenas ecos de um passado doloroso, mas também um catalisador para um futuro mais seguro e resiliente.
Segue-se uma análise detalhada, segundo a VortexMag, dos maiores desastres que ocorreram em Portugal desde 1950, recordando momentos de dor, mas também os ensinamentos que emergiram de cada um deles.
Os grandes desastres nacionais nos últimos 75 anos
1954 – Descarrilamento do Comboio Rápido do Algarve – 34 Mortos
A 13 de setembro de 1954, um comboio descarrilou entre as estações de Pereiras-Gare e Sabóia, em Odemira. A tragédia ocorreu devido a problemas na linha ferroviária e provocou 34 mortes, marcando uma das piores tragédias ferroviárias da época em Portugal.
1961 – Acidente Aéreo na Costa da Caparica – 61 Mortos
A 30 de maio de 1961, um avião da companhia aérea TAP, que fazia a ligação entre Lisboa e os Açores, caiu ao mar próximo da Fonte da Telha. Todos os 61 ocupantes perderam a vida. Este desastre destacou as vulnerabilidades na aviação civil na época.
1962 – Cheias no Mondego e Douro – Número Indeterminado de Mortos
As segundas maiores cheias do século XX em Portugal atingiram as bacias dos rios Mondego e Douro. Embora o número exato de vítimas não seja conhecido, a destruição foi vasta, com centenas de casas e campos inundados, deixando milhares de pessoas desabrigadas.
1963 – Desastre do Cais do Sodré – 49 Mortos
A 28 de maio de 1963, o alpendre da estação ferroviária do Cais do Sodré, em Lisboa, colapsou, soterrando dezenas de pessoas. A queda da estrutura causou 49 mortes e centenas de feridos, destacando problemas graves na manutenção das infraestruturas.
1964 – Desastre Ferroviário de Custóias – 90 Mortos
Na noite de 26 de julho de 1964, um vagão de passageiros descarrilou em Custóias, no concelho de Matosinhos. O vagão chocou violentamente contra um paredão, resultando na morte de 90 pessoas. Este desastre é considerado o mais mortal da história ferroviária portuguesa.
1966 – Incêndio de Sintra – 25 Mortos
Em setembro de 1966, um incêndio florestal na Serra de Sintra apanhou de surpresa um grupo de militares que trabalhava na extinção das chamas. O incêndio ceifou a vida de 25 soldados, deixando o país em choque.
1967 – Cheias da Grande Lisboa – 462 Mortos
A 26 de novembro de 1967, as maiores cheias registadas no século XX em Portugal devastaram a região de Lisboa. Os bairros periféricos foram os mais afetados, com centenas de habitações destruídas. As cheias resultaram em 462 mortes e milhares de desalojados.
1976 – Acidente Aéreo nas Lajes – 68 Mortos
A 3 de setembro de 1976, um avião C-130 da Força Aérea Venezuelana despenhou-se durante a aterragem na Base Aérea das Lajes, nos Açores. O acidente resultou na morte de 68 ocupantes, sendo um dos mais trágicos na aviação militar.
1977 – Acidente Aéreo no Funchal – 36 Mortos
A 18 de dezembro de 1977, um avião que tentava aterrar no aeroporto do Funchal caiu ao mar. Das pessoas a bordo, 36 perderam a vida. A geografia desafiante da pista foi um dos fatores do acidente.
1977 – Segundo Acidente Aéreo no Funchal – 131 Mortos
Menos de um ano depois, a 19 de novembro de 1977, outro avião que fazia a rota Bruxelas-Funchal falhou a aterragem e caiu, matando 131 pessoas. Este desastre levou a uma reavaliação das condições de segurança no aeroporto.
1980 – Sismo na Ilha Terceira – 71 Mortos
A 1 de janeiro de 1980, um sismo de magnitude 7,2 na escala de Richter abalou a Ilha Terceira, nos Açores. O terramoto destruiu centenas de edifícios e resultou em 71 mortes, afetando profundamente a comunidade local.
1985 – Desastre Ferroviário de Alcafache – 120 Mortos
A 11 de setembro de 1985, dois comboios colidiram frontalmente em Alcafache, perto de Mangualde. Com 120 mortes confirmadas, este foi o maior acidente ferroviário em Portugal e destacou falhas na comunicação e na gestão da linha.
1989 – Acidente Aéreo em Santa Maria – 144 Mortos
A 8 de fevereiro de 1989, um avião comercial chocou contra o Pico Alto, em Santa Maria, Açores, devido a um erro de navegação. Este foi o desastre aéreo mais mortal da história de Portugal, com 144 vítimas.
1992 – Acidente no Aeroporto de Faro – 56 Mortos
A 21 de dezembro de 1992, um avião que chegava de Amesterdão tentou aterrar no aeroporto de Faro sob condições meteorológicas extremas. O acidente resultou em 56 mortes e dezenas de feridos.
1999 – Acidente Aéreo em São Jorge – 35 Mortos
A 11 de dezembro de 1999, um avião que sobrevoava a ilha de São Jorge chocou contra o Pico da Esperança, matando os 35 ocupantes. Este acidente destacou a importância da navegação segura em condições adversas.
2001 – Desastre de Entre-os-Rios – 59 Mortos
A 4 de março de 2001, a Ponte Hintze Ribeiro, em Entre-os-Rios, colapsou enquanto um autocarro e vários veículos atravessavam o rio Douro. O desastre resultou em 59 mortes e levantou questões sobre a manutenção das infraestruturas em Portugal.
2010 – Cheias na Madeira – 47 Mortos
A 20 de fevereiro de 2010, chuvas torrenciais na Madeira provocaram deslizamentos de terra e cheias que devastaram a ilha. O desastre causou 47 mortes e destruiu parte significativa da infraestrutura local.
2017 – Incêndio de Pedrógão Grande – 66 Mortos
Em junho de 2017, um incêndio florestal em Pedrógão Grande alastrou-se rapidamente devido a ventos fortes, causando 66 mortes e deixando 250 feridos. Este desastre expôs lacunas graves na gestão de florestas e na resposta de emergência.
2017 – Incêndios em Todo o País – 38 Mortos
No outono de 2017, cerca de 500 incêndios simultâneos devastaram várias regiões do país, resultando em 38 mortes e milhares de hectares de floresta destruídos.
O incêndio no Chiado não deveria ser considerado, mesmo com pequenas baixas?