A vida do Rei D. Filipe I foi cheia de momentos surpreendentes e a sua experiência com piolhos é uma história única na história da realeza. O Rei D. Filipe I é o monarca que dá início à dinastia Filipina. Este monarca tornou-se num dos homens mais poderosos do mundo. É um dos nomes que se destaca na longa história de Portugal.
Ao longo de quase novecentos anos de existência, o nosso país teve vários Reis e Rainhas no trono. Ao todo, foram mais de 36 monarcas que se dispersam por 4 dinastias. Na História de Portugal, muitos reis foram cruciais para a construção de um Portugal de feitos memoráveis. No entanto, há outros reis que podem ser recordados por feitos menos notáveis, como o primeiro rei da terceira dinastia.
O rei com piolhos: a curiosa morte do rei D. Filipe I
D. Filipe I (1527-1598)
D. Filipe I teve um poder incomum, após se ter tornado rei de Portugal. Contudo, antes dele se ter tornado rei de Portugal, já era Rei… Ele era filho do imperador Carlos V e de Isabel de Portugal. Contudo, enquanto Rei de Espanha, de Nápoles e da Sicília, era Felipe II. Ao tornar-se rei de Portugal, Filipe I tornou-se no homem mais poderoso do planeta!
O início da dinastia Filipina acontece com a tomada de Cascais. Esse momento representou o início de uma Era espanhola. O começo da Terceira Dinastia da Coroa Portuguesa surge quando a coroa fica na cabeça do rei D. Filipe I (II de Espanha).
Este monarca inaugurou um período de domínio castelhano. A dinastia Filipina prolongou-se durante 60 anos (1580-1640). A coroa portuguesa esteve nas cabeças dos Reis Filipes de Espanha (Filipe I, II, III, em Portugal).
No ano de 1580, o Duque de Alba teve a responsabilidade de comandar as tropas castelhanas. Elas eram constituídas por milhares de homens. Eles conseguiram conquistar a vila de Cascais. Na batalha de Alcântara, não tiveram dificuldades em derrotar o improvisado exército do Prior do Crato.
O problema da sucessão ensombrava a coroa portuguesa desde o momento em que D. Sebastião tinha sido morto na famosa batalha de Alcácer Quibir, que tinha decorrido no verão de 1578. D. Henrique, tio de D. Sebastião, era cardeal e herdou o reino, mas era velho e usou a coroa por pouco tempo. Foram apenas dois anos, até que o antigo inquisidor-mor do reino faleceu.
Como não havia herdeiros nem tinha sido nomeado um sucessor, o reino português encontrava-se novamente à deriva. Nesse contexto delicado, vários pretendentes surgiram para reclamar o direito a assumir o trono de Portugal.
Ora, como Filipe II, rei de Espanha, era casado com uma das filhas de D. Manuel I, ele defendeu ter o direito à coroa portuguesa. Ele contou com o apoio da nobreza e do clero. Contudo, D. António, Prior do Crato tinha o apoio do povo. Ele era bastardo. Contudo, tratava-se do único varão dos filhos de D. Manuel I.
D. António queria reivindicar a coroa e rejeitava o soberano espanhol. Após ter sido aclamado rei em Lisboa, Santarém e Setúbal, o Duque de Alba desembarcou no Cabo Raso por instrução de Filipe II, rei de Espanha.
Este homem era o mais qualificado general de Espanha. O Duque de Alba ficou aos comandos da esquadra espanhola. Ele tomou a vila de Cascais e conseguiu derrotar o exército improvisado do Prior do Crato na Batalha de Alcântara. Desta forma, Filipe II, rei de Leão e Castela, conseguiu tornar-se Filipe I, Rei de Portugal.
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O rei que morreu com piolhos
El Rey de los Papeles revelou ter grande obsessão pela organização. D. Filipe I de Portugal (II de Espanha) era um monarca burocrata. Este rei passava várias horas no gabinete, fechado, a escrever sobre tudo e mais alguma coisa.
O monarca anotava todos os detalhes importantes sobre os negócios do império. Naturalmente, este rei acumulava resmas de papel, o que nunca até então tinha acontecido desta forma por um monarca.
O rei D. Filipe I conseguia fazer ainda mais apontamentos. Contudo, a gota impediu. Esta doença gerava-lhe dores fortes. A gota levou a que as mãos do rei ficassem imobilizadas. Por isso, ele ficou impossibilitado de dar ainda maior dimensão à sua obsessão.
O monarca também sofria de febres terçãs (picos de febre a cada 3 dias, sintoma típico da malária). Havia ainda um edema que o prendia à cama por dias. Até se diz que para que o monarca pudesse expulsar os seus fluidos corporais sem ter de sair da cama, foi necessário abrir um buraco no colchão.
A saúde do Rei Filipe I não era de ferro, como se comprova por essa lista de problemas. Apesar deste contexto, o monarca acabou por morrer devido a um problema incrível e surpreendente.
O rei morreu de piolhos. Embora se tratasse do rei mais poderoso do planeta nesse momento, o monarca morreu com um ataque de pitiríase, isto é, na sequência de uma invasão de parasitas. O momento da sua morte foi a madrugada de 13 de setembro de 1598.