Encontrar uma nota ou moeda falsificada pode parecer um cenário improvável, mas a realidade mostra que ocorre com muito mais frequência do que se pensa. Para muitos cidadãos, a surpresa chega apenas quando já é tarde demais: a nota duvidosa já foi aceite e não há forma de recuperar o valor perdido. É precisamente para evitar estas situações que o Banco de Portugal reforça os procedimentos a adotar e lembra que passar adiante uma nota suspeita, mesmo sem intenção, constitui crime.
A lei não deixa margem para dúvidas
O artigo 265.º do Código Penal português é categórico: a colocação em circulação de moeda falsificada, mesmo que tenha sido aceite de forma inocente, pode implicar penas de prisão. Não importa se o ato é intencional ou fruto de negligência; a lei é dura porque está em causa a confiança no sistema monetário.
Assim, a regra de ouro é clara: nunca reutilizar uma nota ou moeda suspeita. O exemplar deve ser entregue de imediato a uma autoridade policial, instituição bancária ou ao próprio Banco de Portugal. Só dessa forma se garante que a contrafação é retirada de circulação e que se evita a propagação do crime.
Como reconhecer notas falsas?
Embora as falsificações estejam cada vez mais sofisticadas, existem formas simples de detetar irregularidades. O Banco de Portugal recomenda o método “Tocar – Observar – Inclinar”:
- Tocar: notas verdadeiras têm uma textura firme, com relevos nas inscrições e na impressão.
- Observar: ao colocar a nota contra a luz, torna-se visível a marca de água, o fio de segurança e outros elementos subtis.
- Inclinar: elementos holográficos mudam de cor ou mostram imagens diferentes consoante o ângulo.
Além destes sinais, o tamanho e a cor podem ser indicadores. Cada nota de euro tem medidas específicas que variam conforme o valor, o que dificulta a imitação perfeita.
O que fazer em caso de dúvida?
Se surgir a suspeita, o Banco de Portugal recomenda:
- Recusar de imediato a nota ou moeda no momento da transação.
- Solicitar educadamente outro meio de pagamento, partindo do princípio de que o emissor pode desconhecer a falsificação.
- Se já tiver aceite a nota, não a volte a colocar em circulação.
- Entregar às autoridades competentes, a uma instituição bancária ou ao Banco de Portugal.
- Recolher o máximo de detalhes possíveis: quem entregou a nota, em que local e em que circunstâncias. Esta informação pode ser crucial para investigações criminais.
Formação gratuita e prevenção ativa
O Banco de Portugal não se limita a alertar: promove também ações de formação gratuitas para profissionais e cidadãos comuns. Estes programas ensinam a identificar notas e moedas contrafeitas, recorrendo a exemplos práticos e materiais de apoio.
As formações são especialmente úteis para comerciantes, retalhistas e profissionais que manuseiam dinheiro diariamente, mas estão igualmente abertas a escolas secundárias e profissionais. As sessões decorrem em várias cidades, incluindo Lisboa e Porto, e podem ser solicitadas diretamente ao Banco de Portugal.
Impacto económico e social da moeda falsificada
A contrafação não afeta apenas quem a recebe. Cada nota ou moeda falsa em circulação mina a confiança pública no euro, desestabiliza o sistema financeiro e prejudica o comércio. Além disso, o prejuízo é sempre do cidadão ou do comerciante que recebeu o dinheiro falsificado, já que não existe compensação ou substituição para exemplares contrafeitos.
Este impacto, ainda que invisível para muitos, fragiliza a economia como um todo, criando desconfiança nas trocas comerciais e incentivando redes criminosas organizadas.
Como se proteger no dia a dia?
- Habitue-se a verificar notas em transações de maior valor, especialmente em numerário.
- Não dependa apenas da confiança: mesmo em situações de rotina, como o pagamento no supermercado ou num café, um simples gesto de observação pode fazer a diferença.
- Utilize sempre estabelecimentos credíveis para trocar dinheiro.
- Em caso de dúvida, dirija-se a um balcão bancário para confirmar a autenticidade.
Um gesto individual com impacto coletivo
Segundo o Noticias ao Minuto, lidar corretamente com uma nota suspeita é mais do que um ato de prudência: é um contributo direto para a proteção da economia e da sociedade. Cada vez que alguém tenta passar uma nota falsa, consciente ou não, coloca em risco outros cidadãos. Já cada vez que se recusa e denuncia, dá-se um passo na defesa da moeda única e na preservação da confiança no sistema financeiro europeu.