O Castelo de Ródão e a Capela de Nossa Senhora do Castelo, popularmente conhecidos como Castelo do Rei Wamba, encontram-se a cerca de 2 km de Vila Velha de Ródão, no centro de Portugal. Envolto numa paisagem deslumbrante e carregado de história e misticismo, este local é um autêntico convite a uma viagem no tempo, enriquecida por uma lenda peculiar que ainda hoje intriga visitantes. Mas vamos por partes.
Um castelo entre história e natureza
Erguido num ponto de rara beleza natural, o castelo encontra-se numa posição estratégica junto ao rio Tejo, que aqui desenha curvas elegantes e molda paisagens únicas.
A origem da construção remonta aos tempos da ocupação moura na região, embora o saber popular atribua a sua criação ao Rei Wamba, monarca visigótico que reinou entre 672 e 680. Considerado o último grande rei dos Visigodos, Wamba deixou o seu nome associado à lenda e à tradição oral, perpetuando o mistério em torno deste monumento.
O conjunto arquitetónico é composto pela torre de menagem, de formato quadrangular, rodeada por muralhas. Esta torre, acredita-se, foi edificada pelos Templários entre os séculos XII e XIII, quando o castelo foi reconstruído no contexto da afirmação da nacionalidade portuguesa.
Doado aos Templários por D. Sancho I, serviu como posto de vigilância contra os mouros. Durante as invasões francesas, já em época moderna, teve papel de relevo como posto de artilharia.
Hoje, a torre encontra-se restaurada e apresenta dois pisos acessíveis ao público. A entrada faz-se pelo piso térreo, através de um acesso improvisado, que permite observar a robustez das paredes feitas de pedras e barro. Uma escada metálica leva ao piso superior, onde os visitantes podem apreciar uma vista magnífica sobre o Tejo e a paisagem circundante.
Um panorama deslumbrante
Do alto da Serra das Talhadas, onde se situa o castelo, é possível contemplar o serpenteante curso do Tejo, as impressionantes escarpas das Portas de Ródão, a ponte rodoviária que liga à vila e a linha de comboio que acompanha o rio. A riqueza natural do local é complementada pela presença de diversas espécies de aves, que fazem das falésias o seu habitat.
Para além disso, o próprio castelo é visível de vários pontos da região, criando uma relação visual única entre o monumento e a paisagem que o envolve.
O acesso é facilitado por uma estrada que permite chegar ao local de carro. Existe ainda uma zona de descanso e de piqueniques, ideal para aproveitar a tranquilidade da região.
A capela de Nossa Senhora do Castelo
Próxima do castelo, a capela de Nossa Senhora do Castelo é outro ponto de interesse que não pode deixar de ser visitado. Situada a cerca de 150 metros da torre de menagem, a capela está caiada de branco e oferece uma vista inigualável sobre o rio Tejo. Reza a história que a capela foi mandada construir por um barqueiro, que no século XVII sobreviveu a um incidente dramático ao atravessar as Portas de Ródão. Contudo, o tempo e os saques a que foi sujeita deixaram as suas marcas, e a imagem da Senhora do Castelo, datada do século XVI, encontra-se agora na aldeia de Vila Ruivas.
A Lenda do Rei Wamba
Como não poderia deixar de ser, o Castelo de Ródão está envolto em lendas. Uma das mais conhecidas conta que o local foi palco de uma tragédia amorosa. Segundo a tradição, a mulher do Rei Wamba apaixonou-se por um rei mouro que vivia na margem oposta do Tejo. Determinado a resgatá-la, o rei mouro decidiu construir um túnel por debaixo do rio. Infelizmente, as contas falharam, e o túnel emergiu antes do previsto, revelando o plano a Wamba.
Perante a traição da esposa, Wamba tomou uma decisão drástica. Ofereceu-a ao rei mouro, mas não sem antes a amarrar a uma pedra, fazendo-a rolar pela encosta em direção ao Tejo. Diz-se que, no caminho que a pedra percorreu, nunca mais cresceu vegetação, e que o local carrega ainda hoje a maldição da mulher de Wamba.
Um tesouro por descobrir
Segundo a VortexMag, visitar o Castelo de Ródão e a Capela de Nossa Senhora do Castelo é uma experiência que combina história, natureza e tradições. Este património, tão rico em significado, merece ser conhecido e preservado, oferecendo a quem o visita uma janela para o passado e uma ligação às lendas que enriquecem a identidade da região.