Fique a conhecer mais sobre o elevador do Bom Jesus de Braga que se tornou num símbolo da cidade. Um monumento apaixonante, com história e curiosidades…
A cidade Braga é das mais populares do nosso país. Um caso de sucesso a nível turístico que muito se deve ao conjunto de caraterísticas que reúne. Além da beleza natural, da gastronomia, das pessoas acolhedoras, há um conjunto de atrações imperdíveis. Uma das mais populares é o elevador do Bom Jesus de Braga.
Fique a conhecer mais sobre o elevador que se tornou num símbolo da cidade. Trata-se de um monumento apaixonante, com história, estórias e curiosidades…
O elevador do Bom Jesus de Braga é único no mundo
Antiguidade
No passado mês de março (de 2022), celebraram-se 140 anos sobre o momento da inauguração do elevador do Bom Jesus de Braga. O elevador Bom Jesus é o mais antigo elevador do mundo, que se encontra ainda em serviço.
O desafio
Um empresário bracarense imaginou este elevador como o novo transporte que pudesse fintar as escadas do Bom Jesus. O Escadório do Bom Jesus revela-se um desafio exigente. São 267 metros inclinados feitos com degraus. Fazer esse percurso deixa-nos com a língua de fora. Trata-se de uma experiência que implica grande capacidade de sacrifício.
O caminho a realizar não é nada fácil, pois implica a superação de 573 degraus para se subir até ao topo do Bom Jesus do Monte. A ideia do elevador era inovadora e permitiria substituir os veículos em carris, que eram puxados por tração animal.
A origem
O elevador foi fomentado por um empresário pioneiro da cidade. O seu nome era Manuel Joaquim Gomes. O empresário bracarense entrou com o dinheiro, enquanto que o engenho foi dado por um engenheiro suíço.
O elevador do Bom Jesus de Braga foi desenhado pelo engenheiro suíço Nikolaus Riggenbach. Nikolaus Riggenbach foi apoiado no terreno por Raul Mesnier de Ponsard. Por isso, o grande mérito coube ao jovem Raul, um engenheiro luso-francês que conseguiu interpretar na perfeição os desenhos de Nikolaus Riggenbach, que foram recebidos por correio.
Raul Mesnier de Ponsard testou na encosta as diferentes soluções possíveis. O engenheiro português (era descendente de franceses) e também esteve envolvido na construção de outros elevadores em Portugal, como o do Lavra, da Glória e de Santa Justa.
Manuel Joaquim Gomes (1840-1894)
É necessário recuar até ao final do século XIX para conhecer a pessoa responsável pela construção dos elevadores. Manuel Joaquim Gomes era um empresário bracarense bastante imaginativo e criativo. Este português era também conhecido como o Burnay do Minho e tornou-se num dos magnatas da região.
Manuel Joaquim Gomes começou a sua carreira na panificação. Ele era um homem dinâmico. Com a sua astúcia, fez crescer os negócios e, dessa forma, conseguiu também conquistar grande credibilidade em Braga.
Manuel Joaquim Gomes casou com uma jovem oriunda de uma família endinheirada. Este casamento ajudou a que tivesse capital para enveredar por projetos mais ousados. O empresário bracarense assumiu preponderância na Companhia de Carris de Braga, na década de 1870. Nessas funções, viu o transporte público na cidade (em carros rebocados por animais de tiro) ser inaugurando no dia 19 de maio de 1877.
Manuel Joaquim Gomes controlava os transportes públicos em Braga, nomeadamente: da estação ferroviária ao lugar dos Peões, que se encontrava no outro extremo da cidade e depois no acesso ao pórtico do escadório do Bom Jesus do Monte.
A inauguração
Foi no dia 25 de março de 1882 que o elevador do Bom Jesus de Braga foi inaugurado. Nessa época, não se conhecia nada do género em toda a Península Ibérica.
O projeto da criação deste elevador singular foi pensado logo na altura para funcionar a água, uma vez que Portugal não tinha carvão em quantidade suficiente (o que tinha era importado e caro) e como naquela zona a água abundava, colocar o elevador a funcionar a água foi uma forma de aliar o útil ao agradável.
Utilidade
O elevador do Bom Jesus de Braga conta com 140 anos. Este elevador português encontra-se a funcionar desde o momento da inauguração. Este é um elevador especial. Trata-se do único do mundo que ainda se encontra em funcionamento. A sua utilidade era significativa, uma vez que este elevador permitiu fintar as 500 escadas do Bom Jesus.
Sustentabilidade
Tendo sido inaugurado em 1882, o elevador do Bom Jesus de Braga é um elevador centenário. No entanto, pode também ser reconhecido pela utilidade, como vimos, mas também por ser um elemento sustentável.
Este elevador serve como um exemplo de sustentabilidade, uma vez que não gasta energia. O elevador do Bom Jesus de Braga apenas aproveita a água do subsolo, que não faz parte da rede pública.
Beleza
Além da utilidade deste elevador, há a destacar que se trata de um elemento particularmente encantador. A beleza única do elevador do Bom Jesus de Braga torna esta atração muito procurada por quem visita esta bela cidade.
A experiência de andar no elevador do Bom Jesus de Braga é singular; algo de verdadeiramente imperdível.
Único no mundo
O elevador do Bom Jesus de Braga não só foi o primeiro do género a ser criado na Península Ibérica, como também se distingue por ser o único elevador no mundo que se encontra em funcionamento recorrendo a um sistema de contrapeso de água.
Este elevador usa a força da água para que as cabines subam e desçam a longa rampa até ao Santuário do Bom Jesus do Monte.
Reconhecimento
O elevador do Bom Jesus de Braga é monumento de interesse público. Além disso, desde 2019, que o elevador faz parte da classificação de Património Mundial que foi atribuída pela UNESCO ao santuário.
Características do elevador do Bom Jesus de Braga
O uso da água
O elevador do Bom Jesus de Braga é alimentado por um sistema de contrapeso de água. A força motriz usada é a água das fontes e minas provenientes da estância do Bom Jesus. Elas encontram-se ligadas por tubagem a um depósito no subsolo.
Por isso, não é necessário recorrer à rede pública para o colocar a funcionar, o que é algo que acontece com outros funiculares portugueses que recorrem à água da rede pública ou a uma bomba elétrica, que consome energia.
O processo
O elevador recorre à água subterrânea, que é captada por tubagens, que no momento da subida permite encher um reservatório controlado pelo condutor, que pode comportar mais de 5 mil litros.
É isso que acontece com a cabine que se encontra no topo e que, tornando-se mais pesada, vai a descer à medida que a que está na base vai subindo a rampa.
Acionar a marcha
O condutor abre a torneira da água para acionar a marcha. Desta forma, enche o reservatório até ao nível pretendido, algo que dependerá do número (e peso) dos ocupantes.
Cada cabina contém um reservatório de 5.850 L de água. A cabina superior torna-se desta forma mais pesada do que a inferior e com o movimento é iniciado através da libertação dos freios das duas cabinas.
Já no sopé do monte, a água é descarregada e o ciclo é assim repetido. Desta forma, além de contrapeso, o reservatório alimenta o circuito de refrigeração dos travões dianteiros.
Elementos importantes
O volante revela-se uma peça essencial que permite gerir o cabo e, consequentemente, permite promover o movimento do elevador, a sua ascensão ou a sua descida. Outro elemento relevante vai para o duplo carril com cremalheira central assente em travessas de madeira.
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Curiosidade
Algumas árvores foram abatidas para a construção da rampa e a sua madeira foi utilizada no elevador. As traves de madeira onde assentam os dois carris foram reaproveitadas das árvores que tinham sido abatidas para abrir o caminho até ao topo do santuário.
Duração da obra
A obra do elevador não foi rapidamente concluída. Demorou cerca de 2 anos. No entanto, o sistema usado revelou-se tão eficiente que continua a funcionar até aos nossos dias.
Capacidade do elevador
Atualmente, cada cabine do elevador do Bom Jesus de Braga consegue transportar mais de 30 pessoas em simultâneo, num percurso que pode ser realizado em dois a quatro minutos.