A história do nosso país tem diversos momentos sombrios. Poucos serão tão negros como o dia mais brutal da história de Portugal, quando um terramoto arrasou Lisboa!
Ao longo da história de Portugal, que conta com quase 900 anos, houve momentos gloriosos. Acontecimentos que ficaram para sempre recordados pela importância que tiveram no desenvolvimento da nação, como a Era dos Descobrimentos.
No entanto, há também momentos extremamente negativos que deixaram outro tipo de marca. A história do nosso país tem diversos momentos sombrios. Poucos serão tão negros como o dia do terramoto.
O dia mais brutal da história de Portugal
O dia
Foi há 267 anos que o terramoto mais devastador da história do nosso país deixou a sua marca na cidade de Lisboa. O terramoto que arrasou a capital portuguesa ocorreu no dia 1 de novembro de 1755.
Os números
Este terramoto teve um impacto profundo na cidade de Lisboa. Os números que estão associados ao terramoto são bastante expressivos e revelam os efeitos devastadores do terramoto.
Este evento teve a capacidade de desmoronar cerca de 10 mil edifícios. Além disso, este terramoto foi responsável pela morte de 90 mil pessoas. A somar a estes números está o número de feridos e o investimento necessário para a reconstrução da cidade.
O contexto histórico
Lisboa é uma das diversas cidades do mundo que celebra o Dia de Todos os Santos. Nesse dia, as igrejas ficaram cheias. Foram colocadas a arder inúmeras velas, um procedimento comum que visa honrar santos e mártires, sejam eles conhecidos ou desconhecidos.
Momentos prévios
A capital estava a viver o dia com relativa calma. Às primeiras horas da manhã deste dia, ninguém desconfiava da tragédia que se avizinhava. A cidade de Lisboa estava prestes a ser sacudida por um evento que deixou marcas na história do país. Foi um dos terramotos mais destrutivos da história do planeta e o mais destrutivo no nosso país.
O preciso momento
Segundo os especialistas, o terramoto que abalou a cidade de Lisboa ocorreu entre as 9h30 e as 9h40 da manhã. Nesse dia, a capital portuguesa tremeu de forma quase descontrolada.
Os efeitos foram devastadores. Estruturas sólidas e compactas desmoronaram-se como castelos de cartas. Um número vasto de edifícios (igrejas, palácios, casas) ruiu com incrível facilidade e rapidez.
O epicentro
Atualmente, o terramoto de Lisboa continua a ser alvo de estudos, existindo vários especialistas a querem apresentar novas conclusões sobre este evento nefasto. O
epicentro deste terramoto é alvo de discussão.
Muitos académicos que estudaram o fenómeno que abalou o país conseguem chegar a uma conclusão. Eles convergem que o epicentro do terramoto terá sido no mar. A magnitude do terramoto terá sido de 9 na escala de Richter, o que representam que este terramoto atingiu o topo da tabela, praticamente.
O Terramoto de Lisboa em 1755
Vídeo de: Cantum Mensurable
O vídeo
Este evento negro que ficou para a história do país teve grande impacto internacional na época. Ainda hoje, o evento é bastante referido e há interesse em saber mais sobre esta matéria.
Numa produção levada a cabo pelo Smithsonian Channel, foi realizada uma reconstituição do que aconteceu. Neste vídeo, é possível ver como terá sido o terramoto, onde se terá originado os efeitos devastadores que teve.
Duração
Segundo alguns relatos coevos, é possível adiantar que os abalos sísmicos terão apresentado uma duração assustadora. Segundo alguns relatos de pessoas dessa época, os efeitos do terramoto terão durado 9 minutos.
Ao longo desses minutos intermináveis, houve tempo para gerar uma catástrofe sem precedentes no nosso país. Esses 9 minutos foram uma eternidade que permitiu abrir fissuras enormes. Um pouco por toda a cidade fez ruir edifícios e levou à morte de inúmeras pessoas.
Impacto sentido
O chamado terramoto de Lisboa centrou-se na capital. No entanto, os seus efeitos foram sentidos noutras partes do país. Por exemplo, o terramoto também atingiu toda a região do Algarve, de forma bastante severa. O terramoto de Lisboa começou no mar e os seus efeitos foram-se espalhando, tanto que também fez estragos de monta em Marrocos!
O cemitério
Foi na capital portuguesa que o terramoto se mostrou mais brutal. O maremoto varreu por completo as zonas mais baixas da cidade.
Se tivermos em conta que a capital portuguesa apresentava na época 300 mil habitantes, constatamos os efeitos devastadores do evento. Se 90 mil pessoas morreram devido ao terramoto significa, que quase um terço das pessoas que viviam na cidade morreram!
O maremoto
O evento tem muito que se lhe diga, uma vez que o acontecimento teve várias consequências. O terramoto gerou vários focos de incêndio. As incontáveis velas a arder, fruto da devoção religiosa no dia de todos os santos, potenciaram esses incêndios. As chamas estiveram acesas durante dias a fio. A Lisboa medieval manteve-se iluminada pelas piores razões.
A formação de um maremoto, ou tsunami, representou outra consequência negativa do sismo. Nesse dia, as ondas terão atingido alturas incríveis, entre os 15 e os 20 metros de altura. É como se o Canhão da Nazaré apontasse à capital e disparasse um conjunto de ondas que entraram e se espalharam por Lisboa, deixando um rasto de destruição e morte.
Procura de abrigo
Há pouca informação que tenha chegado até aos nossos dias. Dessa época, os poucos relatos que chegaram até nós revelam que os diversos desmoronamentos que surgiram um pouco por toda a cidade e que fizeram com que os sobreviventes fossem procurando abrigo junto à zona portuária. Esta era uma zona mais aberta e, por isso, os lisboetas pensaram, erradamente, que se tratava de uma solução mais segura.
A armadilha fatal
A realidade mostrou que essa foi uma decisão errada e que se revelou uma armadilha fatal. As águas do mar primeiro recuaram, apresentando um fundo cheio de destroços de navios e de cargas perdidas.
No entanto, posteriormente, as águas do mar regressaram com uma força máxima, quase demoníaca. Nesse momento, as águas do mar levaram tudo à frente. Ao submergir todo o porto e parte substancial do centro de Lisboa, os efeitos foram devastadores.
Uma cidade irreconhecível
A Lisboa medieval que se conhecia desapareceu numa questão de minutos. Aquilo que era então uma cidade emblemática e apaixonante desaparecia para sempre. Edifícios que tinham grande valor para os lisboetas ruíram.
A perda de espaços míticos foi uma realidade dolorosa. Nos cerca de 10 mil edifícios que tinham sido destruídos, estavam monumentos insubstituíveis. Ruíram espaços como o Palácio do Duque de Cadaval, o Teatro da Ópera, o Palácio Real ou o Arquivo da Torre do Tombo (cujos documentos ficaram a salvo).
O amanhecer lisboeta
No dia seguinte ao terramoto, a família real portuguesa já não se encontrava na capital. Liderada por D. José I, a família já se encontrava em Santa Maria de Belém, nos arredores da capital. As princesas tinham expressado o desejo de passar lá o feriado.
D. José I ficou extremamente abalado com o terramoto de Lisboa. O rei português ficou profundamente assustado com os efeitos do evento. O monarca até ganhou uma fobia a espaços fechados. Desde esse momento, D. José I passou a viver num luxuoso complexo de tendas no Alto da Ajuda e fê-lo pelo resto da sua vida!
O Marquês de Pombal
Sebastião José de Carvalho e Melo é o nome da personagem central que esteve à frente da reconstrução da capital portuguesa. Todos os esforços de reconstrução de Lisboa passaram pelas mãos do Marquês de Pombal, como ficou conhecido.
Foi a esta pessoa que foi atribuída a instrução que se tornou bastante popular: “enterrem-se os mortos, cuide-se dos vivos”. Sebastião José de Carvalho e Melo assumiu a liderança dos planos de reconstrução de Lisboa, quase de imediato.
Segurança da cidade
Sebastião José de Carvalho e Melo tratou de acautelar a segurança no interior do próprio perímetro urbano da cidade. O Marquês de Pombal fez questão de mostrar uma mão muito dura com os roubos e as pilhagens que ocorreram nesses dias. Os infratores foram julgados e devidamente punidos, quase com execuções sumárias.
A reconstrução da capital
Sebastião José de Carvalho e Melo pretendeu reconstruir a cidade de uma forma megalómana.
Por isso, asseguraram-se especialistas, contrataram-se engenheiros e arquitetos, além disso, trouxeram-se para a cidade muitos trabalhadores de outras regiões. As pessoas trabalharam com afinco e colocaram mãos à obra para a edificação daquilo a que, atualmente, é dado o nome de baixa pombalina.
Cidade pioneira
Muitos desconhecem, mas esta reconstrução feita na capital tornou Lisboa numa das primeiras cidades do mundo a apresentar edifícios de construção antissísmica.
Na época, os modelos feitos em madeira faziam testes recorrendo a soldados a marchar em seu redor. Essa medida visava simular o impacto de um abalo sísmico.
Novas linhas em Lisboa
Lisboa apresentava vielas medievais estreitas, antes do terramoto. No entanto, Sebastião José de Carvalho e Melo optou por dar preferência à criação de largas avenidas. As avenidas eram tão largas que muitas pessoas da época questionaram essas dimensões. Para que serviriam estradas tão largas?
O Marquês de Pombal respondeu a estas questões. Sebastião José de Carvalho e Melo disse que “um dia ainda irão achar estas avenidas estreitas”. Atualmente, constatamos que o Marquês de Pombal não estava longe da verdade…
A mudança radical
A capital portuguesa apresentou uma transformação radical. O terramoto de Lisboa está na origem de uma alteração brusca no aspeto da cidade. Os lisboetas deixaram de ter uma cidade de matriz medieval, passando a usufruir de uma cidade moderna. O Terreiro do Paço serve de exemplo das grandes obras realizadas em Lisboa.
Um novo terramoto
Será que poderá acontecer outro terramoto como o que aconteceu em Lisboa há 267 anos? Este terramoto arrasou a capital portuguesa e o medo que aconteça novamente algo tão destrutivo permanece desde então.
É uma discussão recorrente. Muitos estudiosos debatem se há possibilidade de ocorrer um evento deste género. A resposta é simples e triste. Sim, claro que pode acontecer outro terramoto.
Há muitas pessoas que defendem que é inevitável, por isso a questão não se centro na possibilidade de acontecer, mas sobre o momento em que vai acontecer. O surgimento de avisos dessa realidade já surgiram na capital. Em 1969, a cidade já sentiu um forte abalo. No entanto, esse acontecimento não teve comparação com os efeitos de 1755.
Previsão de um terramoto
Pode ser inevitável surgir um novo terramoto, tratando-se de uma cidade perto de uma zona de grande atividade sísmica. É impossível conseguir prever um tremor de terra com exatidão.
Esta tarefa pode ser tentada, mas a margem de erro é enorme. Poderá ser dentro de meses, anos ou séculos. Se um novo terramoto surgir, Lisboa deve estar preparada para minimizar os seus efeitos.
Preparação
Há que preparar a cidade para essa realidade. Os especialistas defendem que não há essa preparação. Existe na cidade uma falta de fiscalização generalizada. As construções recentes realizadas na capital também ignoram os procedimentos anti-sísmicos necessários para garantir a segurança dos edifícios em caso de terramoto.
Serviços mínimos
Ironicamente, os únicos edifícios que asseguram maiores defesas em caso de terramoto são os que foram construídos logo após o terramoto de Lisboa de 1755, sendo que desde então permanecem inalterados.
É necessário haver legislação e existir uma fiscalização mais vincada. Só desta forma é que é possível garantir segurança em caso de terramoto. Só assim se consegue que as perdas sejam minimizadas.