Na noite de 4 de dezembro de 2025, o céu português prepara-se para exibir um dos fenómenos mais raros das últimas décadas. A última Lua cheia do ano não será apenas uma superlua luminosa e vibrante: será também uma das luas mais altas e imponentes que o Hemisfério Norte verá nesta geração.
Um alinhamento improvável de ciclos celestes faz com que esta Lua seja marcada pelo major lunar standstill, um fenómeno que só regressará com a mesma intensidade em 2042.
Às 23h14 (hora de Lisboa), a Lua surgirá no seu auge — maior, mais brilhante e extraordinariamente elevada no firmamento. Um espetáculo silencioso, mas arrebatador, que une ciência, beleza e a rara sensação de testemunhar algo que só volta a acontecer daqui a quase duas décadas.
Porquê esta Lua é tão especial? A superlua e o raro ciclo de 18,6 anos
A NASA define superlua como o momento em que a Lua cheia coincide com a sua passagem pelo perigeu, o ponto mais próximo da Terra na órbita lunar.
O resultado é uma Lua que pode parecer até 14% maior e 30% mais brilhante — uma diferença que nem sempre é imediata para todos os observadores, especialmente quando já se encontra alta no céu.
Mas dezembro de 2025 traz algo adicional: esta superlua coincide com o período mais intenso do major lunar standstill, um ciclo de 18,6 anos que altera a declinação da Lua, fazendo com que atinja posições extremamente altas ou baixas no céu.
É este fenómeno que transforma a superlua num espetáculo ainda mais impressionante.
Diversos observatórios internacionais — como o Griffith Observatory de Los Angeles — descrevem o major lunar standstill como uma dança lenta e majestosa entre a Terra, a Lua e a inclinação orbital.
É um processo contínuo, não um evento instantâneo, mas os momentos de “extremo” destacam-se como verdadeiras raridades. A fase mais intensa termina precisamente agora, e só regressará em condições semelhantes por volta de 2042.
A Cold Moon: a Lua Fria que anuncia as longas noites de inverno
No mundo anglo-saxónico, esta Lua cheia é conhecida como Cold Moon ou Long Nights Moon. O nome não é poético por acaso. Surge na época mais escura do ano, quando o frio se intensifica e as noites parecem intermináveis. É também por isso que a sua presença intensa no céu gera um contraste visual poderoso — um brilho quase simbólico no coração da escuridão.
Como observar melhor este fenómeno inesquecível
Não são necessários equipamentos sofisticados. A olho nu, a superlua será imponente. No entanto, binóculos ou um pequeno telescópio podem revelar mares lunares, crateras e texturas que transformam a experiência num momento ainda mais íntimo e memorável.
Para uma observação perfeita:
- Escolher um local com baixa poluição luminosa.
- Evitar zonas com edifícios altos ou montanhas que tapem o horizonte.
- Assistir ao nascer da Lua, quando ainda está baixa — momento em que tende a parecer maior devido ao conhecido efeito do horizonte.
- Consultar transmissões online, caso o céu esteja nublado ou se viva numa zona urbana muito iluminada.
Mesmo à distância, assistir a este fenómeno mantém o encanto de saber que se participa num acontecimento celestial que Portugal só voltará a testemunhar dentro de 17 anos, explica o Postal.
Um espetáculo para guardar na memória
A última lua cheia de 2025 não é apenas um fenómeno astronómico: é um lembrete da dimensão do cosmos e do privilégio de o testemunhar. Em pleno silêncio da noite, a Lua elevar-se-á mais do que o habitual, iluminando o céu português numa combinação rara e irrepetível nesta geração.




