Utilizar o Multibanco é um gesto automático, repetido milhares de vezes por dia em todo o país. Porém, precisamente por ser tão rotineiro, tornou-se um alvo privilegiado para criminosos que exploram momentos de distração, excesso de confiança ou simples pressa. Entre os esquemas mais comuns e perigosos está a burla do cartão preso na ranhura, uma técnica que continua a fazer vítimas, sobretudo em locais movimentados.
O que muitos desconhecem é que existe uma função de segurança discreta, mas extremamente eficaz, que pode travar o esquema e impedir prejuízos imediatos: manter o botão “Cancelar” premido durante alguns segundos. Esse gesto simples pode significar a diferença entre perder o controlo da conta ou bloqueá-la a tempo.
Como funciona a burla do cartão preso
O Banco de Portugal tem emitido vários alertas sobre este tipo de fraude, cada vez mais sofisticada. O método começa geralmente com a instalação de um dispositivo quase impercetível na abertura onde se insere o cartão. A vítima introduz o cartão, a máquina aceita-o, mas o cartão deixa de sair. Fica preso, como se o terminal tivesse avariado.
A partir desse momento, o criminoso apenas aguarda a oportunidade. Aproxima-se da vítima com uma postura aparentemente prestável e oferece ajuda. Enquanto conversa, tenta:
- observar discretamente a introdução do PIN,
- substituir o cartão por outro parecido,
- ou induzir a vítima a afastar-se, deixando o cartão no terminal.
Quando a vítima percebe que o cartão foi retido, o criminoso já terá, muitas vezes, a informação necessária para movimentar fundos, fazer levantamentos ou efetuar compras.
Este tipo de burla ocorre sobretudo em:
- centros comerciais,
- estações de transporte,
- zonas turísticas,
- e outros locais com fluxo constante de pessoas, onde o criminoso se mistura facilmente com o ambiente.
O botão “Cancelar”: uma defesa pouco conhecida, mas crucial
Poucos utilizadores sabem que muitos terminais Multibanco dispõem de uma função de segurança oculta, criada para situações de avaria, manipulação ou comportamentos anómalos.
Ao manter o botão “Cancelar” premido durante cerca de cinco segundos, o terminal interrompe a operação, entra em modo de segurança e bloqueia automaticamente o cartão.
O bloqueio torna o cartão inutilizável até que o banco proceda ao respetivo desbloqueio, impedindo:
- levantamentos,
- transferências,
- pagamentos,
- ou qualquer outra utilização indevida.
É um gesto simples, rápido e decisivo. Em situações em que o terminal não reage, fica demasiado lento ou apresenta sinais estranhos, esta pode ser a primeira linha de defesa para evitar danos financeiros imediatos.
O que fazer quando existe suspeita de fraude
O Banco de Portugal destaca um princípio essencial: a rapidez conta — e muito.
Assim que haja suspeita de burla ou manipulação da máquina, é fundamental:
- Contactar o banco imediatamente para bloquear o cartão.
- Verificar movimentos recentes para identificar transações indevidas.
- Alertar as autoridades (PSP, GNR ou Polícia Judiciária) para registar a tentativa e possibilitar a investigação.
Nunca deve ser aceite ajuda de estranhos junto a um terminal. A proximidade física é, na maioria dos esquemas, o fator que permite ao burlão observar o PIN ou trocar o cartão sem que a vítima se aperceba.
Atenção, informação e prevenção: a melhor defesa contra burlas
A prevenção começa em pequenos hábitos. Entre gestos simples, mas fundamentais, destacam-se:
- Proteger o PIN com a mão ao digitá-lo.
- Evitar máquinas com ranhuras desalinhadas, peças soltas ou de aspeto duvidoso.
- Prestar atenção ao ambiente e a comportamentos suspeitos.
- Interromper sempre a operação à mínima irregularidade.
- Usar o botão “Cancelar” como mecanismo de defesa quando o cartão fica preso ou a máquina não reage.
Este mesmo botão, ignorado pela maioria, pode ser o gesto que transforma um potencial prejuízo numa situação totalmente controlada.
Numa altura em que as burlas relacionadas com cartões e pagamentos eletrónicos estão a tornar-se mais sofisticadas, o conhecimento é a ferramenta mais poderosa para travar o crime financeiro, refere a VortexMag.
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