Está a surgir uma nova protagonista no palco global da pandemia. A subvariante Stratus, também conhecida como XFG, está a espalhar-se a um ritmo acelerado e a causar surpresa entre especialistas — não só pela sua estrutura genética, mas por um sintoma peculiar que está a levantar novas questões.
Uma nova variante, uma nova incógnita
A pandemia de Covid-19 continua a escrever capítulos imprevisíveis. A subvariante Stratus (XFG), detetada pela primeira vez em janeiro de 2025, foi recentemente incluída pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na lista de “Variantes em Monitorização”.
Esta decisão foi tomada depois de um crescimento alarmante: em apenas quatro semanas, a presença da Stratus triplicou a nível mundial.
Hoje, esta nova linhagem já representa quase 25% das amostras genéticas analisadas globalmente, com casos registados em pelo menos 38 países. A sua disseminação rápida, especialmente no Sudeste Asiático, está agora a levantar alertas também noutros continentes, incluindo a Europa.
O que torna a Stratus diferente?
A Stratus é descendente direta da família ómicron, mas traz consigo um perfil genético único. É o resultado da fusão de duas variantes anteriores — LF.7 e LP.8.1.2 — e possui nove mutações adicionais na proteína spike, aquela que o vírus usa para se ligar às células humanas.
Estas mutações podem aumentar a capacidade de evasão imunitária, o que significa que mesmo quem já teve Covid-19 ou recebeu doses anteriores da vacina pode não estar totalmente protegido contra a nova estirpe.
Apesar disso, a OMS mantém a avaliação de “risco baixo” para a saúde pública global. Até ao momento, não há sinais de que esta variante provoque formas mais graves da doença, nem um aumento das taxas de mortalidade.
Um sintoma inesperado: a voz rouca que pode ser um sinal de alerta
Entre os sintomas clássicos da Covid-19, como febre, fadiga, congestão nasal e perda de paladar ou olfato, a variante Stratus está a destacar-se por apresentar um sintoma inicial pouco comum, mas fácil de detetar: a rouquidão.
Segundo o médico Kaywaan Khan, citado pela revista Cosmopolitan, um dos primeiros sinais pode ser uma alteração na voz, conhecida como disfonia, que se manifesta por um tom áspero ou rouco.
“A rouquidão pode ser confundida com os sintomas de uma constipação, mas pode ser o primeiro indício de infeção pela nova subvariante”, alerta o especialista. Este sintoma distingue a Stratus da anterior variante Nimbus (B.1.8.1), apelidada de “lâmina de barbear” devido às intensas dores de garganta que causava. A Stratus, por outro lado, instala-se de forma mais subtil, mas não menos preocupante.
Sintomas comuns continuam presentes
Embora a rouquidão esteja a chamar a atenção, os restantes sintomas mantêm-se semelhantes aos observados noutras variantes da ómicron:
- Febre e calafrios
- Tosse seca
- Congestão nasal
- Fadiga intensa
- Dores musculares e de cabeça
- Náuseas ou vómitos
- Perda de olfato ou paladar
Na maioria dos casos, a doença continua a apresentar um quadro clínico leve, mas os especialistas insistem: não se deve desvalorizar nenhum sintoma.
Testar continua a ser essencial – mesmo que pareça uma simples constipação
A nova subvariante pode passar despercebida num mar de infeções respiratórias típicas da estação. Por isso, realizar um teste de diagnóstico é fundamental.
“Independentemente da intensidade dos sintomas, os testes continuam a ser a forma mais eficaz de confirmar ou excluir uma infeção por Covid-19”, sublinha o Dr. Kaywaan Khan.
Isto é especialmente importante para proteger grupos vulneráveis, como idosos, grávidas, doentes crónicos ou pessoas imunodeprimidas.
Medidas de prevenção continuam válidas e necessárias
Mesmo com uma avaliação de risco considerada baixa, a vigilância não pode abrandar. As autoridades de saúde e a OMS continuam a reforçar a importância das medidas básicas de prevenção, que continuam a ser a nossa melhor defesa:
- Lavar frequentemente as mãos com água e sabão ou solução alcoólica
- Evitar espaços fechados e mal ventilados
- Isolar-se em caso de sintomas ou teste positivo
- Cumprir as recomendações das autoridades de saúde pública
- Atualizar a vacinação sempre que recomendado
O que esperar das próximas semanas?
A rápida ascensão da Stratus levanta questões importantes: estamos perante uma vaga passageira ou uma nova tendência pandémica? A resposta só poderá ser conhecida com a evolução dos dados epidemiológicos nos próximos meses.
Para já, a OMS intensificou a monitorização genética da subvariante e atualizou as suas orientações para os serviços de saúde de todo o mundo.
Em resumo
A variante Stratus (XFG) marca uma nova fase da pandemia com a sua capacidade de contágio elevada, mutações preocupantes e um sintoma surpreendente: a rouquidão. Apesar de parecer clinicamente menos severa, a sua disseminação veloz exige atenção redobrada.
Neste momento, refere o Postal do Algarve, o apelo dos especialistas é claro: não baixar a guarda, não ignorar sintomas e não adiar o teste. Porque mesmo uma voz rouca pode ser o prenúncio de algo maior.
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