As autoridades portuguesas lançaram um alerta que não deve ser ignorado: trancar portas, manter luzes acesas e evitar partilhar rotinas nas redes sociais são gestos simples que podem fazer a diferença entre um lar seguro e o pesadelo de um furto. A Polícia de Segurança Pública (PSP) revelou que, no primeiro semestre deste ano, foram registados 2.521 furtos a residências — menos 103 do que no mesmo período de 2024 —, mas sublinha que a ameaça permanece real e constante.
O retrato dos furtos em Portugal
Apesar da ligeira descida de 3,9% no número de ocorrências, o nível de risco mantém-se elevado.
Segundo dados oficiais, os ladrões recorrem frequentemente a métodos violentos como o arrombamento de portas, fechaduras e janelas, muitas vezes utilizando gazuas, ferramentas específicas ou até ácido.
O escalamento de varandas e janelas em prédios é também uma técnica comum. Mas os furtos sem sinais de arrombamento — em áreas anexas à habitação, ou com recurso a chaves falsas — revelam um lado ainda mais inquietante: o acesso silencioso, quase invisível, que pode apanhar qualquer família desprevenida.
Conselhos essenciais da PSP para proteger a sua casa
A PSP apela a uma vigilância redobrada e partilha recomendações práticas que cada cidadão pode adotar no dia a dia:
- Trancar sempre a porta da habitação, mesmo em ausências curtas, e confirmar o fecho de garagens e portões.
- Criar sinais de presença em casa: manter alguma luz ligada ou roupa estendida pode ser suficiente para afastar olhares suspeitos.
- Evitar divulgar rotinas ou ausências prolongadas nas redes sociais, já que os criminosos recorrem frequentemente a estas plataformas para identificar alvos fáceis.
- Alertar as autoridades perante situações suspeitas, pois quanto mais rápida for a denúncia, maior a probabilidade de identificar e deter os autores.
Estes conselhos, embora simples, refletem a importância de transformar hábitos quotidianos em barreiras de segurança invisíveis.
A ameaça que vem de fora
O problema não é apenas nacional. Um relatório recente da Europol (EU-SOCTA) identificou como principal ameaça os grupos criminosos itinerantes, que percorrem regiões e países em busca de alvos vulneráveis, especialmente moradias e apartamentos.
Estes grupos atuam de forma organizada, rápida e eficaz, deixando rasto de insegurança nas comunidades por onde passam.
Guia prático: 7 passos para reforçar a segurança em casa
Mais do que recomendações, a prevenção deve ser incorporada no quotidiano. Eis um guia simples que pode salvar famílias de situações traumáticas:
- Trancar sempre duas vezes – Não basta fechar a porta: rodar a chave totalmente reforça a resistência contra tentativas de arrombamento.
- Instalar fechaduras seguras – Modelos anti-gazua e anti-bumping dificultam a entrada de intrusos.
- Usar temporizadores de luz – Quando ausente por vários dias, programar luzes para ligar e desligar dá a impressão de casa habitada.
- Evitar rotinas previsíveis – Alterar horários de saída e chegada reduz a possibilidade de vigilância criminosa.
- Não partilhar férias online em tempo real – Publicar fotografias de viagens só após regressar a casa é uma forma simples de não alertar potenciais ladrões.
- Criar rede de vizinhança vigilante – Pedir a vizinhos de confiança que recolham o correio ou verifiquem a habitação transmite movimento e dificulta a perceção de ausência.
- Comunicar sempre situações estranhas – Pessoas a rondar prédios, carros estacionados repetidamente ou desconhecidos a observar entradas devem ser reportados de imediato às autoridades.
Segurança começa em casa
O número de detenções — 66 só neste primeiro semestre — prova que as autoridades estão atentas, mas também que a criminalidade encontra sempre novas formas de se infiltrar.
Segundo o Postal, a segurança das habitações não depende apenas da atuação policial: depende também de uma cultura de prevenção. Cada porta bem trancada, cada luz estrategicamente acesa e cada rotina preservada do olhar público é um passo firme contra o crime.
Checklist de segurança doméstica da PSP
Trancar sempre a porta – rode a chave até ao fim, mesmo em ausências curtas.
Fechaduras seguras – invista em modelos anti-gazua e anti-bumping.
Luzes programadas – use temporizadores para simular presença em casa.
Rotinas alternadas – evite horários demasiado previsíveis de saída e chegada.
Nada de férias nas redes sociais – publique fotos apenas depois de regressar.
Rede de vizinhos – peça a alguém de confiança para recolher correio e vigiar a casa.
Roupa estendida – mantenha pequenos sinais de movimento na habitação.
Garagens e portões – confirme sempre se estão devidamente fechados.
Olhos atentos – comunique de imediato às autoridades qualquer situação suspeita.
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