As rotundas fazem parte da paisagem rodoviária portuguesa e estão presentes em praticamente todas as localidades. Apesar disso, continuam a ser um dos cenários mais frequentes de infrações, confusões e acidentes. A má utilização das rotundas é, ano após ano, uma das principais causas de colisões urbanas — muitas delas perfeitamente evitáveis com informação, atenção e respeito pelas regras.
Saber como circular corretamente numa rotunda não é apenas uma questão de cumprir o Código da Estrada — é uma atitude de cidadania rodoviária que protege vidas e evita perdas desnecessárias, tanto humanas como materiais.
A entrada na rotunda: o primeiro momento crítico
É ao aproximar-se de uma rotunda que tudo começa. E começa com uma escolha crucial: o carril certo. Entrar na via errada pode obrigar a manobras de última hora, cruzamentos perigosos ou até travagens bruscas. Tudo o que se deve evitar num ambiente onde a fluidez e a previsibilidade são essenciais.
Por regra, deve-se entrar pela via da direita, especialmente se vai sair nas primeiras ou segundas saídas.
Contudo, há uma exceção: se a faixa da direita estiver congestionada, é permitido entrar pela via da esquerda — mas atenção, essa decisão implica planeamento, já que terá de se posicionar corretamente a tempo para sair com segurança.
Dentro da rotunda: onde muitos se perdem
No interior da rotunda, a palavra de ordem é antecipação. Circular no carril exterior é a prática mais segura, sobretudo se vai sair nos primeiros acessos. Já a faixa interior deve ser usada com critério: para ultrapassagens, ou quando pretende sair em saídas posteriores.
A grande maioria dos acidentes em rotundas acontece por cortes diretos desde o interior, sem sinalização, sem tempo e sem respeito pela trajetória de outros condutores. Estes erros não são apenas perigosos — são puníveis por lei e podem resultar em multas pesadas e perda de pontos na carta de condução.
A saída: o momento onde tudo se decide
Sair corretamente de uma rotunda é tão importante quanto entrar. A saída deve ser sempre feita a partir da via exterior, com o pisca direito ligado atempadamente e uma condução previsível. A manobra deve começar logo antes da saída anterior à desejada, permitindo reposicionar-se sem pressas nem surpresas.
Em casos excecionais, quando há sinalização horizontal que o permita, e se a via exterior estiver obstruída, pode sair diretamente da via interior — mas esta deve ser uma exceção, não uma regra. Se não conseguir sair com segurança, não hesite em dar mais uma volta à rotunda. A prioridade é sempre a segurança, não a pressa.
As consequências de ignorar as regras
O Código da Estrada é claro e rigoroso. Não respeitar a prioridade nas rotundas ou realizar manobras perigosas pode constituir uma contraordenação grave ou muito grave, com coimas que vão dos 120 € aos 600 €, e perda de 2 a 4 pontos na carta de condução.
Mais alarmante ainda são os números: entre 2015 e 2019, mais de 45 mil acidentes com vítimas ocorreram em rotundas, segundo dados oficiais. A esmagadora maioria resultou de comportamentos incorretos — más escolhas de faixa, saídas sem sinalização ou cortes perigosos.
Estes dados não são apenas estatísticos. Representam vidas alteradas, carros destruídos, famílias afetadas e, por vezes, ferimentos graves ou mesmo mortes — tudo por falhas que poderiam ter sido evitadas com informação e respeito.
Dicas essenciais para circular com segurança nas rotundas
- Planeie com antecedência: saiba qual a saída que vai tomar antes de entrar na rotunda.
- Escolha o carril adequado logo à entrada — não improvise manobras a meio.
- Use os espelhos retrovisores, sinalize sempre com os piscas e mantenha uma condução suave.
- Evite travagens e acelerações súbitas: a fluidez depende de todos.
- Mantenha-se no carril exterior se vai sair nas primeiras saídas.
- Se não estiver bem posicionado, não force a saída — dê mais uma volta.
- Lembre-se: segurança e previsibilidade são inseparáveis.
A responsabilidade é de todos
A boa condução não se mede apenas pela habilidade ao volante, mas sim pela capacidade de antecipar, respeitar e proteger. As rotundas existem para facilitar o trânsito — mas quando mal utilizadas, tornam-se armadilhas.
Respeitar as regras nas rotundas é uma forma de proteger a sua vida, a dos seus passageiros e a dos outros utilizadores da estrada, explica o Postal do Algarve. É uma escolha consciente que demonstra maturidade, civismo e empatia.
Conclusão: conduzir com responsabilidade evita multas, acidentes e tragédias
As rotundas não são complicadas — desde que compreendidas e respeitadas. Conhecer bem as regras de circulação, entrada e saída é essencial para garantir segurança, evitar multas elevadas e preservar os pontos da sua carta de condução.
Porque mais do que saber conduzir, é preciso saber como conduzir.