Todos os dias, milhares de condutores circulam pelas estradas portuguesas com a sensação de estarem preparados para qualquer imprevisto. No entanto, há um detalhe que muitos ignoram: ter o equipamento obrigatório no carro não basta — é preciso saber utilizá-lo corretamente. Um erro simples, muitas vezes cometido por distração ou desconhecimento, pode sair-lhe caro… muito caro.
Entre os objetos obrigatórios, o triângulo de pré-sinalização de perigo continua a ser um dos mais fiscalizados e, simultaneamente, um dos mais mal utilizados. Ao lado dele, o colete refletor é outro aliado da segurança que, quando usado de forma errada ou esquecido, pode custar-lhe não apenas dinheiro, mas também a vida.
Se pensa que só será multado se tiver um acidente, desengane-se: basta uma operação STOP para que a polícia descubra a infração e lhe passe uma coima que pode chegar aos 600 euros.
O que diz a lei sobre o uso do triângulo
O Código da Estrada é claro: o triângulo de perigo deve ser utilizado sempre que o veículo fique imobilizado na faixa de rodagem ou na berma — seja por avaria, acidente ou mesmo pela queda de carga.
Segundo o artigo 88.º, este equipamento deve ser retrorrefletor, homologado e colocado a pelo menos 30 metros da parte traseira do veículo, alinhado com o eixo da via, e visível a 100 metros de distância.
Se a estrada tiver curvas ou lombas, esta distância deve ser ajustada para garantir que outros condutores o veem com antecedência.
O triângulo deve ser colocado perpendicularmente ao solo e à via, não de qualquer maneira.
Parece um pormenor? Pois este simples gesto pode evitar colisões em cadeia e salvar vidas, especialmente em estradas com pouca iluminação ou tráfego intenso.
O colete refletor: mais importante do que imagina
A lei também obriga a que qualquer condutor que saia do veículo para sinalizar uma paragem — seja para colocar o triângulo, mudar um pneu ou retirar objetos da via — vista o colete refletor certificado.
Esta obrigação, introduzida pelo Decreto-Lei n.º 44/2005, aplica-se à maioria dos veículos, com exceção apenas de motociclos, triciclos, motocultivadores e quadriciclos sem caixa. O colete não serve apenas para “cumprir a lei” — ele aumenta a sua visibilidade e pode ser a diferença entre a vida e a morte numa estrada movimentada.
As multas que pode evitar
De acordo com a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR):
- Não colocar o triângulo ou não usar o colete: multa entre 120€ e 600€
- Não transportar o triângulo ou o colete no veículo: multa entre 60€ e 300€ por cada item em falta
Estas coimas não dependem da ocorrência de um acidente. Uma simples paragem para fiscalização é suficiente para lhe serem aplicadas.
Estatísticas que não deixam dúvidas
Entre janeiro e maio de 2025, registaram-se 57.132 acidentes nas estradas portuguesas, com 157 vítimas mortais e mais de 16 mil feridos ligeiros.
Muitos destes sinistros resultaram de falta de sinalização adequada após imobilização de veículos. Especialistas do projeto ViaMais alertam que colisões secundárias — quando um veículo embate num carro já parado — são mais comuns do que se pensa e muitas vezes fatais.
O futuro: triângulo ou baliza luminosa?
Na União Europeia, discute-se a substituição do tradicional triângulo pela baliza luminosa V16, equipada com geolocalização e visibilidade a 360°, que poderá tornar-se obrigatória a partir de 2026.
Em Portugal, refere o Postal do Algarve, o Código da Estrada mantém, para já, a exigência do triângulo.
Checklist antes de sair para a estrada
- Confirmar que o triângulo e o colete estão no veículo
- Saber posicionar corretamente o triângulo (30 metros, visível a 100 metros)
- Vestir o colete antes de sair do carro
- Garantir que o equipamento está em bom estado e homologado
Conclusão: A segurança rodoviária não se resume a conduzir com cuidado — começa antes mesmo de ligar o motor. O triângulo e o colete refletor são mais do que obrigações legais: são instrumentos que podem salvar vidas, incluindo a sua.
Da próxima vez que pegar no carro, lembre-se: cumprir as regras é proteger-se… e evitar que uma simples operação STOP lhe custe uma pequena fortuna.