Em Portugal, duas vezes por ano, a rotina ganha um compasso diferente. É o ritual da mudança da hora, uma prática que, apesar de já fazer parte do quotidiano dos portugueses, continua a levantar a mesma dúvida: afinal, adianta-se ou atrasa-se o relógio?
De acordo com diretivas europeias, Portugal segue um calendário definido para alinhar os ponteiros com a luz solar disponível. O objetivo é claro: aproveitar melhor os recursos naturais, garantir mais horas de luminosidade nos dias longos de verão e ajustar os horários à realidade dos meses de inverno.
Quando acontece a mudança da hora?
Em 2025, a mudança para o horário de inverno terá lugar no último domingo de outubro, ou seja, a 26 de outubro.
Às 2 horas da manhã, os relógios deverão ser atrasados para a 1 hora em Portugal Continental e na Madeira. Já nos Açores, devido ao fuso horário distinto, o ajuste ocorre uma hora antes: da 1 hora para a meia-noite.
No entanto, esta não é a única alteração do ano. Já em 30 de março de 2025, os portugueses viveram a passagem para o horário de verão. Nesse dia, os ponteiros adiantaram-se uma hora, passando da 1 h para as 2 h. Nos Açores, mais uma vez, a mudança aconteceu uma hora antes, da meia-noite para a 1 h.
Muito mais do que um hábito
Embora possa parecer apenas uma questão técnica, a mudança da hora tem uma forte ligação com a forma como organizamos o nosso dia.
No inverno, o atraso do relógio procura ajustar as atividades humanas às horas de sol, reduzindo a sensação de escuridão precoce.
Já no verão, ao adiantar os ponteiros, ganha-se mais tempo de luz natural ao final da tarde, favorecendo o convívio, o lazer e até o comércio e a restauração. Há também uma dimensão energética: a prática nasceu como forma de poupar eletricidade, ao minimizar o consumo de iluminação artificial.
Apesar de os estudos atuais apontarem que o impacto económico e energético já não é tão significativo como no passado, a medida continua a ser aplicada por razões históricas e de uniformização europeia.
Uma tradição centenária com futuro incerto
A história da mudança da hora remonta à Primeira Guerra Mundial, quando vários países europeus decidiram adotar a medida para economizar energia em tempos de crise. Desde então, o sistema foi sendo adaptado e permanece até hoje como uma convenção regulada pela União Europeia.
Nos últimos anos, o tema esteve em debate em Bruxelas. Em 2018, a Comissão Europeia chegou mesmo a propor o fim da mudança da hora, permitindo que cada país escolhesse se queria manter permanentemente o horário de verão ou o de inverno.
No entanto, a proposta acabou por ficar em suspenso, e os ponteiros continuam a girar ao ritmo deste ritual, refere o Postal.
O que esperar nos próximos anos?
Enquanto não surgir uma decisão definitiva, Portugal continuará a seguir o calendário habitual:
- Último domingo de março → adianta-se uma hora (1 h passa a 2 h em Portugal Continental e Madeira; nos Açores, da meia-noite para a 1 h).
- Último domingo de outubro → atrasa-se uma hora (2 h passa a 1 h em Portugal Continental e Madeira; nos Açores, da 1 h para a meia-noite).
Até indicação em contrário, a tradição mantém-se. Para alguns, este ajuste traz desconforto temporário — noites mal dormidas, cansaço e dificuldade em adaptar-se. Para outros, representa a oportunidade de desfrutar de tardes mais luminosas no verão ou de alinhar o relógio com o ritmo da natureza no inverno.
No fundo, a mudança da hora em Portugal continua a ser mais do que um detalhe técnico: é um reflexo de como a sociedade procura equilibrar a vida quotidiana com os ciclos da luz solar e com as regras da União Europeia.