O verão é sinónimo de calor, sol, noites ao ar livre e convívio entre amigos… mas também traz de volta um inimigo silencioso e persistente: os mosquitos. Esses pequenos insetos, aparentemente inofensivos, podem transformar um momento agradável numa experiência de coceira e desconforto, e, em alguns casos, representar riscos sérios para a saúde.
Se sente que, numa roda de amigos, é sempre a primeira pessoa a ser picada, não é imaginação — há, de facto, razões científicas para que algumas pessoas sejam mais atraentes para os mosquitos.
Um enfermeiro espanhol, Jorge Ángel, conhecido nas redes sociais como @enfermerojorgeangel, tornou-se viral ao partilhar no TikTok e Instagram explicações baseadas na ciência sobre o comportamento destes insetos e dicas práticas para os manter à distância. O seu vídeo, citado pelo jornal La Vanguardia, já acumula milhares de comentários e partilhas.
Por que é que os mosquitos escolhem certas pessoas?
Segundo o enfermeiro, a culpa é das fêmeas dos mosquitos — são elas que picam, porque necessitam de proteínas presentes no sangue para desenvolver e nutrir os seus ovos.
Mas como é que elas escolhem a “vítima”? Estudos mostram que os mosquitos usam vários fatores para identificar o alvo:
- Cor da roupa: tons escuros (preto, azul-marinho, verde-escuro) tornam-no mais visível para os mosquitos, que têm sensores altamente sensíveis ao contraste.
- Dióxido de carbono (CO₂): cada vez que respiramos, libertamos CO₂. Quem produz mais (por exemplo, pessoas com maior massa corporal ou durante exercício físico) tende a atrair mais mosquitos.
- Temperatura corporal e suor: a libertação de calor e certos compostos químicos no suor funcionam como um “convite” para os mosquitos.
- Cheiros e perfumes: fragrâncias florais ou frutadas podem ser confundidas com sinais químicos que os mosquitos usam para encontrar alimento.
Roupa clara: a primeira linha de defesa
Jorge Ángel destaca que usar roupa clara é um truque simples e eficaz para reduzir picadas. Ao contrário do que muitos pensam, não é apenas o repelente que afasta mosquitos — a escolha da roupa pode mudar radicalmente o “interesse” deles por si.
Além da cor, a cobertura da pele é crucial: mangas compridas, calças leves e meias podem criar uma barreira física. Em dias muito quentes, tecidos finos e respiráveis ajudam a manter o conforto sem abrir mão da proteção.
Repelentes: nem todos são iguais
O enfermeiro recomenda repelentes à base de permetrina, que podem ser aplicados tanto na pele como na roupa. A permetrina não só afasta como elimina mosquitos ao contacto, prolongando a proteção. É especialmente útil para quem viaja para zonas com alta densidade de insetos.
Eliminar água parada: cortar o problema pela raiz
Mais de 70% da população de mosquitos domésticos reproduz-se em água estagnada. Por isso, eliminar todos os recipientes que a possam acumular é essencial. Isso inclui:
- Pratos de vasos de plantas
- Pneus velhos
- Baldes, regadores e brinquedos de exterior
- Garrafas ou embalagens esquecidas no quintal
Até pequenas quantidades de água — menos de uma tampa de garrafa — podem servir de berçário para centenas de larvas.
A limpeza regular dos bebedouros de animais e das piscinas infantis é igualmente importante.
Mosquiteiras: velhas aliadas, proteção garantida
Apesar da modernidade dos repelentes e dispositivos eletrónicos, as mosquiteiras continuam imbatíveis como barreira física. Podem ser instaladas em portas, janelas ou até diretamente nas camas, criando um ambiente livre de mosquitos durante o sono.
Em zonas rurais ou tropicais, onde o risco de doenças transmitidas por mosquitos é mais elevado, o seu uso é altamente recomendado.
Métodos caseiros: mito ou realidade?
Nos comentários ao vídeo, surgiram dezenas de sugestões, como óleos essenciais (citronela, eucalipto-limão, árvore-do-chá), velas aromáticas e pulseiras repelentes. Embora alguns destes métodos possam oferecer proteção parcial, os especialistas alertam: nenhum substitui o uso de repelentes comprovados cientificamente.
Quando as picadas não são apenas incómodo
Na maioria das situações, a reação à picada é apenas vermelhidão, comichão e inchaço. No entanto, em regiões tropicais ou subtropicais, os mosquitos podem transmitir doenças como:
- Dengue
- Zika
- Chikungunya
- Febre amarela
- Malária
Estas doenças podem ter consequências graves e até fatais, pelo que a prevenção é fundamental, refere o Postal do Algarve.
Informação que salva
O caso de Jorge Ángel mostra como as redes sociais podem ser ferramentas poderosas de educação para a saúde pública, desde que a informação seja rigorosa e validada por profissionais.
Este verão, antes de sair para o jardim, fazer um piquenique ou assistir a um concerto ao ar livre, lembre-se: a prevenção está nas suas mãos. A escolha certa de roupa, um bom repelente e a eliminação de focos de água parada podem ser o escudo que afasta este pequeno, mas persistente inimigo.
Proteger-se dos mosquitos é proteger o seu bem-estar — e, em alguns casos, a sua própria vida.