O Banco de Portugal surpreendeu os consumidores ao colocar em circulação novas moedas de 2€ e 5€, algumas de caráter comemorativo e outras de coleção. A novidade tem despertado curiosidade, mas também levantado dúvidas legítimas: podem estas moedas substituir as notas em pagamentos correntes? Como distinguir um exemplar verdadeiro de uma falsificação?
Num cenário em que o dinheiro físico vai perdendo espaço para os pagamentos digitais, estas emissões especiais recordam-nos da importância cultural, histórica e até afetiva que o numerário continua a ter no quotidiano.
Moedas comemorativas de 2€: símbolos de identidade nacional
Segundo a DECO PROTeste, foi recentemente emitida uma moeda corrente comemorativa de 2€, com a inscrição “Desenvolvimento Sustentável”, assinalando o Dia Nacional da Sustentabilidade, celebrado a 25 de setembro.
Já em junho tinha sido posta em circulação outra moeda de 2€, prevista para este ano, igualmente distribuída através de bancos, instituições de crédito, tesourarias do Banco de Portugal e lojas da Imprensa Nacional – Casa da Moeda.
Estas moedas, embora legítimas e válidas em toda a zona euro, são raramente encontradas no dia a dia devido à sua produção limitada, tornando-se peças de coleção quase imediatas.
Moedas de 5€: não substituem notas
Ao longo de 2024 foram ainda emitidas seis moedas de 5€, bem como outras de valores faciais menos comuns, como 2€ e 7,50€.
Contudo, a emissão de moedas de 5€ não implica a retirada ou substituição das notas de igual valor. Pelo contrário: estas moedas terão circulação residual, dado que as quantidades produzidas são bastante reduzidas.
Para os colecionadores e curiosos, trata-se de uma oportunidade rara. Para os consumidores comuns, são um meio de pagamento válido, mas de utilização esporádica.
Notícias falsas e riscos de contrafação
No final de 2024, espalhou-se nas redes sociais a notícia de que teria sido lançada uma moeda de coleção dedicada a Cristiano Ronaldo. A informação era falsa, mas serviu para expor um risco real: o da contrafação. De acordo com a DECO PROTeste, sempre que receber uma moeda de coleção como troco ou pagamento, é fundamental confirmar a autenticidade.
Como identificar uma moeda verdadeira?
- Relevos: analisar os detalhes da gravação, que devem ser nítidos e precisos.
- Bordos: verificar as inscrições e cortes específicos, que são únicos por emissão.
- Propriedades magnéticas: algumas moedas apresentam reações a ímanes, ajudando a identificar falsificações.
A recomendação é clara: não confiar apenas num único detalhe, mas cruzar várias características.
Quem é obrigado a aceitar estas moedas?
As moedas de 2€ e 5€ emitidas pelo Banco de Portugal têm curso legal e podem ser utilizadas em pagamentos correntes. Isto significa que:
- Supermercados e estabelecimentos comerciais não podem recusar estas moedas.
- Particulares não são obrigados a aceitá-las em transações privadas.
Existe ainda um limite imposto por lei: em qualquer pagamento, ninguém é obrigado a aceitar mais de 50 moedas, sejam elas correntes ou de coleção.
Vale a pena comprar moedas de coleção?
Segundo a DECO PROTeste, a compra de moedas de coleção não acarreta risco quando feita pelo valor facial. Por exemplo, adquirir uma moeda de 5€ por cinco euros significa que nunca perderá o seu valor.
Além disso, há sempre a possibilidade de valorização futura. Muitos colecionadores e investidores veem nestas emissões uma oportunidade de obter uma mais-valia, caso a procura aumente ao longo dos anos.
Em última instância, se não encontrar comprador interessado, poderá sempre usar a moeda em compras do dia a dia ou trocá-la no Banco de Portugal.
Entre tradição e modernidade: o valor das novas emissões
Num tempo em que os pagamentos digitais dominam, a emissão destas moedas recorda a ligação emocional e histórica que a sociedade mantém com o dinheiro físico, refere o Postal. Mais do que simples instrumentos de pagamento, estas moedas representam cultura, identidade e até orgulho nacional.
Ao mesmo tempo, levantam questões práticas sobre autenticidade, aceitação e utilidade. Entre o simbolismo e a funcionalidade, o consumidor português vê-se diante de um pequeno objeto que pode ter grande valor — não apenas económico, mas também cultural e colecionista.
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