Histórias que já se contam há séculos. Descubra os mais fascinantes mitos e lendas associados à história e cultura do Grande Porto.
O Porto é uma das cidades europeias mais bonitas. O seu reconhecimento é internacional. Além de ter vencido vários prémios ligados à área do turismo, o seu sucesso confirma-se diariamente com as visitas de turistas. Fica difícil caminhar nas ruas com tantos portugueses e estrangeiros a passearem pela Invicta.
A região do Grande Porto apresenta um carisma especial. Há uma gastronomia de excelência, paisagens deslumbrantes, um património que ajuda a contar a sua história rica e memorável.
O que muitos desconhecem é que, além da magia que envolve a cidade, há muitas lendas, mitos ligados a determinados monumentos relevantes para o norte do país.
Mitos e Lendas fascinantes do Grande Porto
Há estórias que se contam ao longo dos séculos. Nem sempre se fala só de factos. Por vezes, a verdade é temperada com um pouco de magia ou de imaginação. Ocasionalmente, juntam-se elementos assustadores e criam-se mitos ou lendas…
1 – Senhor de Matosinhos
Quem é do Norte já ouviu falar no “Senhor de Matosinhos”. Além de se tratar de uma estação de metro, trata-se de uma designação ligada a uma das festas nortenhas mais populares.
Devemos ainda destacar a lenda do homem que passou a ser Senhor, um dos principais símbolos de Matosinhos. Reza a lenda que a imagem do Senhor de Matosinhos terá sido esculpida por Nicodemos, uma pessoa que terá testemunhado os últimos momentos da vida de Jesus.
Ora, tendo em conta esta proximidade, diz-se que a obra de arte criada por este homem revelação a representação mais aproximada da imagem do Messias.
No entanto, a imagem é oca, porque na época todos os objetos sagrados que iam sendo criados eram escondidos ou atirados ao mar, uma vez que existia um contexto perigoso de perseguição religiosa.
Assim, para não correr riscos, Nicodemos optou por atirar ao mar a peça que criou. Segundo a lenda, a peça foi levada pelas correntes marítimas a partir da Judeia, sendo que esta acabaria por aparecer na praia de Matosinhos, apresentando-se danificada, sem um braço.
A população de Matosinhos (que, na época, se identificava como Bouças) ergueu naquele local um templo. Esta construção serviu como uma homenagem à figura que fez a travessia até aquele local.
No entanto, um dia, uma senhora recolheu no local um pedaço de madeira para a sua lareira. Após chegar a casa, a mulher lançou o pedaço de madeira ao fogo. No entanto, ele não pegava fogo como aconteceu com os outros pedaços.
A senhora tentou novamente. Contudo, de forma impressionante, a madeira manteve-se intacta. Ora, a filha da senhora, que era muda desde sempre, terá alertado a mãe, desesperadamente.
Ela sentia que aquele pedaço era o braço que faltava ao “Senhor de Matosinhos”, tendo dito isso mesmo à mãe. A população não foi contra a tese da criança e constatou que o que a menina dizia era verdadeiro. Por isso, a obra de arte foi transferida para uma igreja, permanecendo a adorar o “Senhor de Matosinhos” até à atualidade.
2 – Ilha do Frade
Segundo reza a lenda, no Largo de António Cálem, chegou a existir uma pequena ilha no estuário do Douro. Era a chamada Ilha do Frade. Muitas pessoas defendem que existia um mosteiro de frades franciscanos na margem de Gaia.
Segundo o povo, a leiteira levava o leite diariamente ao mosteiro e cruzava-se sempre com o porteiro. Ora, este homem ter-se-á apaixonado pela beleza da leiteira. Terão passados dias e o encanto manteve-se. Os dias passaram a meses e, depois, a anos, até que, finalmente, o homem ganhou coragem de assumir o que sentia pela leiteira.
Ele defendeu que não era frade, mas apenas o porteiro do mosteiro. A leiteira ficou surpreendida com aquele contacto. Como já namorava, terá contado o sucedido ao seu namorado. Este orquestrou um plano, uma armadilha ao pretendente da sua amada.
Desta forma, a leiteira terá aceitado encontrar-se com o porteiro do mosteiro. Supostamente, iriam passear num barco. O porteiro achava que o seu amor estava a ser correspondido pela rapariga. Contudo, desconhecia o que estava preparado para si.
O porteiro caiu no erro de confiar na leiteira e entrou na pequena embarcação. Já no barco, ele esperou pela sua amada. Entretanto, enquanto aguardava, terá surgido um denso nevoeiro. A ausência dela manteve-se e… a noite caiu. O porteiro dos frades ficou desorientado. Não sabia o que fazer. Se esperar mais, se regressar ao mosteiro.
No dia seguinte, o porteiro acordou. Ainda permanecia sozinho numa ilha. Quando olhou para a outra margem, viu a leiteira e o namorado a gozarem-no. Por fim, percebeu o que se tinha passado…
Foi humilhado. Ela não gostava dele. O sítio onde o porteiro acordou ficou conhecido como “A Ilha do Frade” até aos dias de hoje.
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3 – Estação de São Bento
A Estação de São Bento é uma bandeira turística da cidade do Porto. Além da sua beleza, revela-se um local histórico. Esta estrutura recebe diariamente visitantes que ficam encantados com este elemento arquitetónico pintado por dentro em tons de azul e branco. Os seus azulejos são verdadeiramente deslumbrantes.
Além das pessoas que passam por aqui para realizarem as suas viagens de comboio ou metro, a Estação de São Bento recebe muitos turistas de máquina fotográfica na mão… São inúmeros os estrangeiros e portugueses (portuenses e outros) que por aqui passam só para poderem contemplar e eternizar a sua beleza em fotografias.
Ora, muitos desconhecem que este monumento está associado à lenda do fantasma da estação. Para conhecer a origem da lenda, é necessário recuar um bocadinho no tempo. Antes de ser a estação que hoje vemos, aquele espaço pertencia a um convento de freiras.
No início do século XVI, mais precisamente em 1525, D. Manuel I tinha mandado construir um espaço de culto religioso em São Bento. Este mosteiro somente estava destinado a mulheres de alto gabarito social.
Desde esse momento, muitos anos passaram até ao ano de 1834, época histórica em que Joaquim António de Aguiar ficou a ser conhecido como o “Mata-Frades”. A razão da designação é fácil de deduzir. Ele ordenou a extinção das ordens religiosas em Portugal. Por isso, o convento onde a estação de São Bento veio a ser criada deixou de receber novas freiras.
Ora, enquanto houve freiras manteve-se em funcionamento. Com o passar dos anos, o número de feiras foi reduzindo cada vez mais. A última freira a habitar o mosteiro terá morrido bem mais tarde dessa instrução para acabarem com as ordens religiosas, mais precisamente 58 anos depois da ordem de extinção.
Segundo reza a lenda, as preces e rezas de D. Maria da Glória Dias Guimarães continuam a ouvir-se pela estação. Muitas pessoas defendem ter ouvido esta mulher. Entre o povo portuense, a Estação de São Bento é habitada pelo fantasma de Maria da Glória, que ainda se faz ouvir todas as noites…