Os antepassados dos lusitanos eram um mosaico de diferentes tribos que habitaram a península ibérica desde o Neolítico, mesclando-se posteriormente com invasores celtas, o que deu origem aos lusitanos. Embora não se saiba ao certo a origem destas tribos celtas, é provável que tenham vindo dos Alpes Suíços, atraídas pelo clima mais quente e terras mais férteis da península ibérica.
A chegada dos Romanos e a resistência lusitana
Quando os romanos chegaram à península, encontraram um cenário de diversidade cultural e tribal. Entre as várias tribos destacava-se a dos Lusitani, considerada uma das mais relevantes e organizadas. Localizados na parte ocidental da península, os lusitanos resistiram ferozmente à invasão romana durante décadas. O nome “Lusis” foi mencionado pela primeira vez na obra “Ora Maritima” de Avieno, que os descreveu como “pernix”, um termo latino que significa ágil e rápido, refletindo o estilo de vida e a destreza dos lusitanos.
O estilo de vida e o treino militar dos Lusitanos
Desde cedo, os lusitanos eram treinados para enfrentar os desafios do seu meio. Ainda em criança, um lusitano assumia o papel de pastor, familiarizando-se com o terreno e desenvolvendo resiliência.
Mais tarde, era introduzido na caça, uma atividade essencial tanto para a sobrevivência como para o treino militar. Quando atingiam a juventude, os lusitanos dedicavam-se ao treino de táticas mercenárias e ao uso de armas, preparando-se para enfrentar tanto inimigos externos como rivalidades tribais.
A liderança de Viriato
A chegada dos romanos trouxe uma nova dimensão de conflito. Habituados a lutas constantes entre si, as tribos lusitanas encontraram no inimigo comum um motivo para se unirem. A conquista romana da península ibérica iniciou-se pelas regiões do sul e do leste, onde a resistência foi menor.
No entanto, ao confrontarem os lusitanos, os romanos enfrentaram uma oposição determinada, caracterizada por emboscadas e táticas de guerrilha em terreno montanhoso.
Neste contexto surge a figura de Viriato, um dos maiores líderes lusitanos. Inicialmente, Viriato dedicava-se à defesa da sua terra natal contra as investidas romanas, mas rapidamente passou ao ataque, liderando campanhas militares contra o avanço romano.
O seu objetivo era expandir o campo de batalha, deslocando os combates para longe das aldeias lusitanas.
Em 147 a.C., quando as tribos lusitanas se renderam ao general romano Caio Vetílio, Viriato recusou-se a aceitar a derrota. Com um grupo de guerreiros fiéis, emboscou as tropas romanas no desfiladeiro de Ronda, matando Caio Vetílio e conquistando uma série de vitórias contra os sucessores deste, incluindo Caio Pláucio, Cláudio Unimano, Caio Nígido e Fábio Máximo.
A traição e a morte de Viriato
A derrota mais humilhante para Roma ocorreu em 140 a.C., quando Viriato infligiu grandes perdas ao exército liderado por Fábio Máximo, matando cerca de 3000 soldados romanos, explica a VortexMag. Como resposta, Fábio Máximo negociou um tratado que prometia autonomia aos lusitanos. Contudo, Roma não aceitou esta decisão e declarou novamente guerra, demonstrando o seu descontentamento com o fracasso em subjugar os lusitanos.
Em 139 a.C., Roma enviou o general Servílio Cipião para enfrentar Viriato, mas as suas tropas continuaram a ser derrotadas. Tentando resolver o conflito, Viriato enviou três emissários – Audas, Ditalco e Minuros – para negociar a paz.
No entanto, estes foram subornados por Cipião, que lhes prometeu riquezas em troca do assassinato do líder lusitano. Durante a noite, enquanto Viriato dormia, foi traído e morto pelos seus próprios homens.
A morte de Viriato marcou o fim da resistência lusitana organizada, embora pequenas rebeliões continuassem. Roma, contudo, considerou vergonhoso o uso de traição para derrotar os lusitanos, reconhecendo a bravura e o espírito indomável deste povo.
A romanização da Península Ibérica
A invasão romana da península ibérica teve origem na Segunda Guerra Púnica (218 a.C. a 201 a.C.), quando os romanos se moveram para o território ibérico para enfrentar os cartagineses. Apesar da derrota dos cartagineses, a pacificação da península revelou-se um desafio. Apenas com a Pax Augusta, em 19 a.C., é que as últimas regiões – habitadas pelos cântabros e astures – foram finalmente controladas.
As riquezas extraídas por Roma
A romanização da península trouxe consigo vastas riquezas para Roma, principalmente através da exploração de minas de ouro e prata, além de tributos e impostos. Conforme relatado por Plutarco, os rendimentos obtidos na península foram suficientes para cobrir os custos das guerras anteriores, consolidando a importância estratégica e económica deste território no império romano.