Na noite deste domingo, o céu vai oferecer um espetáculo grandioso: um eclipse total da Lua, fenómeno que poderá ser observado por mais de seis mil milhões de pessoas em todo o mundo. Em Portugal, no entanto, a experiência será parcial e exigirá alguma preparação e sorte, devido às condições de visibilidade.
O que acontece durante um eclipse total da Lua
Um eclipse total da Lua ocorre quando a Terra se coloca entre o Sol e a Lua, bloqueando a luz solar que, em condições normais, ilumina o satélite natural. A Lua, mergulhada na sombra da Terra, adquire uma tonalidade peculiar, frequentemente descrita como avermelhada ou acastanhada.
Este tom característico deve-se ao facto de apenas a luz vermelha atravessar a atmosfera terrestre e alcançar a superfície lunar. É este detalhe que faz com que o fenómeno seja popularmente apelidado de “Lua de Sangue”.
Embora o olho humano tenda a percecionar a Lua mais escura ou acastanhada, as fotografias conseguem captar uma intensidade maior de luz, revelando nuances mais fortes de vermelho.
Horários e condições de observação em Portugal
Em território nacional, o eclipse não será visível na sua totalidade. A Lua nascerá já parcialmente encoberta pela sombra da Terra.
- Início da observação: por volta das 20h00, quando a Lua surge no horizonte nascente.
- Duração da fase visível: até cerca das 21h00, altura em que o satélite começará a emergir da sombra terrestre.
Para apreciar o fenómeno será essencial encontrar locais com horizonte desimpedido a nascente, como acontece em zonas costeiras do Algarve ou em regiões elevadas do interior. Qualquer obstáculo, seja edifícios, árvores ou montanhas, pode comprometer a experiência.
Um espetáculo global
Apesar das limitações locais, a dimensão mundial do fenómeno é impressionante:
- 88% da população mundial terá a oportunidade de observar o eclipse, pelo menos de forma parcial.
- 77% da população global, equivalente a 6,27 mil milhões de pessoas, poderá assistir ao eclipse total.
Ou seja, trata-se de um dos eventos astronómicos mais abrangentes das últimas décadas, transformando-se num verdadeiro espetáculo coletivo, visível a partir de praticamente todos os continentes.
Um fenómeno raro… mas não tanto quanto parece
Apesar do seu caráter impressionante, o eclipse total da Lua não é tão raro quanto muitos pensam. Este alinhamento entre Sol, Terra e Lua acontece, em média, a cada seis meses. O que é verdadeiramente especial são as condições de visibilidade em cada região: enquanto alguns países têm direito ao espetáculo completo, outros apenas conseguem ver o satélite parcialmente encoberto.
Dicas para observar e registar o momento
Mesmo em Portugal, onde a Lua surgirá já parcialmente eclipsada, há formas de tornar a experiência mais memorável:
- Escolher locais elevados ou próximos do mar, com o horizonte nascente livre.
- Usar binóculos ou telescópios para apreciar detalhes da superfície lunar durante a sombra.
- Captar fotografias com câmaras ou até telemóveis, ajustando a exposição para realçar os tons avermelhados.
- Partilhar o momento em comunidade, já que observar fenómenos astronómicos ganha outra dimensão quando vivido em conjunto.
Mais do que ciência, uma experiência simbólica
Desde a Antiguidade que os eclipses lunares despertam fascínio e mistério. Povos antigos viam na Lua de Sangue presságios de mudança ou sinais divinos. Hoje, com a ciência a explicar cada detalhe, o fenómeno não perde a sua aura de magia: continua a ser uma oportunidade única de ligação com o cosmos, que recorda a pequenez da humanidade perante a imensidão do universo.
Conclusão
O eclipse total da Lua deste domingo será um dos grandes espetáculos celestes do ano, escreve o Postal. Em Portugal, a observação será limitada e breve, mas ainda assim valerá a pena procurar um local adequado para testemunhar a Lua avermelhada a erguer-se no horizonte.
Enquanto isso, mais de seis mil milhões de pessoas em todo o planeta terão a sorte de assistir ao fenómeno na sua plenitude. Uma verdadeira celebração global, onde milhões de olhos se voltam em simultâneo para o mesmo ponto no céu.
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