10 das melhores frases de Sophia de Mello Breyner Andresen
Fique a saber mais sobre a língua portuguesa e conheça alguns pensamentos de Sophia de Mello Breyner Andresen, uma das escritoras mais brilhantes de sempre.
Breve biografia
Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004)
Foi em 1999 que, pela primeira vez, o prestigiado Prémio Camões foi atribuído a uma mulher – Sophia de Mello Breyner Andresen – que merece todas as homenagens pela obra inspiradora que nos deixou.
O lado dinamarquês do seu pai certamente contribuiu para a sua formação. O seu avô, Jan Eenrik Andresen, desembarcou um dia no Porto e apaixonou-se pela Invicta. O pai da escritora, João Henrique Andresen, foi quem adquiriu a Quinta do Campo Alegre. Atualmente, espaço conhecido como Jardim Botânico do Porto.
Sophia estudou Filologia Clássica na Universidade de Lisboa (1939-1940). Nos anos 40, publicou os seus primeiros versos, nos Cadernos de Poesia. Em 1946, casou com Francisco Sousa Tavares (advogado, jornalista e político), com quem viria a ter cinco filhos, seguramente fonte de inspiração para os seus vários contos infantis.
Faleceu em Lisboa, a 02 de julho de 2004. Sensivelmente uma década após a sua morte, foram-lhe concedidas honras de Estado e os seus restos mortais foram trasladados para o Panteão Nacional.
Alguma bibliografia relevante
A Fada Oriana; A Menina do Mar; A Noite de Natal; O Cavaleiro da Dinamarca; O Rapaz de Bronze; O Nome das Coisas; Histórias da Terra e do Mar.
Curiosidades
- Recebeu o Prémio Poesia Max Jacob 2001.
- Em 2003, arrecadou o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana, sendo a primeira vez que um português venceu este prestigiado galardão.
- Era mãe do jornalista, comentador e escritor Miguel Sousa Tavares e prima do ator Nicolau Breyner.
Porque (poema)
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
Sophia de Mello Breyner Andresen
As melhores citações
“A poesia é das raras actividades humanas que, no tempo actual, tentam salvar uma certa espiritualidade. A poesia não é uma espécie de religião, mas não há poeta, crente ou descrente, que não escreva para a salvação da sua alma – quer a essa alma se chame amor, liberdade, dignidade ou beleza”.
“A regra a seguir é esta: uma casa para todos e beleza para todos. E a beleza não é cara. É geralmente menos cara do que a fealdade que quase sempre se chama luxo, monumentalismo, pretensão. A beleza é simplicidade, verdade, proporção. Coisas que dependem muito mais da cultura e da dignidade do que do dinheiro.”
“Penso que a Cultura da nossa época tende muito a ser uma espécie de reserva cultural. Faz-se um Centro Cultural, chama-se um bom arquitecto, põe-se lá quadros bonitos e coisas bonitas… Depois, à roda, é a construção do pato bravo: é uma caricatura cultural. A Cultura é uma coisa que, ou está na mentalidade e na vida, ou não está em parte nenhuma. Não é um objecto de museu, é qualquer coisa de estrutural na vida humana.”
“O ócio é o atelier em que se escreve. Escrever sem silêncio, sem tempo, sem disponibilidade… não é possível.”
“Recordo-me de descobrir que num poema era preciso que cada palavra fosse necessária, as palavras não podiam ser decorativas, não podiam servir só para ganhar tempo até ao fim do decassílabo, as palavras tinham que estar ali porque eram absolutamente indispensáveis. Isso foi uma descoberta.”
“Se as crianças aprendessem poemas de cor em pequenas, se fosse uma parte integrante do ensino e até, se elas tivessem de dizer um poema de cor para serem admitidas a qualquer universidade, as pessoas passavam a falar melhor. Porque falar é próprio de todas as pessoas, não é só do médico, do engenheiro e onde se aprende a falar realmente é na poesia.”
“Com o tempo perdem-se as coisas. Eu acho que isso acontece às mulheres e aos homens. Depois vamo-nos perdendo a nós próprios, já não se tem a mesma imagem, já não se tem a mesma ligeireza, já não se tem a mesma leveza, já não se tem…”
“Sou muito angustiada com as coisas: a criança que se queima, que cai à piscina, que é atropelada, nas outras coisas tenho uma certa entrega, acho que Deus se justificará a si próprio, eu não consegui justificá-lo. Não consigo perceber porque razão há morte, sofrimento, o mal, as tentações, mas tenho consciência que talvez não tenha capacidade para isso. Eu também não tenho capacidade para compreender matemática, quanto mais… os desígnios de Deus.”
“Eu penso que há uma diferença entre o homem e a mulher, e os feminismos não podem… Para mim o machismo não é considerar que há uma diferença entre o homem e a mulher, o machismo é tentar fazer um negócio dessa diferença… Os feminismos são teorias. Eu acho que a teoria na nossa época tem desempenhado um papel terrível na política, tem desempenhado um papel terrível na arte, e também na vida… A vida tem sido muito sacrificada à teoria…”
“Penso que nós procuramos sobretudo o que nos dá felicidade, não acha? Procuramos o que nos cria uma certa libertação íntima que é necessária à liberdade. Procuramos ser um com o universo.”
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Eu encontrei a verdadeira felicidade há um ano quando descobri o meu Eu verdadeiro! O meu Eu que me levou à satisfação pessoal, ao meu amor próprio, a minha sustentabilidade, e isso tornou-me melhor também com os outros! Aos 59 mas nunca é tarde! Escrevi o meu primeiro livro cujo dom me estava escondido! Libertei-me e tornei-me mais feliz!