Numa madrugada que ficará gravada na memória coletiva, o silêncio da noite em Teerão foi abruptamente rasgado por violentas explosões. As janelas estremeceram, as portas das casas tremeram e um clarão fantasmagórico iluminou os céus da capital iraniana. Em uníssono, sirenes soaram em Jerusalém e noutras cidades israelitas, anunciando ao mundo o início de uma nova e temível fase no conflito entre Israel e o Irão.
Poucos minutos após os primeiros estrondos, o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, dirigiu-se à nação e ao mundo, revelando a verdade por trás do caos: tratava-se de um ataque preventivo ao Irão, uma manobra militar audaz e arriscada destinada a travar o que o governo israelita descreve como uma ameaça iminente à sua própria sobrevivência.
Katz foi claro e direto: o Estado hebraico está em estado de emergência e prepara-se para enfrentar uma retaliação que considera inevitável, e que poderá vir sob a forma de mísseis e drones. A tensão paira no ar, quase palpável, como o prelúdio de uma tempestade devastadora.
Israel, numa tentativa de proteger os seus cidadãos, suspendeu as aulas, proibiu reuniões sociais e encerrou todos os serviços não essenciais. O som das sirenes ecoou em Jerusalém e Telavive, enquanto as autoridades enviavam alertas para os telemóveis da população, informando sobre a entrada do país em alerta máximo.
Famílias inteiras refugiaram-se em abrigos subterrâneos, crianças agarradas às mães, olhos arregalados de medo, corações a bater descompassados com o som distante de explosões e o eco das sirenes. Nas ruas, o silêncio de quem sabe que o perigo espreita a cada momento.
Do lado iraniano, o impacto foi devastador. Explosões violentas foram ouvidas em cidades como Isfahan, Arak e Kermanshah, locais estratégicos onde se encontram complexos militares e industriais.
A Força Aérea iraniana respondeu de imediato, destacando caças para os céus, enquanto a televisão estatal confirmava a ofensiva e mostrava imagens de prédios em chamas, bairros devastados e rostos marcados pelo choque e pela dor. Em Teerão, famílias fugiam para as ruas, sem rumo, tentando escapar ao horror das bombas.
O alvo: o coração do programa nuclear iraniano
O foco dos ataques foi, sem surpresas, o programa nuclear iraniano. As Forças de Defesa de Israel (IDF) anunciaram ter atingido com sucesso “dezenas de alvos militares e nucleares em várias regiões do Irão”, numa operação batizada de Rising Lion. Entre os locais atingidos está a instalação de enriquecimento de urânio em Natanz, descrita por Benjamin Netanyahu como o “coração do programa de mísseis balísticos do Irão”.
Entre os mortos estão não apenas comandantes militares, mas também mentes-chave do projeto nuclear: Fereydoun Abbasi e Mohammad Mehdi Tehranchi, cientistas que desempenhavam papéis cruciais no avanço do programa atómico do Irão.
A sede da Guarda Revolucionária Islâmica, um dos símbolos máximos do poder militar iraniano, foi reduzida a escombros. O próprio comandante supremo, Hossein Salami, tombou durante o ataque, num golpe sem precedentes na hierarquia militar do regime. Netanyahu foi categórico no seu discurso: “Hoje é um momento decisivo para o futuro de Israel. Não podíamos continuar de braços cruzados perante a ameaça existencial que o Irão representa.
As nossas forças atacaram, e continuarão a atacar, enquanto for necessário para garantir a sobrevivência do nosso povo”. O primeiro-ministro alertou ainda que “os próximos dias serão decisivos e duros”, preparando a população para uma possível escalada sem precedentes.
Estados Unidos: um delicado jogo de equilíbrio
Entretanto, os Estados Unidos procuraram manter-se à margem, tentando evitar serem arrastados para um conflito de proporções imprevisíveis. Em declarações firmes, o secretário de Estado reiterou: “Este foi um ato unilateral de Israel. A nossa prioridade é proteger o pessoal e os interesses americanos na região”. Apesar disso, Washington está bem consciente de que a retaliação do Irão poderá incendiar todo o Médio Oriente, e colocou as suas embaixadas e bases em alerta máximo.
Um mundo à beira do abismo
À medida que o sol nasce sobre os escombros e as cinzas, uma nuvem de incerteza e medo adensa-se sobre o Médio Oriente e o mundo. O que começou como um ataque preventivo poderá desencadear uma cadeia de violência que ninguém sabe onde terminará. Os mercados já reagem: o petróleo dispara, os investidores refugiam-se no ouro e os governos de todo o mundo convocam reuniões de emergência. A humanidade observa, impotente, o desenrolar de uma tragédia que ameaça engolir todos no seu caminho.
Nas redes sociais, imagens de destruição misturam-se com mensagens de desespero e apelos à paz. Mas, por enquanto, a esperança parece frágil face ao rugido das armas. O relógio avança, e com ele cresce o receio de que os próximos dias tragam ainda mais sangue, mais dor, mais destruição. O mundo prende a respiração, ciente de que está a viver a alvorada de um momento que poderá mudar o curso da História.
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