Fique a conhecer os diversos encantos da Ilha da Culatra e descubra a ligação desta ilha com a Grande Guerra ou a Guerra das Guerras.
O nosso país tem uma longa história. São quase 900 anos. Nestes quase 9 séculos, Portugal participou em várias batalhas e guerras, saiu vitorioso e perdeu confrontos. Esse foi o percurso que o fez chegar até aos nossos dias.
A nossa história também está associada a um dos eventos mais marcantes do século XX, a Primeira Guerra Mundial. Trata-se de uma pequena ilha que, apesar da sua dimensão reduzida, mostrou a sua utilidade. Fique a conhecer os diversos encantos da Ilha da Culatra e descubra a ligação desta ilha com a Grande Guerra ou Guerra das Guerras.
Na Primeira Guerra Mundial aterraram aviões nesta ilha da Ria Formosa
A Ria Formosa consiste num sapal presente na região do Algarve. Ela estende-se por diversos concelhos, nomeadamente os de Loulé, Faro, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António.
A Ria Formosa abrange uma área com 18.400 hectares, num percurso de 60 km que vai desde a praia do Ancão até à praia da Manta Rota. A Ilha da Culatra apenas é acessível por barco. Esta é uma das cinco ilhas-barreira do Parque Natural da Ria Formosa.
As ilhas presentes neste destino fantástico são: Barreta, Culatra, Armona, Tavira e Cabanas. Estas ilhas são deslumbrantes e proporcionam experiências maravilhosas e inesquecíveis.
Uma das mais encantadoras é a Culatra. A Ilha da Culatra é um porto seguro para pescadores. Existem tradições, atrações e gastronomia de qualidade na Ilha da Culatra.
Curiosidade histórica
Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), também conhecida como Grande Guerra ou Guerra das Guerras, a Ilha da Culatra serviu como um refúgio seguro para os hidroaviões que descolavam e aterravam nesta pequena ilha.
No ano de 1917, a Primeira Guerra Mundial encaminhava-se já para o fim. Os franceses decidiram construir um centro de aviação naval no centro da ilha da Culatra que apresentava as condições ideais para esse fim.
A Ilha da Culatra apresentava um extenso areal. Na época, encontrava-se desabitado. Por isso, este território era perfeito para a aterragem dos hidroaviões gauleses. Estes aviões serviam de apoio à luta antissubmarinos.
Neste espaço, foram construídos dois hangares de alvenaria que se encontravam de frente para a Ria Formosa. Curiosamente, estes hangares deram nome à povoação.
Atualmente, já não há hidroaviões nos Hangares, nem se encontram pilotos de guerra. Na verdade, são quase inexistentes os vestígios destas edificações. No entanto, o nome Hangares recorda esse passado.
O pescador pioneiro
Manuel “Lobisomem”, um pescador, montou a sua barraca de apoio à pesca em 1918, logo no final do conflito mundial. Este pescador fixou residência e foi pioneiro. Posteriormente, outros familiares juntaram-se a Manuel “Lobisomem” nos anos seguintes.
Armazenamento de carvão
Mais tarde, em 1938, após vários anos de inatividade, a Junta Autónoma de Portos do Sotavento do Algarve alugou estas instalações ao Ministério da Marinha português. As instalações criadas na Ilha da Culatra passaram então a servir de centro de armazenamento do carvão utilizado na drenagem das águas.
A Guarda Fiscal
Posteriormente, foi a Guarda Fiscal a estabelecer-se neste local. Esta entidade passou a controlar a ilha. Os guardas podiam assim controlar o contrabando que vinha para Portugal, pelo sul. Os guardas trouxeram as suas famílias e habitaram as casas que, atualmente, se encontram em ruínas.
O campo de tiro
Anos mais tarde, o Ministério da Marinha criou um campo de treino de inativação de explosivos e de demolições. Foi nos anos de 1960 que este campo ficou conhecido como o polígono de tiro da Culatra.
A zona encontra-se toda vedada com arame farpado. Os exercícios de detonação de explosivos foram realizados na costa durante décadas. Eram feitos mesmo em frente à povoação dos Hangares, que então já apresentava algumas barracas de madeira pertencentes a famílias de pescadores.
Era comum ver navios da Marinha. Eles chegavam a esta povoação e deixavam os explosivos destinados à realização dos exercícios dos fuzileiros navais. Contudo, o polígono de tiro da Culatra foi abandonado em 1998.
Portanto, desse tempo, resta apenas o arame farpado. As recordações dos seus habitantes também permanecem como ligação a esse passado.
O livro
Será que houve mesmo pilotos franceses nos Hangares? Esse passado da Ilha da Culatra deixa dúvidas a muitos, pelo desconhecimento geral que existe. No entanto, em 2017, Rosa Neves publicou o livro Hangares. O Esforço de Guerra.
Rosa Neves, habitante dos Hangares, afirma no seu livro não ter encontrado qualquer referência bibliográfica da presença de pilotos franceses nos Hangares, apesar deste ter sido construído no âmbito de um acordo luso-francês.
Segundo o jornal Sul Informação, a autora encontrou documentação oficial que revela que quem supervisionou a construção do Centro de Aviação Marítima do Algarve foi um oficial da Marinha Portuguesa.
Esta construção foi acompanhada de perto pelo então ministro da Marinha. Existem ainda relatórios de voo de pilotos-aviadores portugueses da viagem ao Algarve que fazem referências à ilha da Culatra.
Rosa Neves realizou um trabalho de investigação já após algumas casas nos Hangares terem sido demolidas. Este trabalho visa provar que a ilha da Culatra já era ocupada no século XIX.
Existem documentos oficiais que referem a existência do moinho de água e da carvoaria já próximos do virar do século. No entanto, há pessoas que defendem com convicção a posição de que a presença humana na Ilha da Culatra é bem mais antiga e encontra-se ligada aos ciclos de pesca e às armações de atum.
No ano de 2017, houve a inauguração de um monumento. Nesse momento, que assinalava o centenário da contribuição portuguesa na Primeira Guerra Mundial, foi recordada nos Hangares a história do Centro de Aviação Marítima.
A inauguração do monumento visou enaltecer a memória do esforço de Portugal na Grande Guerra. Nesse momento, foi realizada a celebração de um protocolo estabelecido entre a associação de moradores local e a Marinha Portuguesa.
Ilha da Culatra
Esta ilha encontra-se situada em frente à cidade de Olhão. No entanto, administrativamente, a Ilha da Culatra pertence a Faro. A ilha tem cerca de 7 quilómetros de praia.
Atualmente, na ilha da Culatra, vivem cerca de 750 habitantes, permanentemente. É na Culatra que se encontra o maior número de habitantes. A maioria das pessoas são pescadores, viveiristas e mariscadores.
As casas da ilha da Culatra são todas térreas. Muitas destas habitações encontram-se decoradas com artefactos de pesca e até conchas da praia. Nesta ilha, não existem estradas, nem há poluição. As ruas da ilha proporcionam uma experiência singular. Elas são labirínticas e apresentam lajes de cimento para proteger os pés da areia quente.
Além dos Hangares, existem mais duas localidades na ilha. São elas: a Culatra e o farol. Curiosamente, os habitantes locais chamam à localidade Culatra, ilha da Culatra e chamam à localidade Farol, ilha do Farol. O que é algo curioso, porque fala como se de duas ilhas distintas se tratassem.
A ilha da Culatra é reconhecida pela sua beleza. Tem belas e extensas praias. Estas praias apresentam areias claras e finas. As águas são cristalinas e quentes. Por isso, este é um destino bastante popular, como todas as ilhas da Ria Formosa.
Na ilha da Culatra encontra-se grande riqueza de flora e fauna. Neste local, há diversas aves que vêm nidificar ou que se refugiam por aqui durante as suas migrações.
A deslumbrante praia da Culatra encontra-se sensivelmente a meio da ilha. Esta é uma praia encantadora, bastante tranquila. O seu areal é extenso e encontra-se praticamente deserto.
Apesar de praia da Culatra não apresentar grandes estruturas de apoio, não deixa de ser um destino memorável. A partir do núcleo urbano, é possível chegar à praia da Culatra através de um passadiço de madeira.
A Culatra
Esta localidade é maioritariamente habitada por pescadores. No entanto, no verão, também é habitada por alguns turistas. Esta localidade é uma espécie de vila de pescadores. A Culatra é composta por uma escola, existindo ainda um infantário e uma igreja.
Nesta localidade, também se encontram vários cafés e restaurantes. Entre as infraestruturas desta localidade, encontra-se ainda um posto médico e várias mercearias. Na Culatra, há também um campo de futebol de relva sintética!…
O Farol
O Farol do Cabo de Santa Maria é outra atração da ilha da Culatra. A oeste da ilha encontra-se o núcleo urbano do Farol que deve o seu nome à presença do Farol do Cabo de Santa Maria. Esta construção é imponente e avista-se bem de longe. Este farol foi erguido em 1851. Ele apresenta uma torre com 50 metros de altura.
A localidade do Farol apresenta casas de segunda habitação. Maioritariamente, estas habitações são sobretudo usadas durante o verão. Nesta localidade, há alguns alojamentos locais e um minimercado.
No Farol, também se podem encontrar vários cafés e restaurantes. Nestes estabelecimentos, podem comer-se pratos de peixe e produtos apanhados no mar e na Ria Formosa.
Como chegar até à ilha da Culatra?
O acesso à ilha da Culatra é realizado por barco. A maioria dos visitantes recorre a ferries. Eles partem ou de Faro (com saída do Cais das Portas do Mar), ou de Olhão. É destes destinos que chegam às localidades da Culatra e do Farol.
Também existe a possibilidade de se recorrer aos chamados barcos-táxis. Eles fazem o transporte para o local que o passageiro desejar, inclusivamente para a localidade de Hangares.
Entre as empresas que asseguram este serviço encontram-se a Animaris e a Passeios Ria Formosa. Entre outros serviços, estas empresas fazem carreiras de barco para as ilhas e passeios marítimo-turísticos.
Animaris Animação Turística Unip. Lda.
Morada: Rua da Misericórdia, 27, 8000 Faro
Contactos: [email protected] / +351 918 779 155
Mais informações, aqui.
Passeios Ria Formosa
Morada: Urbanização Atalaia Mar Lote M2.1 Bias do Sul, 8700-129 Moncarapacho, Algarve
Contactos: [email protected] / +351 962 156 922