Após o recente fenómeno de “gota fria” ter causado significativos danos em Espanha, Portugal agora enfrenta os seus próprios efeitos desta depressão atmosférica. Embora a situação seja menos intensa em território nacional, as autoridades permanecem vigilantes e prontas a intervir. A “gota fria” é uma formação climatológica frequente no outono, marcada por uma depressão atmosférica com tendência a provocar chuvas intensas e ventos fortes, especialmente nas regiões mais a sul.
A situação em Portugal: aguaceiros e ventos moderados
De acordo com o climatologista Mário Marques, esta depressão atmosférica está a deslocar-se pelo centro de Portugal, trazendo períodos de chuva intensa e ventos moderados.
A situação tem, no entanto, um impacto consideravelmente mais brando em comparação com os eventos observados recentemente em Espanha. “A situação não deverá gerar grande preocupação”, afirma Marques em entrevista à CNN Portugal, salientando que a previsão é de um fenómeno de menor magnitude.
Entre as regiões mais afetadas estão o Algarve, o litoral alentejano e a região de Setúbal, áreas onde os efeitos serão mais sentidos, principalmente entre a noite do dia 14 e a manhã do dia 15.
Estes períodos deverão ser marcados por ventos mais fortes e chuvas que podem causar alagamentos pontuais, sobretudo em zonas urbanas ou em áreas com baixa capacidade de drenagem.
Marques acrescenta, contudo, que o impacto será bem mais reduzido em comparação com os episódios recentes no leste da Península Ibérica, onde chuvas intensas concentradas numa mesma área provocaram destruição em larga escala.
Para o norte do país, o impacto da depressão atmosférica deverá ser mais moderado, com aguaceiros dispersos e menos frequentes. No entanto, as zonas de maior altitude, como a Serra da Estrela, poderão registar neve acima dos 1.200 metros, proporcionando um espetáculo natural característico desta época do ano.
Um fenómeno de outono comum
Marques sublinha que a “gota fria” é um fenómeno tipicamente outonal, verificando-se com frequência durante esta estação. “É uma situação perfeitamente normal de acontecer nesta altura do ano”, explica, referindo que as condições meteorológicas têm sido acompanhadas de perto pelos serviços de meteorologia e proteção civil. Assim, Portugal encontra-se em estado de prontidão, mas sem indícios de destruição severa.
A “gota fria” é um fenómeno causado pelo ar frio em altitude que desce e se encontra com massas de ar quente e húmido perto da superfície, originando chuvas intensas e por vezes trovoadas.
No caso de Espanha, especialmente nas regiões de Valência, Tarragona e Málaga, o fenómeno adquiriu uma intensidade rara, onde chuvas torrenciais devastaram 75 dos 78 municípios afetados. Em Portugal, no entanto, o cenário é menos preocupante devido às condições atmosféricas distintas.
Recomendações para as regiões afetadas
Embora o impacto previsto seja de menor escala, as autoridades aconselham a população das regiões potencialmente mais afetadas a estar alerta para possíveis alagamentos. Esta precaução é particularmente relevante em áreas com propensão para acumulação de águas pluviais.
O Serviço Nacional de Proteção Civil recomenda que se evite o trânsito em estradas que possam estar alagadas, que se mantenham as vias de escoamento de água limpas e que se evite o parqueamento de viaturas em zonas de menor elevação.
Além disso, desaconselha-se a realização de atividades ao ar livre em zonas montanhosas, onde a possibilidade de neve poderá dificultar a deslocação.
Um fenómeno monitorizado e controlado
As autoridades meteorológicas e de proteção civil portuguesas mantêm-se atentas ao desenvolvimento da depressão atmosférica e estão em comunicação contínua com os municípios, preparando respostas rápidas para eventuais contratempos. Contudo, o especialista tranquiliza, afirmando que o fenómeno irá enfraquecer rapidamente, o que reduz substancialmente o risco de inundações de grande escala, como explica o Postal.