Fique a conhecer as qualidades do cavalo Garrano, um animal encantador e com características especiais.
O cavalo é um animal encantador. A sua elegância e beleza são elementos que ficam no nosso imaginário. Mesmo os que não têm contacto com estes animais, não deixam de ver este animal como um ser especial.
Ao longo da história, ele serviu o homem, ajudando-o em diversos fins. Existem cavalos muito distintos na cor, na morfologia, nas qualidades. As raças permitem constatar grandes diferenças.
Uma das raças que devemos conhecer é o cavalo Garrano. Fique a conhecer as qualidades desta raça, um animal com caraterísticas especiais.
Garrano, a raça de cavalos selvagens do Gerês
O cavalo Garrano
Este animal marca presença no Noroeste Ibérico. O cavalo Garrano desenvolveu laços estreitos com o povo. Este animal serviu o homem em tempos de paz e em tempos de guerra, ajudando no campo ou no campo de batalha.
A sua utilidade para os portugueses aconteceu desde sempre e funde-se com a história de Portugal. Este animal foi usado para puxar o arado. O animal era montado ou atrelado nas pequenas e grandes viagens. O cavalo também foi usado em árduas batalhas.
História
O cavalo Garrano participou na fundação de país e teve um papel importante no séc. XI. Posteriormente, este animal seguiu com os peregrinos na Estrada de S. Tiago. Ele chegou a embarcar nas caravelas portuguesas que foram explorar o Novo Mundo.
Esta espécie é pequena, tem a paciência do burro e complementa com a força das mulas. No entanto, também tem a docilidade dos póneis que as crianças adoram. Esta raça foi companheira de padres, de lavradores, de generais e de nobres.
Este cavalo serviu para carregar madeira e fê-lo sem hesitações, sem vacilar, permitindo a passagem sobre os caminhos difíceis da montanha lusitana, conhecida pelos seus pedregosos e húmidos percursos.
Os romanos
Os Garranos são pequenos, mas apresentam um passo rápido, a 4 tempos. No entanto, este não é um passo normal. Apesar de revelarem oscilações verticais do centro de gravidade muito fracas, os movimentos do Garrano são bastante rápidos.
Os antigos romanos chamavam “numeratim” a este passo (um, dois, três, quatro). Os romanos achavam que os Garranos eram cavalos muito confortáveis.
Papel na Guerra
Este animal teve um papel importante durante a Segunda Guerra Mundial. Este cavalo foi aproveitado para carregar minérios das minas mais recônditas do norte de Portugal.
No ano de 1943, o subsecretário de Estado da Agricultura levou à constituição um grupo de 21 Garranos com o propósito de assegurarem a preservação da raça em liberdade. O objetivo era que não existisse um cruzamento de raças, de forma que o cavalo Garrano não se extinguisse.
Espécie protegida
O Garrano foi classificado como espécie protegida. A oportunidade de contemplar este animal no seu habitat natural é imperdível. Atualmente, este cavalo tornou-se num ex-libris do Parque Nacional da Peneda Gerês.
Por exemplo, em Castro Laboreiro facilmente se consegue observar grupos de Garranos, em estado selvagem. Eles encontram-se sobretudo no Planalto de Castro Laboreiro. Este espaço revela-se um refúgio/santuário para os cavalos Garranos.
Experiência
Qualquer pessoa que vê esta raça no seu habitat natural, vive uma experiência imperdível. As sensações e os sentimentos são inexplicáveis. Contemplar o animal a deslocar-se livremente num cenário de grande beleza é como poesia em movimento.
O nome
O nome garrano tem como significado “Cavalo Pequeno”. Esta espécie é especial e trata-se de um dos animais mais raros e verdadeiramente selvagens do planeta. A origem do termo Garrano deriva da raiz indo-europeia “gher”, que tem o significado de “baixo, pequeno” e que originou a palavra “guerran”, uma palavra galesa que significa cavalo.
Em Portugal, usa-se o termo ‘garrano’, enquanto em Inglaterra usa-se o termo pónei. (No entanto, na Irlanda, usa-se a palavra “gearron”; na Escócia, usa-se o termo “garron”).
Origem
Os cavalos Garranos são pequenos. Estes cavalos são descendentes dos cavalos que se encontram representados nos desenhos existentes nas cavernas de Lascaux e Altamira. Os cavalos garranos provêm de uma raça muito antiga que se encontra presente no território português desde a pré-história. Eles surgem nas pinturas da era Paleolítica.
Os cavalos de onde descendem foram cruzados com os pequenos cavalos dos Celtas. Posteriormente, evoluíram para o cavalo do tipo Celta, ficando tal como atualmente é conhecido. Existem vários exemplos das raças Celtas, nomeadamente o Pottok, o Asturcon, o Galego e o pónei de Exmoor.
Ciência
Segundo os cientistas, todas as raças de cavalos identificadas como “de sangue quente” são descendentes do cavalo Tarpan. Os cavalos Sorraia são os seus representantes ibéricos atuais. Existem semelhanças morfológicas notórias entre as raças.
Os testes de ADN confirmam essa afinidade existente entre os cavalos Tarpã, Sorraia e Konik. Como não existe qualquer afinidade entre essas raças e o cavalo garrano, os cientistas acreditam que a raça pertence ao grupo Celta (Equus caballus celticus, Ewart).
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Características
Esta espécie apresenta uma estatura pequena. Em média, este animal tem 145 cm e um peso máximo de 190 kg. O Garrano é um cavalo que apresenta uma cabeça de perfil reto ou côncavo.
Este pequeno encontra-se bem adaptado às zonas frias e húmidas das montanhas. Apesar destes animais serem pequenos, são úteis e ágeis. Os garranos têm as proporções de um pónei, com cerca de 1,30m ao garrote.
Estes animais apresentam um tronco forte e andamentos exóticos. Estes cavalos têm as suas particularidades e revelam uma “andadura” rápida. Os Garranos revelam um ‘passo travado’ e apresentam uma “andadura” que nos faz deslocar com suavidade. Além disso, os garranos são apreciados pelo conforto que proporcionam ao cavaleiro.
A utilidade
Apesar da reduzida dimensão deste animal, o esta espécie sempre foi usada pela população para realizar as tarefas mais árduas. Este animal foi aproveitado para diferentes funções, como para carregar madeira, por exemplo.
O Cavalo Garrano também era um elemento muito útil por poder desempenhar tarefas agrícolas. O animal servia de locomoção para sítios íngremes.
Um período especial
As fêmeas, quando se encontram no período do cio, acompanham permanentemente o garanhão, elemento importante que permite manter a coesão do grupo. Os machos enfrentam-se na época de combates e batalham pela posse do harém. Os machos lutam, recorrem ao coice ou à dentada. As fêmeas acompanham e os potros cuidam deles.
O inimigo do Garrano
O Lobo-ibérico é um dos piores inimigos dos Garranos. Este rival levou os cavalos a adotarem um sistema defensivo em círculo, ficando as crias no interior. Os Garranos vão repudiando os lobos com os ataques ao coice.
Os lobos atacam frequentemente quando as fêmeas estão a parir, momento em que elas se encontram particularmente frágeis e indefesas. Os lobos recorrem à mesma estratégia quando atacam outras espécies. Desta forma, o lobo pode atacar a cria ainda antes de ela ter o nascimento concluído.
Comparação
O meio em que os cavalos Garranos vivem é realmente especial. Ao contrário do que aconteceu com o Cavalo Puro-Sangue Lusitano, esta raça não foi selecionada pelo homem. Estes animais foram moldados pelo meio ambiente ao longo dos séculos.