O furacão Gabrielle, atualmente classificado como categoria 4 na escala de Saffir-Simpson – escala que mede a intensidade destes fenómenos e que vai de 1 a 5 –, representa um dos sistemas mais poderosos a formar-se no Atlântico nesta época ciclónica. A sua evolução está a ser acompanhada com enorme atenção pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), que confirmou a possibilidade de Gabrielle chegar a Portugal continental no próximo sábado, já sob a forma de depressão pós-tropical.
O cenário atual aponta para que Gabrielle atinja primeiro os Açores na madrugada de sexta-feira, com impacto mais severo nos grupos Ocidental e Central. Estão previstos ventos intensos, com rajadas que poderão variar entre 130 e 150 km/h, chuvas persistentes e localmente fortes, e uma agitação marítima extrema, com ondas que podem chegar aos 18 metros de altura máxima.
O impacto esperado nos Açores
Nos Açores, a proximidade do centro do ciclone obrigará a medidas de prevenção rigorosas. Estradas poderão ficar intransitáveis devido a quedas de árvores ou inundações repentinas, as ligações marítimas e aéreas poderão sofrer cancelamentos e atrasos, e zonas costeiras estarão sujeitas a risco elevado devido às ondas de grandes dimensões.
A meteorologista Rita Mota, do IPMA, sublinhou que Gabrielle deverá perder intensidade ao aproximar-se do arquipélago, mas reforçou que mesmo um furacão de categoria 1 ou tempestade tropical é capaz de causar danos relevantes em habitações, infraestruturas e plantações agrícolas.
Rumo a Portugal continental
Segundo o modelo ECMWF, utilizado pelo IPMA, Gabrielle poderá deslocar-se posteriormente em direção ao continente português, chegando no dia 27 de setembro como depressão pós-tropical. Apesar de enfraquecido, o sistema não deve ser subestimado: espera-se chuva forte e persistente em várias regiões, especialmente no litoral oeste e terras altas, acompanhada de ventos fortes e mar agitado.
Ainda que a incerteza permaneça elevada quanto à trajetória final, este cenário relembra episódios recentes que marcaram o país, como o furacão Lorenzo, em 2019, que provocou prejuízos significativos nos Açores, ou a tempestade tropical Gaston, em 2022. Estes fenómenos, mesmo quando chegam já enfraquecidos, têm capacidade para paralisar setores inteiros da sociedade durante dias.
Consequências sociais e económicas
Para além dos riscos imediatos, como inundações urbanas, falhas na rede elétrica e danos em infraestruturas, ciclones como Gabrielle podem afetar de forma duradoura setores como a agricultura, a pesca e o turismo — pilares essenciais da economia açoriana e também importantes no continente. Uma única noite de ventos intensos pode destruir colheitas, arrastar embarcações, ou provocar derrocadas em estradas vitais para o transporte de bens.
Recomendações de segurança para população
As autoridades reforçam que a prevenção é a melhor proteção. Entre as medidas a adotar destacam-se:
- Reforçar portas, janelas e telhados para evitar danos estruturais.
- Evitar deslocações desnecessárias durante o período de maior instabilidade.
- Afastar-se das zonas costeiras, especialmente falésias e molhes, onde o mar revolto pode ser mortal.
- Garantir reservas de água, alimentos e medicamentos, prevenindo cortes de abastecimento.
- Carregar baterias de telemóveis e lanternas, antecipando falhas de energia elétrica.
- Acompanhar de perto as atualizações do IPMA e da Proteção Civil, que irão emitir avisos regulares.
A força indomável da natureza
A aproximação de Gabrielle recorda a vulnerabilidade das ilhas açorianas e do continente perante fenómenos meteorológicos de grande escala. Mesmo em tempos de avanços tecnológicos, capazes de prever trajetórias e intensidades com relativa precisão, o imponderável da natureza continua a impor-se. Cada rajada de vento, cada onda gigante e cada noite de chuva intensa carregam em si a lembrança de que a humanidade apenas aprende a adaptar-se, mas nunca a controlar a força bruta do planeta.
A madrugada de sexta-feira marcará o início de dias de incerteza, de expectativa e de resiliência. Para os Açores, será um teste de preparação. Para o continente, um alerta de que a solidariedade e a prudência são armas indispensáveis contra fenómenos que não escolhem hora nem lugar para se impor.
Perguntas frequentes sobre o furacão Gabrielle
O furacão Gabrielle vai atingir Portugal?
Sim. De acordo com o IPMA, Gabrielle deverá atingir os Açores na madrugada de sexta-feira, com maior impacto nos grupos Ocidental e Central. Posteriormente, poderá deslocar-se em direção ao continente, chegando a partir de sábado como depressão pós-tropical, com chuva forte, ventos intensos e agitação marítima significativa.
Qual a intensidade esperada do furacão Gabrielle nos Açores?
Apesar de atualmente ser classificado como categoria 4 na escala de Saffir-Simpson, Gabrielle deverá perder força à medida que se aproxima dos Açores. As previsões indicam ventos equivalentes a tempestade tropical ou furacão de categoria 1, ainda assim capazes de provocar estragos e cortes de energia.
Que efeitos poderá Gabrielle ter em Portugal continental?
No continente, Gabrielle deverá trazer chuva persistente, sobretudo no litoral oeste e terras altas, acompanhada de ventos fortes e ondas que poderão ultrapassar os 8 a 10 metros de altura significativa. Apesar de enfraquecido, o sistema poderá causar inundações urbanas, quedas de árvores e constrangimentos nos transportes.
O que fazer para se preparar para a passagem do furacão Gabrielle?
As autoridades recomendam reforçar portas e janelas, afastar objetos soltos das varandas e quintais, evitar deslocações desnecessárias, manter-se longe de zonas costeiras e garantir bens essenciais (água, alimentos, medicamentos, lanternas e telemóveis carregados). Seguir as atualizações do IPMA e da Proteção Civil é fundamental.
Gabrielle é comparável a outros furacões que atingiram Portugal?
Cada ciclone tem características próprias, mas a aproximação de Gabrielle lembra episódios como o furacão Lorenzo (2019), que deixou prejuízos significativos nos Açores, e a tempestade tropical Gaston (2022). Tal como nesses casos, Gabrielle confirma a exposição crescente de Portugal a fenómenos meteorológicos extremos associados às alterações climáticas.