A sua história inspiradora é testemunho da determinação e paixão que transformaram uma indústria inteira. A Ferreirinha mudou a história do vinho! Antónia Adelaide Ferreira é o nome de uma mulher que merece os maiores elogios pela sua capacidade empreendedora. Esta pessoa apresentou qualidades que a distinguiam. Destacou-se no universo dos vinhos, onde apenas os homens vingaram. Por isso, esta mulher de garra teve um papel incontornável que a tornou numa figura histórica emblemática.
Ferreirinha: a mulher que mudou a história do vinho
O nome “Ferreirinha” ficou ligado a Antónia Adelaide Ferreira. Esta mulher nasceu nos princípios do século XIX. Ela surgiu no seio de uma família ligada à produção vinícola, algo que permitiu que conhecesse bem um mundo no qual veio a destacar-se.
Esta mulher conseguiu evidenciar-se como uma das figuras-chave do Douro vinhateiro. A força interior da Ferreirinha era incomum e levou a que ela conseguisse assumir um papel incontornável, assumindo o comando dos negócios ligados ao vinho.
Ferreirinha ficou conhecida como a “mãe dos pobres”, devido à sua obra. Ela foi mãe de dois filhos. Foram eles Maria de Assunção e António Bernardo Ferreira. Após ter ficado viúva muito jovem, esta mulher de garra teve de assumir a responsabilidade de liderar a Casa Ferreira, que era uma herança de família.
Nesse contexto delicado, esta mulher singular realizou feitos notáveis. Ferreirinha contribuiu para a criação de grandes plantações de vinha. Ela ordenou a construção de vários armazéns. Muitos colaboradores importantes foram contratados.
Antónia Adelaide Ferreira comprou as quintas de Aciprestes, Porto e Mileu. Além disso, fundou outras na zona de Vale Meão. Por isso, ao longo da sua vida, esta mulher apresentou um espírito empreendedor revolucionário.
Datas marcantes para a Ferreirinha (1811-1896)
No ano de 1868, houve uma produção excedentária de vinho do Porto. Nessa época, Antónia Adelaide Ferreira decidiu comprar quantidades elevadas de vinho a um custo reduzido.
Ora, esse investimento foi bastante certeiro, porque dois anos após a compra, ocorreu uma praga do oídio que dizimou diversas vinhas. Este acontecimento foi importante, porque os preços do vinho do Porto subiram exponencialmente. Esse episódio histórico revelou-se uma oportunidade de ouro. A fortuna de Ferreirinha aumentou exponencialmente, porque o investimento realizado dois anos antes permitiu à Ferreirinha obter grande lucro.
Anos mais tarde, a região do Douro conheceu mais desafios. Um deles consistiu numa praga de um inseto que sugava, secava e matava as raízes das videiras. A região foi afetada pela filoxera num acontecimento que arrasou diversas produtoras de vinho do Porto. A empreendedora Ferreirinha seguiu o seu instinto incomum. Para evitar o mesmo fim de outras produtoras, esta mulher decide viajar até Inglaterra. Ela procurava descobrir meios de combater aquela praga.
A Ferreirinha decide apostar em métodos mais sofisticados de produzir. A mulher empreendedora investe em novas plantações de vinhas. Ela recorre a raízes de videiras americanas, que apresentavam ser imunes à filoxera. Simultaneamente, a Ferreirinha continuava a realizar um investimento relevante. Ela decidiu adquirir quintas do Douro.
Desta forma, ela assegurou que muitas dessas quintas se mantivessem em mãos portuguesas, quando havia o risco de passarem para mãos inglesas. A fortuna desta mulher aumentava gradualmente.
No entanto, a Ferreirinha envolveu-se em benfeitorias, nomeadamente na construção dos hospitais de Vila Real, Régua, Moncorvo e Lamego.
Morte e herança
Ferreirinha morreria em 1896. A fortuna que deixou era incrível, fruto da sua obra notável. No seu conjunto de propriedades, estavam 30 quintas. Entre elas estava a emblemática Quinta da Leda, situada em Almendra, Vila Nova de Foz Côa.
Atualmente, ainda é possível usufruir dos frutos da sua produção, por via do vinho da Casa Ferreirinha. O icónico Barca Velha é um símbolo maior que serve de bandeira dos vinhos do Douro.
Revolucionária
Ferreirinha destacou-se numa época em que o papel das mulheres na sociedade era ser secundário. O seu papel no mundo dos negócios foi surpreendente. Esta mulher operou uma pequena revolução que demonstrou que uma mulher conseguia comandar e aumentar um império.
Ela provou aos mais conservadores, que fazia o mesmo que os melhores homens faziam (ou melhor). Esta heroína enfrentou um ambiente controverso e evidenciou-se num universo dominado pelos homens. Além de superar a concorrência dos portugueses, conseguiu contrariar mesmo os avanços dos ingleses.
Ferreirinha prosperou num período em que o Douro viveu diversas crises, algumas de grandes proporções. Esta mulher empreendedora tinha uma visão incomum e conseguiu gerir os negócios com coração e engenho. Ela fez crescer o seu património com a sua habilidade e inteligência e encontrou sempre solução, mesmo em momentos históricos onde o caminho parecia ser impossível.
Antónia Adelaide Ferreira tornou-se numa figura incontornável do século. Por isso, a história do Douro não pode ser contada sem falar na estimada Ferreirinha. No tempo em que esta mulher fez um contributo notável para a região, ninguém falava em empreendedorismo.
No entanto, foi com um espírito empreendedor fascinante que esta mulher criou um legado difícil de igualar. Foi muito à custa das ações de Ferreirinha que os vinhos do Douro e o vinho do Porto conseguiram evoluir e desenvolver-se, alcançando níveis e reconhecimentos sem precedentes.
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Atualidade
Atualmente, a Casa Ferreirinha tem a gestão de diversas quintas sob a sua responsabilidade. As quintas que a Ferreirinha foi adquirindo ao longo da vida permanecem como parte do património.
O Prémio Dona Antónia Adelaide Ferreira é atribuído em homenagem a Ferreirinha. Trata-se de um prémio que visa distinguir figuras femininas portuguesas que tenham honrado (de alguma forma e em algum setor) o legado desta mulher singular.