Embarque numa viagem épica pela vida e feitos de Fernão de Magalhães, o maior navegador português! Conheça os detalhes da sua jornada corajosa.
O nome Fernão de Magalhães deveria estar bem presente na memória dos portugueses. O povo de Portugal deve ser agradecido a este homem que realizou feitos que o fizeram atravessar fronteiras. Este nome encontra-se entre os navegadores que tornaram o país maior. O seu legado deve ser conhecido e respeitado por sucessivas gerações.
Fernão de Magalhães, o maior navegador português
Fernão de Magalhães é uma figura histórica que orgulha os portugueses. Ele foi um dos navegadores nacionais que deu novos mundos ao mundo na Era dos Descobrimentos. Contudo, esta personalidade destacava-se pelo seu carácter. Foi um dos destemidos heróis que ficou para a história de Portugal.
No século XVI, o explorador português viveu algo importante. Decorria o ano de 1521 quando esta personalidade realizava o projeto da grande viagem para ocidente. Fernão de Magalhães propunha-se a chegar às ilhas Molucas, um destino particularmente importante devido à riqueza em especiarias. Nesta época, tratavam-se de produtos bastante raros e valiosos.
O navegador desejava provar que se podia navegar diretamente do Oceano Atlântico para o Pacífico e chegar a este destino de grande importância estratégica. Fernão de Magalhães tinha esse objetivo de chegar às ilhas. Segundo a informação que tinha do seu lado, esperava-se encontrar uma abundância de especiarias orientais. Este era um dos bens mais preciosos do comércio desta época histórica.
O confronto militar
No entanto, apesar de ter ido à procura da realização de um sonho, no dia 27 de abril de 1521, tudo acabou. O pesadelo surgiu na sequência um confronto militar. A batalha foi travada na ilha de Mactan, junto a Cebu, numa das ilhas Filipinas. Foi por aqui que a expedição espanhola que Fernão de Magalhães comandava tinha ancorado semanas antes.
Já passaram mais de 5 séculos desde esse momento que interrompeu brutalmente “o sonho” do navegador. O trágico acontecimento culminou com a morte de Fernão de Magalhães. José Manuel Garcia, um historiador de relevo, biógrafo deste navegador, defende o responsável pela morte do navegador português terá sido Lapu Lapu, rei da ilha de Mactan.
O historiador explicou numa entrevista concedida ao Diário de Notícias, que “Foi ele [Lapu Lapu] quem chefiou os guerreiros que o mataram, após se ter recusado a obedecer às suas exigências para que pagasse o tributo que lhe era exigido e se submetesse à autoridade do seu inimigo Humabon, rei de Cebu e, através deste, a Carlos V”. José Manuel Garcia defendeu ainda que até se pode admitir que “foi Lapu Lapu quem se opôs com sucesso à infeliz investida que acabou tragicamente para Magalhães”.
No momento da sua morte, o navegador não servia os interesses de Portugal. Era ao serviço da coroa espanhola que Fernão de Magalhães se encontrava. À Coroa portuguesa não interessava fazer esta viagem. Contudo, o rei de Castela e Aragão achava que a vantagem comercial que adviria com esta viagem seria benéfica.
A viagem de Fernão de Magalhães
Esta viagem de Fernão de Magalhães ficaria para a história como a primeira volta ao mundo feita por mar. A chamada primeira circum-navegação foi comandada pelo navegador português que iniciou a aventura no dia 20 de setembro de 1519.
Sob o comando de Fernão de Magalhães encontrava-se uma frota de 5 navios, 3 dos quais eram os chamados “Concepcion”, “Trinidad” e “Victoria”. Só dois anos mais tarde é que eles chegaram às Filipinas, mais precisamente no dia 16 de março.
Segundo informação avançada pela Comissão Cultural de Marinha, a travessia do Oceano Pacífico terá durado mais de três meses, num trajeto feito “com mantimentos e água reduzidos ao mínimo”.
A propósito da batalha que tirou a vida a Fernão de Magalhães, o historiador recordou o contexto que se vivia: “Numa tentativa de criar aliados e estabelecer igualmente bases de apoio para futuras viagens, [Magalhães] encontrará apoio na ilha de Cebu, onde chegou a 7 de abril. Estabelecidas boas ligações com o governante local e, entrando assim, no xadrez político da região, concordou em levar a cabo uma investida militar contra o seu inimigo, Lapu Lapu, governante da ilha vizinha de Mactan”.
No entanto, o confronto levou ao desaparecimento de uma das figuras mais importantes da história universal.
A morte de Fernão de Magalhães
O confronto não foi realizado em condições idênticas. Foi marcado pela inferioridade numérica. De um lado estavam os comandados por Fernão de Magalhães, que eram apenas 50 espanhóis. Segundo defendem os historiadores, do outro lado da barricada, estavam cerca de 1500 guerreiros da ilha. Embora tenham tido menos recursos, a batalha teve o desenlace mais provável.
Apesar do falecimento do navegador, a tripulação prosseguiu o seu objetivo. Nesta viagem que se destinava a encontrar as ilhas Molucas, houve dois novos líderes. Um deles era português. O seu nome era Duarte Barbosa. O outro líder foi o espanhol Juan Sebastián Elcano.
Foi Juan Sebastián Elcano quem acabou por comandar a armada espanhola até ao Cabo da Boa Esperança e a partir daí até Espanha. Ele regressou em setembro de 1522. O navegador chegou apenas com uma nau. O nome da embarcação era “Victoria”. Ela encontrava-se ocupada por 18 tripulantes (dos 270 iniciais).
Apesar de não ter sido ele a fazer todo o percurso, é a Fernão de Magalhães que são atribuídos os créditos da circum-navegação. Mesmo com a sua morte a interromper o plano, o seu feito tornou-o mundialmente famoso.
O historiador José Manuel Garcia defendeu o seguinte sobre o papel do navegador espanhol: “Foi devido às circunstâncias por que passou a expedição após a morte de Magalhães que ele [Juan Elcano] acabou por conseguir acabar a viagem de regresso à Europa ao ter a coragem de desobedecer a Carlos V para que não se entrasse pela parte portuguesa do mundo, a qual já havia sido percorrida por Magalhães entre 1505 e 1513”.
Além disso, sobre o percurso do navegador espanhol, este historiador português revelou ainda: “Elcano saiu das Molucas em dezembro de 1521 e navegou pelo sul do Pacífico, numa zona onde fugia aos portugueses, que estavam mais a norte. Foi por isso que realizou uma viagem que não estava planeada, tendo podido alcançar Espanha em 6 de setembro de 1522, rumando sempre para oriente, e alcançar a justa glória de ter concluído de forma surpreendente a primeira circum-navegação da Terra feita de seguida e de forma direta”.
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O legado de Fernão de Magalhães
O navegador português Fernão de Magalhães tornou-se assim o maior navegador até então, o mais internacional. O feito da circum-navegação ao globo revelou-se uma grande conquista. É considerado o maior feito da navegação da história.
Foi graças a este feito que a Europa conseguiu confirmar vários conhecimentos, nomeadamente que “a Terra era de facto redonda e maior do que então se pensava e que possuía um outro enorme oceano, o Pacífico”.
José Manuel Garcia defendeu também que o navegador teve um papel fundamental no desfecho do feito alcançado, sublinhando: “Quando Fernão de Magalhães descobriu as Filipinas no dia 16 de março de 1521 e assim chegou à Ásia indo por ocidente, teve sempre à mão o planisfério que Jorge e Pedro Reinel lhe haviam feito em 1519 e ele ia atualizando. Teve por isso de se aperceber da dimensão da esfera terrestre, o que aconteceu porque, pela primeira vez, ele acabara de a circum-navegar na prática, ainda que de forma indireta”.
O historiador e biógrafo continuou: “Ele apercebeu-se experimentalmente da esfericidade da Terra, a qual era já conhecida e aceite teoricamente desde a Antiguidade, ao ter conseguido avaliar a sua real dimensão (…) Só depois de ter atravessado inteiramente o Pacífico, em toda a sua extensão, é que se apercebeu, conseguindo revelar que o nosso planeta tinha mais água do que terra”.
O navegador português será para sempre reconhecido como o maior navegador português e o mais internacional de todos os tempos. Segundo algumas investigações recentes, Fernão de Magalhães terá nascido na freguesia da Sé do Porto.
A importância do feito magnífico do navegador português não só é inesquecível, como tem sido devidamente recompensado, uma vez que o seu nome ficou imortalizado de várias formas, em “diferentes espécies de fauna e flora, universidades, regiões, crateras lunares, constelações e naves espaciais”, finaliza o historiador e biógrafo.