O aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, tornou-se palco de um problema cada vez mais alarmante: a atuação dos falsos taxistas. Com carros pintados nas cores tradicionais dos táxis e uma postura convincente, enganam passageiros distraídos que acabam por embarcar numa viagem com destino não apenas ao local pretendido, mas também a uma autêntica burla.
A situação atingiu tal ponto de indignação que mais de 200 taxistas verdadeiros paralisaram a sua atividade, bloqueando o aeroporto em protesto contra a proliferação destes falsos motoristas. O ambiente ficou marcado por tensão, revolta e exigência de medidas urgentes.
Como operam os falsos taxistas
O esquema é simples, mas eficaz. Os burlões posicionam-se no interior do aeroporto, abordando diretamente passageiros que acabaram de aterrar. Sem licença, sem ligação a plataformas de TVDE e sem qualquer credencial oficial, conduzem as vítimas para viaturas que simulam a aparência de táxis.
À primeira vista, tudo parece normal: carros pintados, comportamento aparentemente profissional e até um certo ar de confiança. A farsa só se revela no fim da viagem, quando chega o momento do pagamento.
Valores astronómicos são exigidos, muitas vezes em numerário, deixando os passageiros em choque. Há relatos de corridas do aeroporto até Cascais que chegaram a custar mais de 600 euros. Noutras situações, turistas foram cobrados em centenas de euros por deslocações que, em condições normais, não ultrapassariam os 20 ou 30 euros.
O impacto nos taxistas legítimos
Os profissionais que diariamente prestam serviço no aeroporto falam em concorrência desleal, fraude descarada e perigo para os passageiros. Os protestos recentes surgiram como forma de pressão sobre as autoridades, num esforço para travar aquilo que consideram ser uma “avalanche de burlas” que mancha a imagem do setor. Além das perdas financeiras para os clientes, esta prática está a destruir a confiança no serviço de táxi em Portugal, criando desconfiança generalizada junto de turistas que, pela primeira vez, chegam ao país.
Burlas cada vez mais sofisticadas
O problema não se resume apenas à imitação da imagem dos táxis. Há relatos de outras práticas igualmente perigosas:
- Carros com taxímetros falsos: alguns falsos taxistas instalam dispositivos que simulam a existência de um taxímetro. O passageiro, confiante, acredita que a viagem está a ser contabilizada corretamente, mas no final o valor é manipulado.
- Falsos recibos: em certos casos, as vítimas recebem talões improvisados, muitas vezes com logótipos copiados da internet, como forma de dar credibilidade à burla.
- Ofertas “especiais” de transporte rápido: abordam passageiros dizendo que há uma fila longa de espera para táxis oficiais, oferecendo uma alternativa imediata, que se transforma numa armadilha.
- Desvio de percursos: além da cobrança excessiva, muitos destes motoristas prolongam deliberadamente as viagens, circulando por trajetos mais longos para justificar o valor exorbitante.
A resposta das autoridades
A Polícia de Segurança Pública já aplicou mais de 380 multas apenas este ano a falsos taxistas que atuam no aeroporto de Lisboa. Um dispositivo especial de controlo foi montado na zona das chegadas, mas, apesar das operações, os resultados têm ficado aquém do esperado.
As autoridades alertam: estes indivíduos posicionam-se geralmente junto às rampas e zonas de maior fluxo, aliciando passageiros com pressa ou desconhecimento da realidade local. A ANA – Aeroportos de Portugal já pediu um reforço policial permanente para combater esta burla organizada, mas os casos continuam a aumentar.
Como se proteger desta burla
Para evitar cair nesta armadilha, é essencial adotar alguns cuidados simples, mas vitais:
- Utilizar sempre as praças oficiais de táxi localizadas à saída do aeroporto.
- Confirmar que o carro tem dísticos legais, número de licença visível e taxímetro em funcionamento.
- Recusar ofertas dentro do terminal, sobretudo de pessoas que se aproximam sem identificação.
- Denunciar de imediato qualquer tentativa suspeita às autoridades presentes no local.
Mais do que dinheiro: a imagem de Portugal em risco
O problema ultrapassa a questão financeira, refere o ZAP. Cada turista enganado representa não apenas uma vítima individual, mas também um embaixador negativo da experiência em Portugal. A sensação de insegurança e exploração pode manchar a reputação de Lisboa enquanto destino turístico, afastando visitantes e prejudicando a economia local.
Trata-se de uma burla que mina a confiança num dos primeiros contactos que muitos estrangeiros têm com o país: a chegada ao aeroporto. E uma verdade dura impõe-se: enquanto não houver fiscalização eficaz e punições exemplares, os falsos taxistas continuarão a operar impunemente, transformando viagens de minutos em verdadeiros pesadelos de centenas de euros.
Alerta aos turistas estrangeiros que chegam a Lisboa
Para quem visita Lisboa pela primeira vez, a chegada ao aeroporto Humberto Delgado é o cartão de visita de Portugal. Mas exatamente neste ponto crucial, muitos viajantes têm sido alvo de burlas que arruínam não só a experiência da viagem, mas também a confiança no país.
É fundamental recordar alguns conselhos:
- Ignore qualquer abordagem dentro do aeroporto. Os falsos taxistas circulam sobretudo na zona de chegadas, aproximando-se com discursos persuasivos e falsas promessas de rapidez.
- Procure sempre a fila oficial dos táxis. Está localizada logo à saída da área de desembarque, devidamente sinalizada e supervisionada.
- Verifique a matrícula e o dístico da Câmara Municipal de Lisboa. Todos os táxis oficiais têm número de licença visível e taxímetro legalizado.
- Peça recibo oficial. Os táxis legítimos estão obrigados a emiti-lo.
- Considere alternativas seguras, como plataformas TVDE (Uber, Bolt, Free Now). Estas só podem ser chamadas através de aplicação móvel e nunca no interior do terminal.
Um conselho importante:
Se a oferta parecer demasiado conveniente, rápida ou insistente, desconfie de imediato. Os falsos taxistas dependem precisamente da pressa, do cansaço e do desconhecimento dos turistas.
Lisboa é uma cidade segura, acolhedora e repleta de hospitalidade. Porém, como em qualquer capital europeia, existem esquemas preparados para enganar os mais desatentos. A informação é a maior arma contra a burla – e conhecer estes truques é o primeiro passo para evitar ser mais uma vítima.
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