Fique a conhecer a origem e a história por trás de algumas das expressões populares de Lisboa! Elas dão vida à cultura da capital!
A língua portuguesa é verdadeiramente apaixonante. Os estrangeiros queixam-se de ser difícil de aprender, porque se trata de uma língua complexa. No entanto, a sua riqueza é inquestionável. Não apenas pelas regras e exceções que complicam a sua aprendizagem, mas também por muitos outros aspetos. Por exemplo, existe um conjunto vasto de expressões que são originárias de uma cidade ou região.
No presente artigo, iremos apresentar algumas expressões populares como “Caiu o Carmo e a Trindade”. Esta é uma das expressões populares que surgiu na cidade de Lisboa.
7 expressões populares de Lisboa e a sua história
Existem diversas expressões populares interessantes. Todas elas surgem por alguma razão. Este artigo do NCultura visa dar algumas explicações sobre como surgiram estas expressões que partilham uma origem: a cidade de Lisboa.
Contudo, elas diferem na sua história. Por que razão surgiram? Ora, a resposta a essa questão está presente neste artigo. Espreite nesta lista a história por detrás do nascimento destas expressões populares.
1 – “Caiu o Carmo e a Trindade”
A origem desta expressão está diretamente relacionada com o Terramoto de 1755.
O trágico acontecimento que criou um impacto tremendo na cidade de Lisboa tem “culpas no cartório”, pois ele originou a destruição de diversos monumentos, nomeadamente os antigos conventos do Carmo e da Trindade, que se tratavam de dois dos mais importantes da cidade na época.
O povo ficou aterrorizado com o evento. Pela população espalhou-se a mensagem – “Caiu o Carmo e a Trindade!” – para expressar como o terramoto tinha sido devastador.
Posteriormente, a expressão ficou associada a algo que cria esse impacto. Assim, quando há um acontecimento mau ou quando algo dramático está para acontecer, usa-se essa expressão.
2 – “Ficar a ver navios”
Quando se está com a expectativa de algo e tal não acontece, a pessoa “fica a ver navios”. É quando a desilusão se segue. Quando se espera algo positivo e tal não acontece ou quando se perde uma excelente oportunidade que estava nas nossas mãos.
A origem desta expressão popular não é consensual. No entanto, há duas teorias que a relacionam com o Alto de Santa Catarina.
A primeira vem do tempo dos Descobrimentos. Nesse tempo, os armadores portugueses subiam a esta colina com o propósito de ver chegar os navios que regressaram das suas aventuras, nomeadamente das Índias, de África e do Brasil
A segunda teoria evoca os lisboetas que não queriam acreditar na morte de D. Sebastião. Por isso, crentes do seu regresso, ficavam neste local à espera que o monarca regressasse num navio para reassumir o seu trono.
Ora, em ambos os casos, a desilusão fazia-se sentir, dolorosamente. Por isso, facilmente se passou a utilizar a expressão nesse sentido.
3 – “Rés-vés Campo d’ Ourique”
Usa-se esta expressão quando acontece algo quase milagroso, que tenha ocorrido mesmo, mesmo à justa! Apesar de existirem teorias distintas sobre a origem desta expressão popular, há uma teoria tida como mais consensual.
Segundo esta teoria, a origem desta expressão remonta ao Terramoto de 1755 e também ao maremoto violento que se seguiu. Apesar dos efeitos terem atingido quase toda a cidade, foi por um triz que não chegou ao bairro…
É possível ter sido por isso que esta expressão se espalhou pelo país, evidenciando o acontecimento da salvação à justa ou à última da hora.
Existe outra teoria que defende que a origem desta expressão se deve ao traçado urbano de Lisboa no século XVII. Os limites da cidade lisboeta na época terminavam em Campo de Ourique, mais precisamente na Rua Maria Pia. Por isso, ficava “à justa” de Lisboa.
4 – “Meter o Rossio na Rua da Betesga”
Esta expressão é fácil de perceber. Por isso, é usada regularmente. Os lisboetas conhecem bem a pequena rua da Betesga, que permite ligar o Rossio à Praça da Figueira.
Facilmente se compreende a expressão, porque seria impossível colocar o Rossio nesta rua. Nunca caberia nos seus respetivos 35 m de comprimento. Por isso, dizer “meter o Rossio na Betesga” é referir-se a algo impossível ou desproporcionado.
5 – “Calhandreira”
Para descobrir a origem de uma das expressões populares mais antigas de Lisboa, é necessário recuar até aos séculos XVII ou XVIII. Segundo os historiadores interessados nesta matéria, a origem desta expressão está relacionada com o “calhandro”, que era uma espécie de penico da época.
Este objeto era despejado e lavado no Tejo, uma missão confiada a um grupo de serviçais, que se encontravam ao serviço das famílias mais nobres e ricas da capital. No entanto, essas serviçais aproveitavam o momento para ficar à conversa (frequentemente, de forma demorada…).
Assim, as mulheres iam contando tudo o que se passava nas casas dos respetivos patrões, trocando bisbilhotices. Foi por isso que surgiu o termo “calhandreira”, ficando ligado a meter-se na vida alheia.
6 – “À grande e à francesa” e “Farrobodó”
Muitas pessoas desconhecem que surgiram duas expressões populares no mítico Palácio Chiado. É verdade! O edifício histórico na Rua do Alecrim (nº 70) que atualmente acolhe um restaurante está na origem de duas expressões bem conhecidas do povo. O nascimento de ambas ocorre pela mesma razão: devido aos faustosos banquetes servidos por Joaquim Pedro de Quintela.
O Conde de Farrobo servia banquetes no então Palácio Quintela. O nome Farrobo acabou por dar origem a farrobodó (embora a maioria das pessoas diga forrobodó, o que não está correto…). A expressão manteve-se em uso até à atualidade, que significa “festejar descontroladamente”.
No ano de 1807, o General Junot fez do palácio a sua sede, quando se estava em plena invasão francesa. Ora, o homem organizava bailes no local, indiferente à devastação ocorrida no nosso país.
Desta forma, o General, que vivia com ostentação em Portugal, está na origem da expressão “à grande e à francesa”, que tem o significado de “em grande estilo”.
bom
Acho que quem escrevu o texro pecou por falta de rigor.
A rua da Betesga nao liga Pc da Figueira e o Rossio mas liga a Pç da Figueita ao Poço do Borratem e o inicio da Rua da Madalena.
Calhandreiras não ficavam a falar das familias que serviam mas deviae nome por irem ao rio despejar e lavar os recipientes com dejetos e que se chamavam CALHANDROS, vasilhas bastante maiores que penicos.