Colocar o telemóvel no bolso das calças é um hábito de muita gente. Basta ir no metro e no autocarro ou caminhar pelas ruas para o confirmar. No entanto, esse gesto inocente de colocar o telemóvel no bolso das calças pode ter efeitos negativos. Há evidências científicas que permitem-nos entender os potenciais riscos para a saúde. Saiba o que dizem os estudos científicos e compreenda o perigo da colocação do telemóvel no bolso.
Segundo a investigação científica, a radiação eletromagnética pode ter impacto nas funções reprodutivas. Há outras consequências que permitem concluir que deve evitar criar este hábito. Proteja-se e evite cometer este erro que pode ser nocivo para a sua saúde.
Evite colocar o telemóvel no bolso das calças
As pessoas colocam o telemóvel como parte essencial no seu quotidiano. A sociedade já não sabe viver sem ele, até porque, atualmente, há de tudo num telemóvel. É um escritório, um quiosque, um ponto de encontro. Ora, a necessidade de o ter imediatamente à mão faz com que se coloque o aparelho no bolso das calças. Ao mínimo toque de chamada, de mensagem ou de contacto nas redes sociais saca-se do bolso o telemóvel.
Contudo, a presença constante do aparelho de comunicação no bolso pode implicar riscos associados às radiações emitidas pelos telemóveis. Usar os telemóveis no bolso representa um perigo, devido ao impacto que a radiofrequência pode criar.
A radiação decorrente destes aparelhos acontece pelas trocas de informação, podendo representar um efeito negativo na fertilidade dos homens, especialmente dos elementos masculinos com o hábito de colocar o telemóvel no bolso da frente das calças.
- Ao longo das últimas décadas, o assunto tem sido alvo de vários estudos. O uso do telemóvel é prejudicial para a qualidade dos espermatozoides? Esta é uma das questões mais analisadas na comunidade científica.
Atualmente, não há evidências científicas de elevada qualidade que permitam assegurar com total segurança que o hábito de colocar o telemóvel no bolso da frente das calças implica necessariamente efeitos negativos na qualidade dos espermatozoides.
Por isso, não se deve adotar uma atitude alarmista nesta questão. Contudo, há estudos com posições contraditórias, havendo a defesa de uma probabilidade teórica.
Segundo alguns estudos, parece existir um agravamento da morfologia e mobilidade dos espermatozoides. No entanto, outros estudos garantem que não existe esse impacto.
Desta forma, trata-se de um tema controverso. Como não é consensual, não há certeza que a radiofrequência de baixa intensidade que o telemóvel emite quando se encontra no bolso das calças cria realmente um impacto negativo na fertilidade masculina.
Ainda que possam existir suspeitas nesse sentido, atualmente, não há estudos com qualidade suficiente para estabelecer essa causa-efeito. A “probabilidade teórica” relaciona-se com o potencial aumento da temperatura dos órgãos genitais, que pode ser gerado pela radiação emitida pelo aparelho de comunicação.
É sabido que os testículos são muito sensíveis ao aumento da temperatura e que o telemóvel emite uma radiofrequência que pode levar a um sobreaquecimento dessa zona. Teoricamente, o aumento da temperatura pode efetivamente lesionar ou prejudicar o sémen. A própria radiofrequência pode gerar alterações no ADN dos espermatozoides e contribuir para um aumento do stress oxidativo.
Contudo, convém enaltecer que não se encontra comprovado cientificamente que a colocação frequente dos telemóveis levem mesmo a esse aquecimento substancial, nem sequer se pode garantir que a distância entre o bolso e os órgãos genitais permita gerar essa influência na temperatura dos testículos.
Já foram realizados estudos in vitro [em laboratório] que parecem demonstrar que a exposição à radiação motivada pela utilização do aparelho promove uma fragmentação do ADN dos espermatozoides, algo que pode ser relacionado com o risco de aborto ou de infertilidade mais elevado.
Contudo, os estudos in vivo [em humanos] apresentam resultados conflituantes. Se existem alguns estudos que defendem a perda de qualidade do sémen, outros estudos não revelam essa consequência.
- Em 2014, foi publicado um estudo que se centrou no impacto da radiação emitida pelos aparelhos de comunicação no ADN dos espermatozoides. A análise foi feita in vitro, recorrendo a amostras de sémen de 32 adultos saudáveis (cada participante cedeu duas amostras).
Uma das amostras cedidas foi colocada num termostato ao longo de 5 horas, enquanto a outra amostra foi submetida às radiações de um telemóvel ligado pelo mesmo espaço temporal.
Segundo os autores desse estudo, na segunda amostra identificou-se um número de espermatozoides mais elevados com dificuldades de mobilidade, havendo ainda uma maior taxa de casos de fragmentação do ADN.
Houve uma revisão sistemática que permitiu analisar os 18 estudos (tanto in vitro e in vivo). A conclusão foi que a utilização dos aparelhos de comunicação pode revelar-se prejudicial à qualidade do sémen.
Contudo, os autores referem que nos estudos in vivo que foram analisados existem diversas limitações, nomeadamente a impossibilidade de isolar variáveis que podem interferir nos resultados apresentados.
Além disso, não foi levado em consideração o estilo de vida dos participantes (informações relevantes como o consumo de álcool, a utilização de roupa interior apertada, hábito de fumar, problemas de obesidade).
Noutro artigo científico, é identificada a “ambiguidade” nos resultados sobre esta temática, sendo reveladas diferenças nos tipos de aparelhos utilizados. Havendo diferenças no modo de transmissão em que o telemóvel opera (‘em chamada’ vs ‘em standby’) e ainda na distância que se encontra entre as células de espermatozoides e o aparelho.
Estas variantes geram um contributo para a ambiguidade revelada nos resultados apresentados em vários estudos.
Não é simples responder à questão: A radiofrequência tem impacto na fertilidade do homem? Vários artigos científicos apresentam resultados distintos. Não ficaram definidos os efeitos da utilização do aparelho na fertilidade dos homens, em particular na fecundação.
Desta forma, não se assegura que haja uma capacidade de o espermatozoide conceber uma gravidez.
Num estudo que foi realizado em 2021, foi analisado o impacto da utilização de aparelhos de comunicação na fertilidade. Entre as conclusões apresentadas está uma que defende que há uma baixa associação entre a colocação do telemóvel no bolso da frente e a fecundação.
Segundo os investigadores, as associações entre a exposição aos telemóveis e o volume, concentração e motilidade do esperma revelam-se pouco consistentes. Por isso, atualmente, ainda não é certo que a radiação emitida pelo aparelho tenha efetivamente um impacto direto na fertilidade masculina. Contudo, outros estudos com outra qualidade podem apresentar resultados distintos no futuro.
Apesar da existência de alguns estudos que mostram alteração no sémen, não se pode defender que se encontre completamente provado que os aparelhos influenciam a fertilidade de forma significativa em humanos.
A ligação não foi comprovada. Caso contrário, as entidades reguladoras e as sociedades científicas teriam atuado, nomeadamente anunciando recomendações no sentido de alertar para a necessidade de evitar o uso do aparelho no bolso.
Outra questão que é alvo de análise é: a utilização do aparelho de comunicação aumenta o risco de cancro nos testículos? As conclusões são mais sustentadas no que diz respeito ao potencial impacto das radiações que os aparelhos emitem e no aumento do risco de cancro do testículo.
Atualmente, não há provas científicas que liguem a utilização do telemóvel no bolso da frente a um aumento do risco de desenvolver cancro no testículo. Os estudos que foram realizados não indicam a radiofrequência do telemóvel como fator de risco para o cancro. Além disso, diversas organizações internacionais sustentam que o uso de telemóveis não leva a um aumento do risco de cancro.
- Segundo o Centro de Investigação para o Cancro do Reino Unido, comprovou-se que a radiação emitida por telemóveis / as antenas de telemóveis é bastante fraca.
Por isso, não existe energia com impacto suficiente que possa danificar o ADN. Desta forma, é muito improvável que os aparelhos de comunicação tenham capacidade para originar cancro.
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As ondas de radiofrequência dos aparelhos de comunicação consistem numa radiação não-ionizante. Segundo explica a Sociedade norte-americana para o Cancro, os telemóveis não apresentam energia suficiente para originar cancro, não geram dano direto ao ADN dentro das células.
Analisando os 30 anos de evidência científica recolhida até ao momento não há relação entre cancro (ou outros problemas de saúde) e a exposição à energia de radiofrequência gerada pelo uso de telemóveis.
Embora nas últimas décadas tenha existido um enorme aumento da utilização de telemóveis, a realidade é que não se identificou qualquer aumento dos casos de cancro que se relacione com o uso do telemóvel. Há até diagnósticos nos Estados Unidos da América que revelam uma redução desses números ao longo dos últimos 15 anos.