Errar é desconfortável, causa insegurança e, muitas vezes, fere o ego. Mas é também inevitável. Mais do que isso: é essencial para o crescimento pessoal e profissional. Os especialistas garantem que são precisamente as quedas que abrem espaço para as maiores conquistas. Afinal, não existe aprendizagem sem falha.
A verdade é que ninguém gosta de falhar. Cada deslize pesa como um fardo. No entanto, quando olhamos para trás, percebemos que muitos dos maiores ensinamentos nasceram exatamente dos erros cometidos ao longo do caminho.
Decisões mal ponderadas, escolhas apressadas ou gestos impensados acabam, tantas vezes, por se transformar em marcos fundamentais da nossa história de vida.
Seja no trabalho, nas relações pessoais ou até na forma como gerimos o dinheiro, há erros que carregam lições que nenhum manual ou curso seria capaz de transmitir. São experiências que moldam caráter, fortalecem resiliência e despertam uma nova consciência sobre o que realmente importa.
De acordo com a RFM, estes são seis erros que, por mais estranho que pareça, todos deviam cometer pelo menos uma vez na vida.
1. Confiar nas pessoas erradas
Mais cedo ou mais tarde, todos passamos por esta experiência: depositar confiança em alguém que não a merecia. É doloroso e muitas vezes desilude. Contudo, é assim que se aprende a distinguir quem realmente merece estar ao nosso lado. A confiança traída ensina mais sobre a natureza humana do que anos de convivência sem sobressaltos.
2. Tomar más decisões financeiras
Uma má escolha financeira pode deixar marcas profundas, desde dívidas difíceis de gerir até investimentos falhados. No entanto, é também uma das formas mais eficazes de aprender a lidar com dinheiro de forma responsável. Depois de sentir o peso de um erro económico, dificilmente se repete o mesmo caminho. O tropeço ensina disciplina, prudência e visão a longo prazo.
3. Escolher a carreira errada
Entrar no mercado de trabalho e perceber que a carreira escolhida não corresponde às expectativas não é um fracasso — é uma revelação. Descobrir que se está no caminho errado pode ser, na verdade, o primeiro passo para encontrar o percurso certo. Mudar de rumo exige coragem, resiliência e a capacidade de enfrentar o medo do desconhecido. Mas, tantas vezes, é nesse salto que se encontra o verdadeiro propósito.
4. Ser egoísta nas próprias escolhas
Pensar apenas em si, ainda que por um momento, pode magoar quem está à volta. Contudo, também revela a importância da empatia, dos limites e da responsabilidade emocional. Errar por excesso de egoísmo permite compreender, na prática, o impacto das nossas decisões na vida dos outros e ensina o valor da partilha e do equilíbrio.
5. Escolher o caminho mais fácil
Ceder ao atalho, optar pela via menos exigente, parece tentador no imediato. Mas cedo ou tarde, a conta chega. É nesse instante que se entende, de forma clara, porque o esforço compensa e porque o trabalho bem feito nunca é tempo perdido. O erro de seguir pela linha da menor resistência é o que ensina o valor da persistência e da excelência.
6. Trabalhar até à exaustão
Dedicar-se de corpo e alma ao trabalho pode parecer admirável, mas tem um custo alto: o bem-estar físico e mental. Bater no fundo, esgotar forças e perder a alegria no dia a dia é um alerta poderoso. Só ao sentir esse limite é que muitos percebem a urgência de redefinir prioridades, resgatar equilíbrio e colocar a saúde — e a vida pessoal — no centro da equação.
Quando o erro se transforma em triunfo: exemplos reais
A História está cheia de homens e mulheres que tropeçaram antes de brilhar. O erro não foi o fim, mas sim o ponto de viragem.
Steve Jobs – Foi despedido da própria empresa que fundou, a Apple. Esse fracasso, que poderia ter destruído a sua carreira, transformou-se no motor da sua reinvenção. Criou a Pixar, voltou à Apple e revolucionou a tecnologia para sempre.
J.K. Rowling – Antes de Harry Potter se tornar fenómeno mundial, a escritora britânica foi rejeitada por várias editoras. O erro que parecia ser insistir num manuscrito “sem futuro” revelou-se, afinal, a chave para inspirar milhões de leitores em todo o mundo.
Fernando Pessoa – O maior poeta português da modernidade deixou para trás uma carreira académica instável e um percurso profissional repleto de falhas. O que para muitos teria sido sinal de fracasso foi, na verdade, a liberdade que lhe permitiu dedicar-se à literatura e construir uma obra imortal.
Estes exemplos mostram que falhar não é sinónimo de fraqueza. É, muitas vezes, o início da grandeza.
Errar não é fracassar, é aprender
A verdade é simples: ninguém chega longe sem tropeçar. Errar dói, sim, mas também abre portas para novos caminhos. Cada falha carrega em si a semente da transformação. O erro é, afinal, um convite à mudança, à superação e ao recomeço.
Por isso, da próxima vez que algo não correr como planeado, em vez de ceder à culpa ou à frustração, a pergunta certa é: o que é que esta experiência me veio ensinar?
Errar é humano, mas aprender com os erros é o que nos torna verdadeiramente grandes.