Uma análise detalhada das doenças que exigem maior atenção quando se trata da saúde feminina. Confira as doenças que atingem mais as mulheres.
A mulher é o género mais forte, facto confirmado por um estudo norte-americano, que analisou a taxa de sobrevivência de homens e mulheres nos últimos 250 anos. As mulheres têm mais resistência e maior possibilidade de sobreviverem a tempos de fome e de doença do que os homens.
Apesar de serem o sexo forte e de já se ter comprovado que as mulheres são mais cuidadosas com a saúde do que os homens, fatores genéticos, biológicos e ambientais são alguns dos motivos pelos quais há certas doenças que afetam mais as mulheres.
Em Portugal, a esperança média de vida é superior a 80 anos. Comparativamente, as mulheres vivem em média mais 5 anos do que os homens. Contudo, existem patologias que afetam muito mais as mulheres do que os homens.
Acompanhe o nosso artigo e conheça as 7 doenças que atingem mais as mulheres e saiba como diagnosticá-las de forma mais precoce. Se manifestar algum sintoma, procure logo o apoio médico necessário.
Doenças que atingem mais as mulheres
Intolerância ao glúten
O glúten é uma proteína presente em cereais como trigo, malte, centeio ou cevada que, juntamente com a água, forma um tipo de composto, que garante uma maior elasticidade em alimentos como pães, massas e biscoitos.
A doença celíaca (doença esta que afeta 1 em cada 100 pessoas no mundo, sendo a maioria mulheres) pode causar sintomas como diarreia, perda de peso, distensão abdominal ou inflamação grave nos intestinos.
As pessoas que são alérgicas a esta proteína necessitam de se privar de certos alimentos, que têm glúten, como pão, massa, cereais, pizza, cerveja, bolos, bolachas, entre outros alimentos.
Atualmente, a oferta de alimentos glúten free é cada vez maior e encontra-se cada vez em mais espaços. Contudo, quem não padece desta doença deve evitar os alimentos glúten free, devido a estes alimentos terem um índice elevado de lípidos e de gorduras saturadas.
Tiroide
A tiroide é uma glândula em forma de borboleta que fica localizada na parte anterior do pescoço, envolvendo a traqueia. A tiroide pode ser afetada por diversas patologias. Geralmente mais comum entre as mulheres, as principais doenças da tiróide são: o bócio e a Hashimoto, que resultam da produção de anticorpos que podem estimular ou destruir a glândula.
As doenças da tiroide são muitas vezes silenciosas, mas bastante comuns. Influenciam o ritmo do batimento cardíaco, interferem no nosso humor e no nosso peso, assim como no desenvolvimento dos bebés durante a gravidez.
Segundo a American Thyroid Association, ou em tradução livre a Associação Americana de Tiroide, um estudo realizado indica que estatisticamente a probabilidade de as mulheres desenvolverem problemas relativos à tiroide é 5 a 8 vezes superior aos homens.
Atualmente, os problemas da tiroide afetam mais de um milhão de portugueses (as doenças relacionadas com esta glândula afetam cerca de 10% da população) e no mundo afetam cerca de 300 milhões de pessoas.
Em terras lusas, surgem anualmente cerca de 400 novos casos de cancro da tiroide. As alterações da tiroide ocorrem quando a tiroide produz hormonas em abundância, o designado hipertiroidismo ou quando não produz hormonas suficientes, neste caso, o hipotiroidismo.
Em ambos os casos, o hipertiroidismo ou o hipotiroidismo, o nosso organismo fica comprometido, pois afeta o bom funcionamento do nosso organismo.
Acidente vascular cerebral (AVC)
Um acidente vascular cerebral (AVC) ocorre quando o fornecimento de sangue que vai para o cérebro é interrompido ou drasticamente reduzido ou, então, quando um vaso sanguíneo se rompe, causando uma hemorragia cerebral.
De acordo com um estudo realizado pela Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral (SPAVC), o comummente conhecido AVC é a principal causa de morte entre os portugueses. O género feminino é o grupo de maior risco e pressupõe-se que uma em cada seis pessoas irá sofrer um AVC durante o seu tempo de vida.
As principais recomendações para prevenir e reduzir o risco de um AVC são:
- Praticar exercícios físicos regularmente;
- Ter uma alimentação saudável;
- Reduzir o consumo de bebidas alcoólicas
- Deixar de fumar;
- Controlar a pressão arterial.
No entanto, é também crucial saber-se reconhecer os sinais de alarme, conhecidos como os 5 F’s ou a regra dos 5 F’s. Os sintomas da vítima podem surgir isoladamente ou em conjunto, a saber:
- Face: a face da vítima pode ficar subitamente assimétrica, com uma das pálpebras descaída e até os lábios podem também ficar descaídos. Como forma de despiste, estes sinais poderão ser mais bem percebidos se pedir à pessoa afetada para tentar sorrir;
- Força: é comum um braço ou uma perna perderem a força ou ocorrer uma súbita falta de equilíbrio;
- Fala: pode parecer estranha ou incompreensível e o discurso não fazer sentido;
- Falta de visão súbita: de um ou de ambos os olhos. Este é um sintoma frequente;
- Forte dor de cabeça: é importante reconhecer uma dor de cabeça súbita e bastante intensa, diferente do padrão habitual e sem causa aparente.
Em caso de se deparar com os sintomas aqui apresentados, deve contactar imediatamente os serviços de emergência médica, ligando o número das urgências 112.
Ao se deparar com estes sintomas deve ser célere a solicitar o apoio medico especializado, porque quanto mais rapidamente a vítima chegar ao hospital, mais depressa será tratada e, consequentemente, maiores serão as hipóteses de sobrevivência e de sofrer menos sequelas.
Doenças sexualmente transmissíveis
As Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) mantêm uma elevada predominância no género feminino, mesmo com o desenvolvimento de novas técnicas e de novos métodos de diagnóstico e de tratamento.
Uma das razões indicadas para a elevada predominância das doenças sexualmente transmissíveis no género feminino deve-se parcialmente à própria anatomia da mulher. As DST podem provocar infertilidade, malformações fetais ou infeções neonatais. Pelo facto destas doenças serem silenciosas, elas podem mesmo chegar a quadros clínicos mais graves.
Como as DST são, muitas vezes, doenças silenciosas e, muitas vezes, não apresentam sintomas, é de extrema importância consultar frequentemente o seu ginecologista para ser seguida e para realizar os devidos exames como, por exemplo, a mamografia, a ecografia pélvica ou a citologia.
Distúrbios alimentares
Os distúrbios alimentares ou transtornos alimentares são alterações graves do comportamento alimentar, normalmente associados à obsessão com a perda de peso ou com a aparência física.
Os distúrbios alimentares ou transtornos alimentares, como a bulimia, a anorexia ou a ortorexia, são exemplos das doenças que atingem mais as mulheres do que os homens. Algumas das causas apontadas para estes distúrbios alimentares derivam da pressão social, da própria genética da pessoa, assim como da sua psicologia e biologia.
Estes transtornos alimentares estão mais associados ao género feminino, onde a principal preocupação reside nos casos mais permeáveis e influenciáveis que ocorrem durante a adolescência e a juventude.
Contudo, isto não quer dizer que não haja casos de distúrbios alimentar na fase adulta nas mulheres e que não haja casos no género masculino.
Estas perturbações alimentares podem ser bastante prejudiciais para o organismo e, muitas vezes, podem desencadear outras doenças como anemia, osteoporose, problemas cardíacos e/ou cerebrais. Nestes casos, os tratamentos devem ser acompanhados por especialistas como um nutricionista e um terapeuta.
Osteoartrose
A osteoartrose é uma doença crónica, comummente designada de artrose, reumático ou reumatismo. A osteoartrose é das doenças mais associadas ao género feminino. Esta doença atinge as cartilagens das articulações, assim como o tecido muscular das articulações.
A artrose é a patologia mais comum. Em Portugal, existem cerca de meio milhão de pacientes com artrose e com dores. Contudo, acredita-se que este número esteja mais próximo de um milhão, visto que muitas pessoas têm osteoartrose, mas não apresentam qualquer queixa.
Atualmente, na população acima dos 60 anos, cerca de 90% dos indivíduos tem artrose. Assim que a cartilagem está ferida, o osso que está próximo a essa lesão reage ao ficar mais espesso e saliente.
Deste modo, quando a cartilagem está lesionada, o osso que está por baixo reage a essa lesão, ficando mais espesso e saliente. Estas protuberâncias ósseas são designadas de osteófitos, conhecidos popularmente como “bicos de papagaio”.
O facto do género feminino ter os tendões e articulações mais flexíveis é uma das razões para que esta doença seja mais comum entre as mulheres. Paradoxalmente, esta flexibilidade acaba por ser crucial e fundamental durante a gravidez da mulher. Contudo, ela acaba por fazer com que a mulher seja mais propícia a lesões deste tipo, como artroses ou problemas nos joelhos, ancas, pés e mãos.
Alzheimer
Outra doença que atinge mais as mulheres do que os homens é a doença de Alzheimer. Uma equipa da Universidade de Coimbra realizou um estudo, em que se concluiu que o sexo feminino e a diabetes do tipo 2 podia contribuir para a doença de Alzheimer (este estudo foi realizado recorrendo a ratos de meia-idade).
Ainda neste estudo realizado em 2017, em que foram usados ratos, foi observado e verificado que as fêmeas apresentavam uma redução de uma hormona sexual no cérebro, mais precisamente o estrogénio.
Com esta redução do estrogénio e com o decorrer do tempo e o avançar da idade, esta mesma redução de estrogénio pode causar a disfunção cognitiva, a morte neuronal e a doença de Alzheimer.
Apesar de toda a tecnologia ao nosso dispor, atualmente ainda não existe cura para a doença de Alzheimer. Para se prevenir e tentar evitar esta doença, existem alguns comportamentos diários a ter em conta, nomeadamente:
- Exercitar a mente por meio de jogos de estratégia ou fazendo ‘puzzles’ e palavras-cruzadas;
- Fazer exercício físico regularmente. É importante fazer 30 minutos de atividade física 3 a 5 vezes por semana;
- Fazer uma alimentação saudável, com uma dieta rica em vegetais, peixes e frutas, que ajudam a nutrir corretamente o cérebro;
- Dormir pelo menos 8 horas por noite;
- Não fumar.