Este monumento mais visitado é uma atração imperdível. Fique a conhecer os encantos e as características do Mosteiro dos Jerónimos.
Ao longo da história do nosso país, muitos foram os monumentos construídos. São quase 9 séculos de existência, tempo mais do que suficiente para diversas construções que se tornaram em atrações fantásticas. Estes pontos de interesse estão presentes de norte a sul.
Algumas dessas atrações tornaram-se bastante populares, existindo monumentos especiais que são visitados todos os dias em números impressionantes. Em Lisboa, encontra-se o monumento mais visitado. Sabe qual é? Fique a conhecer os atributos e as caraterísticas do Mosteiro dos Jerónimos. Este monumento lisboeta é uma atração imperdível.
Descubra qual é o monumento mais visitado em Portugal
Sucesso
Este monumento é emblemático e tornou-se numa referência da capital. Segundo um estudo realizado a nível nacional, mais de 60% dos portugueses já visitou o Mosteiro dos Jerónimos pelo menos uma vez na vida. O interesse neste monumento é bastante acentuado, algo que se confirma pelos números que apresenta. Segundo um estudo, este monumento é o favorito dos turistas portugueses.
O estudo
Segundo o ‘Inquérito às Práticas Culturais dos Portugueses 2020’, o Mosteiro dos Jerónimos lidera os monumentos mais visitados pelos portugueses. No pódio, ficam ainda os monumentos a Torre de Belém e o Mosteiro da Batalha. Este estudo inédito foi realizado por uma instituição credível, mais especificamente pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, tendo esta contado com o precioso apoio da Fundação Calouste Gulbenkian.
Os números
O estudo realizado pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa apresenta números esclarecedores. Segundo o ‘Inquérito às Práticas Culturais dos Portugueses 2020’,
cerca de 63% dos inquiridos revelou ter visitado o Mosteiro dos Jerónimos, pelo menos uma vez na vida.
Em segundo lugar ficou a Torre de Belém (com 61%). O Mosteiro da Batalha contentou-se com o terceiro lugar do pódio (com 59%). Houve monumentos que estiveram perto do pódio, como o Mosteiro de Alcobaça (com 43%), o Real Edifício de Mafra (com 32%), a Universidade de Coimbra (com 32%) e o Convento de Cristo Tomar (com 27%).
Hábitos
No entanto, em 2019, ano anterior ao início da pandemia, apenas 31% dos portugueses visitou estes espaços. Por isso, não se pode dizer que este hábito faça parte das rotinas dos portugueses.
Apenas 28% foram a museus, sendo que apenas 13% se deslocaram a sítios arqueológicos e 11% visitaram galerias de arte.
Segundo o estudo, no que diz respeito ao espaço digital, as visitas virtuais a espaços patrimoniais também privilegiam os monumentos (com 14%) e os museus (com 13%).
Modo da visita
Segundo os investigadores, chegou-se à conclusão que as práticas culturais no nosso país encontram-se altamente relacionadas com momentos de socialização. Estes especialistas defendem que apenas 4% dos inquiridos realizaram as visitas sozinhos.
A maioria (65%) revelou que sempre que visitaram estes espaços foram com familiares. Há ainda um número expressivo que defende que foi com namorados ou amigos (27%). Há ainda um número reduzido (8%) que defende que a visita realizou-se em grupo escolar.
As motivações
O estudo realizado pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa apresenta outras conclusões interessantes. Por exemplo, no estudo, é abordado que entre as motivações mais referidas pelos inquiridos está a importância histórica do espaço. 40% dos inquiridos assinalou essa como uma razão vital.
No entanto, há outras motivações que são abordadas. Elas estão ligadas à socialização e à estética (com 33% dos inquiridos) e, finalmente, a beleza do espaço e das obras expostas (com 31% dos inquiridos).
Desculpas
O estudo realizado pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa apresenta também as desculpas para não visitar estes locais. Segundo o estudo, há algumas razões invocadas pelos portugueses para estão na origem da sua ausência destes espaços.
A falta de tempo é a principal razão (com 39%) para não terem visitado – ou ido com maior frequência a um espaço patrimonial. Outras desculpas que se destacam são a falta de interesse ou a preferência por outras atividades (38%). A outra razão para essa ausência é o preço elevado dos bilhetes (21%).
Escolaridade
Segundo o estudo realizado pelos investigadores, 70% dos visitantes destes espaços culturais (de museus, monumentos e galerias de arte) têm escolaridade de nível superior, sendo também indicado que apenas 11% têm escolaridade até ao 3º ciclo.
Deslocações
Há outras conclusões interessantes neste estudo que os investigadores partilharam. Por exemplo, cerca de 58% dos visitantes deslocou-se a outro concelho para realizar a visita a estes espaços culturais.
Além disso, 28% dos visitantes fizeram a visita no concelho onde habitam. Há ainda a indicação que 12% fizeram as visitas em deslocações ao estrangeiro. Segundo os investigadores, os locais que tiveram maior afluência foram os museus de história e de arte, seguindo-se os de ciência.
Mosteiro dos Jerónimos
Localização
Este mosteiro está situado em Lisboa, mais precisamente na freguesia de Belém, que é reconhecida como uma das zonas mais turísticas da capital. O mosteiro é considerado uma das atrações mais populares do país. Por isso, não é surpreendente que se trate do espaço cultural mais visitado em Portugal nos últimos anos.
Origem
O Mosteiro dos Jerónimos foi construído no século XVI. A sua construção deve-se ao Rei D. Manuel I. Foi o monarca português que deu a ordem para se erguer este mosteiro fantástico.
O Mosteiro dos Jerónimos foi construído em 1502. Em 1496, D. Manuel I solicitou autorização à Santa Sé para que pudesse fundar um mosteiro dedicado a Nossa Senhora e destinado à Ordem de São Jerónimo. Este deveria situar-se nos arredores da cidade de Lisboa. As obras começaram em 1502, logo após escolhido o local, mais precisamente na margem norte do rio Tejo, ficando em frente à antiga Praia do Restelo.
O rei D. Manuel I teve a vantagem de reinar durante a época de maior expansão do Império Português, por isso foi nesse contexto onde havia riqueza que o Mosteiro dos Jerónimos foi erguido.
O país encontrava-se na Era dos Descobrimentos Portugueses, a “Idade do Ouro Portuguesa”. Este monumento beneficiou de um avultado financiamento, servindo para promover a descoberta do caminho marítimo para a Índia (liderada por Vasco da Gama) e a descoberta do Brasil (liderada por Pedro Álvares Cabral).
As explorações marítimas ajudaram o reino a apresentar grande riqueza. O ouro e o comércio de especiarias permitiram a Portugal ter grande capacidade de investimento.
O monarca desejou utilizar a matéria-prima da melhor qualidade, além de exigir a contratação dos artistas mais notáveis. Entre eles encontravam-se artistas como Nicolau Chanterene, Diogo Boitaca, João de Castilho, Diogo de Torralva e Jerónimo de Ruão, entre outros.
A construção do Mosteiro dos Jerónimos não foi realizada de um momento para o outro. Pelo contrário, prolongou-se no tempo, tendo durado um século. A conclusão das obras realizou-se em 1601.
Nessa época, o monumento era composto pela igreja, existindo ainda neste templo várias capelas, sacristia e coro alto. Além disso, havia ainda a sala do capítulo, o refeitório, os confessionários, os dormitórios e um claustro de dois andares.
Ora, no século XIX, foi ainda adicionado o longo edifício neomanuelino que se encontra a poente do mosteiro. Atualmente, neste local, encontra-se ainda o Museu Nacional de Arqueologia e parte do Museu da Marinha.
Arquitetura
O mosteiro é uma construção exemplar, servindo como um símbolo da arquitetura manuelina.
Reconhecimento
A riqueza apresentada pelo Mosteiro dos Jerónimos é singular, tendo este momento sido eleito como uma das sete maravilhas de Portugal. Além disso, o Mosteiro dos Jerónimos foi classificado como Monumento Nacional, em 1907. Este monumento foi inscrito na Lista do Património Mundial da UNESCO em 1983, tal como aconteceu com a Torre de Belém.
Ilustres
No Mosteiro dos Jerónimos, encontram-se sepultados vultos portugueses, pessoas que ficaram para a história do país, nomeadamente: Camões, Fernando Pessoa, Alexandre Herculano, Vasco da Gama, D. Manuel I. D. João III ou D. Sebastião.
Principais atrações do monumento
Fachada Sul
Esta não é a fachada principal do Mosteiro. No entanto, a Fachada Sul é aquela que é normalmente apresentada nos cartões-postais da capital. Esta fachada encontra-se voltada para a Praça do Império.
A Fachada Sul é feita em pedra lioz. Trata-se de um tipo de calcário muito presente na região de Lisboa (em especial no município de Sintra). Nesta fachada, pode admirar-se a impressionante arquitetura e a decoração escultórica, que tornam este monumento num dos exemplos mais emblemáticos do gótico português tardio (como o estimo manuelino também é conhecido).
Este estilo carateriza-se pela exuberância das formas, destacando-se pela incorporação de elementos e símbolos (nomeadamente: naturalistas, régios, marítimos, e religiosos). O estilo manuelino foi muito influenciado pela arte mudéjar.
Portal Sul
O João de Castilho foi responsável pela construção do Portal do Sul do Mosteiro dos Jerónimos. O Portal Sul é considerado uma das obras-primas do monumento. Tem cerca de 32 metros de altura e 12 metros de largura.
Este mestre de obras e arquiteto hispano-português demorou dois anos a terminar (1517-18) este trabalho. Segundo os registos históricos, foram mais de 200 trabalhadores (nomeadamente pedreiros, aparelhadores, escultores, entre outros) a contribuir para a construção desta estrutura triunfal.
Claustro
Este elemento do Mosteiro foi projetado em três campanhas de construção sucessivas, supervisionadas. Para a construção do Claustro do Mosteiro dos Jerónimos, recorreu-se a três arquitetos de renome daquela época, nomeadamente: Diogo de Boitaca (desde 1502), João de Castilho (a partir de 1517) e Diogo de Torralva (entre 1540 e 1541).
O claustro tem dois andares abobadados e apresenta uma planta quadrada de cantos cortados. Foi o primeiro claustro integralmente concebido em estilo manuelino. Este era um espaço de meditação e recreio para os monges, tal como acontece nos claustros de outros mosteiros (e conventos).
Confessionários
Há no Mosteiro um conjunto de doze salas tidas como confessionários. Os Confessionários do Mosteiro dos Jerónimos encontram-se instalados entre a galeria nascente do piso térreo do Claustro e a Igreja de Santa Maria de Belém.
Túmulo de Fernando Pessoa
O corpo de Fernando Pessoa só foi transladado para o Mosteiro dos Jerónimos em 1985, no contexto do cinquentenário da sua morte. Fernando Pessoa é um dos poetas mais importantes da História de Portugal.
O seu túmulo encontra-se no piso térreo do Claustro, estando presente na ala norte. Este túmulo foi criado pelo escultor português Lagoa Henriques. Existe a inscrição “Para Ser Grande, Sê Inteiro” na lápide. Trata-se de parte de um poema de Ricardo Reis, mais precisamente da obra “Odes de Ricardo Reis” (1933).
Coro Alto
Houve zonas do monumento que ficaram bastante afetadas pelo Terramoto de Lisboa de 1755, embora o Mosteiro dos Jerónimos tenha sobrevivido à trágica catástrofe natural. O Coro Alto foi um dos elementos que necessitou de ser reparado. A balaustrada desmoronou-se e só foi reconstruída em 1883.
Sala do Capítulo
Este é um salão que se encontra em quase todos os mosteiros, conventos. Na Sala do Capítulo, realizavam-se as reuniões entre os monges, freiras ou cónegos e os respetivos superiores (nomeadamente abades/abadessas, priores, deões, etc.).
Túmulo de Alexandre Herculano
Neste Mosteiro, também se encontra o túmulo de Alexandre Herculano.
Após a morte do escritor (também poeta, historiador, jornalista e político do século XIX), foi constituída uma Comissão Executiva com o propósito de promover a projeção de um mausoléu em sua honra.
O túmulo foi criado pelo escultor Eduardo Augusto da Silva, apresentando-se em estilo neogótico. Este elemento está datado de 1887.
Refeitório
Este refeitório foi construído pelo mestre Leonardo Vaz, mais precisamente entre os anos 1517 e 1518. O Refeitório do Mosteiro dos Jerónimos revela-se um grande salão. Um dos seus maiores destaques vai para a abóbada, muito caraterística do estilo manuelino!
Igreja de Santa Maria de Belém
Este templo é a secção mais conhecida do Mosteiro. A Igreja de Santa Maria de Belém apresenta-se como uma planta em cruz latina. A intricada abóbada polinervada encontra-se sustentada por seis colunas, que se apresentam ricamente decoradas.
Capela do Senhor dos Passos
Esta é a primeira capela que se vê do lado esquerdo, quando se entra na Igreja de Santa Maria de Belém. A Capela do Senhor dos Passos tem as quatro telas dos anjos com os instrumentos da Paixão de Cristo, obra criada pelo pintor português António de Oliveira Bernardes.
Capela Batismal
Esta é a primeira capela que se vê do lado direito. Encontra-se mesmo em frente à Capela do Senhor dos Passos. A pia batismal neomanuelina é um elemento que se destaca e que permite a decoração do centro do pequeno templo católico.
Túmulo de Vasco da Gama
A arca tumular de Vasco da Gama foi esculpida por Vítor Bastos e Costa Mota, no ano de 1894. O Túmulo de Vasco da Gama apresenta-se em estilo neomanuelino. Pode ser encontrado no subcoro, mais precisamente em frente ao Túmulo de Luís de Camões.
Túmulo de Luís de Camões
Este túmulo é outra atração local. Luís de Camões é um dos maiores nomes da literatura portuguesa, talvez mesmo a sua maior figura. O autor da epopeia “Os Lusíadas” (1572) ficará para sempre recordado. O Túmulo de Vasco da Gama foi feito no mesmo ano e pelos mesmos autores do Túmulo de Vasco da Gama.
Capela Norte do Transepto
O Panteão Régio (ou Panteão Nacional, desde 2016) é constituído pela Capela Norte do Transepto, Capela-Mor e Capela Sul do Transepto.
Na Capela Norte do Transepto, encontram-se os túmulos dos filhos do rei D. Manuel I (nomeadamente: D. Fernando, D. António, D. Afonso, D. Luís, D. Carlos, D. Duarte e D. Maria) e do Cardeal D. Henrique (ou rei D. Henrique I de Portugal) estão do lado esquerdo.
As duas Capelas do Transepto foram iniciadas por volta de 1587. Elas alternam as sepulturas reais com os altares em baixo-relevo.
Capela-Mor
A Capela-Mor da Igreja de Santa Maria de Belém é parte central do Panteão Régio. Ela apresenta os túmulos do rei D. Manuel I, da rainha D. Maria de Aragão e Castela (a sua segunda esposa do monarca).
Nesse espaço, também se encontra o túmulo do rei D. João III (o primogénito do rei D. Manuel I e respetivo sucessor ao trono) e da rainha D. Catarina de Áustria (a sua mulher).
Capela Sul do Transepto
Esta é a última capela da Igreja de Santa Maria Belém, em termos de configuração é muito parecida com a Capela Norte do Transepto. Ambas as capelas foram projetadas por Jerónimo de Ruão, mais precisamente no final do século XVI.
Estas capelas foram criadas para servirem de complemento ao Panteão Régio da Capela-Mor. Nesta capela, repousam os restos mortais dos filhos do rei D. João III (nomeadamente D. Afonso, D. Filipe, D. João, D. Manuel, D. António, D. Dinis, D. Isabel e D. Beatriz) e do seu neto (o rei D. Sebastião I e respetivo sucessor ao trono).
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- Mosteiro de Alcobaça, o guardião de histórias fascinantes
O Mosteiro dos Jerónimos encontra-se aberto de terça-feira a domingo.
- De outubro a abril está aberto das 10:00 às 17:30.
- De maio a setembro, está aberto das 10:00 às 18:30.
- A última entrada no Mosteiro acontece às 17:00 e 18:00.
Este monumento encerra às segundas-feiras, além de encerrar nos dias 1 de janeiro, domingo de Páscoa, 1 de maio, 13 de junho (Dia de Santo António), 24 e 25 de dezembro.
O Mosteiro dos Jerónimos requer entrada com bilhete, que tem o custo 10€ (tarifa normal) ou 5€ (tarifa reduzida para maiores de 65 anos e detentores do Cartão de Estudante ou Cartão Jovem). As crianças até aos 12 anos não pagam entrada.
A Igreja de Santa Maria de Belém, encontra-se aberta de terça-feira a sábado.
- De outubro a abril está aberta das 10:30 às 17:00.
- De maio a setembro, está aberto das 10:30 às 18:00.
Aos domingos e feriados religiosos, o horário da Igreja funciona das 14:00 às 17:00 (de outubro a abril) ou das 14:00 às 18:00 (de maio a setembro).
No que diz respeito a ingressos, a Igreja de Santa Maria de Belém é de entrada livre.
Curiosidade
No dia 22 de novembro de 2016, um elemento de um casal francês de Marselha tornou-se no “visitante 1 milhão” do Mosteiro dos Jerónimos. Este foi um momento marcante deste monumento que é o que mais pessoas recebe por ano.