Consumidores portugueses enfrentam aumento de preço constante nos supermercados. O aumento gradual dos preços nos supermercados tem sido uma realidade inescapável para os consumidores portugueses. A cada semana, os produtos essenciais registam variações nos preços que, embora pareçam pequenas, acabam por pesar no orçamento das famílias.
O cabaz alimentar monitorizado pela DECO Proteste, composto por 63 produtos essenciais, atingiu o valor de 225,11€. Embora o aumento tenha sido de apenas 0,48 cêntimos em relação às semanas anteriores, o impacto acumulado faz-se sentir nas carteiras dos portugueses.
Apesar de o preço atual do cabaz estar 10,93€ abaixo do valor registado na primeira semana de 2024, a tendência de subida continua a ser evidente em vários produtos, especialmente nos vegetais, massas e azeite, que têm mostrado oscilações significativas num curto espaço de tempo.
A subida acentuada nos preços de produtos frescos
Entre os produtos mais afetados estão os brócolos, cujo preço subiu 49 cêntimos por quilo, registando um aumento de 16%, com o valor a atingir os 3,59€ por quilo. Este aumento, além de significativo, reflete uma realidade mais ampla que afeta os produtos hortícolas frescos, especialmente devido à instabilidade climática que tem afetado as colheitas em vários países europeus.
Outro produto que viu um aumento considerável foi o esparguete, com uma subida de 15% nas últimas semanas. Esta tendência não é surpreendente, uma vez que os custos de produção e transporte de alimentos continuam a ser fortemente impactados por questões logísticas e pela inflação global. Com o aumento dos custos de energia e combustíveis, as massas, um alimento básico na mesa dos portugueses, tornaram-se mais caras, prejudicando sobretudo as famílias que mais dependem de produtos de baixo custo.
O impacto do aumento do preço do azeite
O azeite, um dos produtos mais tradicionais e indispensáveis na cozinha portuguesa, continua a ser um dos principais alvos da inflação. Atualmente, o preço ronda os 10€ por litro, o que representa um aumento substancial face aos anos anteriores. O cenário de seca severa que afetou grande parte das regiões produtoras de azeite, particularmente em Espanha e Portugal, tem sido o principal motor desta escalada de preços. As baixas colheitas e a redução da oferta no mercado são fatores críticos que contribuíram para este aumento.
No entanto, há esperança de que esta tendência possa ser revertida num futuro próximo. De acordo com o jornal El Economista, a previsão de uma colheita abundante de azeite em Espanha, com uma produção estimada entre 1,4 e 1,7 milhões de toneladas, poderá trazer um alívio aos preços. Caso essa previsão se concretize, os preços do azeite poderão descer consideravelmente, possivelmente para valores na ordem dos 5€ por litro. Esta descida seria um alívio significativo para os consumidores, que têm sentido o peso desta subida nos seus orçamentos mensais.
Frutas e conservas: novos vilões no orçamento familiar
Além dos vegetais e azeite, a fruta também tem visto um aumento expressivo nos preços. A maçã Gala, um dos frutos mais populares, tem registado uma escalada de preços desde o início do ano. Atualmente, custa 2,36€ por quilo, representando um aumento de 19 cêntimos em relação ao valor anterior. Este aumento é particularmente notório quando comparado com o preço de outras frutas que, embora tenham sofrido oscilações, não têm tido uma subida tão acentuada.
Outro segmento afetado são os enlatados e os cereais. O atum em conserva, por exemplo, registou um aumento de 42 cêntimos por unidade, o que, considerando o consumo regular deste tipo de produto, se torna significativo para muitas famílias. Já os flocos de cereais, um item essencial para os pequenos-almoços de muitas casas, tiveram uma subida de 27 cêntimos. Estes aumentos, embora possam parecer pequenos, tornam-se notórios quando multiplicados pelo consumo semanal ou mensal, contribuindo para um aumento generalizado do custo de vida.
O caso do peixe: preços estáveis, mas com exceções
Embora os preços da carne se mantenham relativamente estáveis, o peixe tem sido afetado de forma mais significativa, principalmente devido à redução das capturas em algumas regiões. A pescada, um dos peixes mais consumidos em Portugal, tem visto o seu preço aproximar-se dos 11€ por quilo, refletindo uma escassez nas capturas e os custos acrescidos da indústria pesqueira. O aumento do preço do peixe é uma preocupação crescente, uma vez que este produto é uma parte fundamental da dieta mediterrânea, tão valorizada em Portugal.
O futuro incerto: o que esperar dos preços?
Com a inflação a continuar a ser uma realidade global e com as disrupções nas cadeias de fornecimento, é difícil prever com exatidão quando os preços voltarão a estabilizar. No entanto, a expectativa de boas colheitas de azeite e a melhoria gradual das condições agrícolas poderão trazer algum alívio aos consumidores no que diz respeito a certos produtos. Contudo, a volatilidade dos mercados, aliada às questões climáticas e económicas, manterá a incerteza no horizonte.
Assim, enquanto se aguarda por uma eventual descida de preços, as famílias portuguesas continuam a procurar estratégias para enfrentar este aumento constante do custo de vida. A gestão cuidadosa do orçamento, a escolha criteriosa de produtos e a aposta na compra local e sazonal podem ser algumas das medidas a considerar para mitigar o impacto destes aumentos no dia-a-dia.