As curiosidades sobre os Reis de Portugal merecem ser mais divulgadas. Sabia que D. Afonso Henriques nomeou um bispo mestiço e afrontou o Papa? Portugal tem uma história que conta com quase 900 anos. É muito tempo!… Boa parte dele foi vivido com Reis e Rainhas a decidirem os destinos do reino e do país.
A vida dos monarcas sempre suscitou grande interesse do povo. Muitos eram admirados quase como seres divinos, mas todos revelaram ser humanos como quaisquer outros, estando numa posição de grandes privilégios. Eles demonstraram ter virtudes, mas não conseguiram esconder terem igualmente defeitos…
D. Afonso Henriques nomeou um bispo mestiço e afrontou o Papa
“O Conquistador”
D. Afonso Henriques foi o fundador do reino de Portugal. No dia 25 de junho de 1111, nasceu aquele que se tornou no primeiro rei de Portugal. Foi na cidade que se tornou no “berço da nação”, Guimarães, que D. Henrique de Borgonha e D. Teresa tiveram um filho que ficou para a história como o fundador de Portugal.
D. Afonso Henriques, que ficou conhecido pelo cognome de “O Conquistador”, reinou entre 1143 e 1185, tendo posteriormente sido sucedido por D. Sancho I, um rei que ficou conhecido pelo cognome de “O Povoador”, tendo reinado entre 1185 e 1211.
O filho de D. Afonso Henriques e de D. Mafalda de Sabóia foi, posteriormente, sucedido por D. Afonso II. Este, filho de D. Sancho I e de D. Dulce de Aragão, era neto de D. Afonso Henriques, tendo ficado conhecido pelo cognome de “O Gordo”. O filho de D. Sancho I reinou entre 1211 e 1223, dando sequência à Dinastia Afonsina.
Leia também:
- D. Fernando II, o rei artista que preferia a cultura à política
- D. Carlos I, o rei que foi assassinado, tal como o seu herdeiro!
- D. Sancho II, o rei incompreendido que Portugal não quis?
- D. Duarte, o rei melancólico que morreu de peste
- D. Luís I, o rei que recusou ser rei de Espanha!
O contexto
D. Afonso Henriques “bateu” na mãe, ou seja, superou a sua oposição. Estavam em lados opostos da batalha. D. Afonso Henriques venceu e ordenou a prisão de sua mãe, D. Teresa. A sua mãe esteve atada com grilhões. Enquanto D. Afonso Henriques vencia batalhas e continuava a aumentar os seus domínios, a sua mãe permanecia aprisionada.
D. Afonso Henriques levava sempre consigo a progenitora, enquanto ia conquistando cada vez mais terras aos mouros. O Papa soube dessa realidade por via do bispo de Coimbra, por isso ameaçou excomungar D. Afonso Henriques, caso este não libertasse a progenitora. Contudo, o rei D. Afonso Henriques não cedeu à ordem papal e, por isso, foi excomungado.
O Bispo Negro
O bispo de Coimbra fugiu e D. Afonso Henriques nomeou um bispo para o seu lugar. D. Afonso Henriques reuniu os clérigos e nomeou um bispo entre eles. Um gesto que significava que não reconhecia autoridade ao bispo de Coimbra.
O padre escolhido por D. Afonso Henriques ficou conhecido como o “Caso do Bispo Negro”, pois a pessoa tinha o nome de Martim Suleimã e era mestiço, ou seja, tinha pele escura. Um momento que demonstrou grande ousadia ou loucura. Naturalmente, após o Papa ter tido conhecimento desse facto e julgando-o como um herege, enviou um cardeal para que lhe ensinasse Fé. Mas o Rei D. Afonso Henriques informou o mensageiro do Papa que em Portugal tinha livros de Fé que eram tão bons como os de Roma.
Assim, o cardeal revalidou a excomunhão de Afonso Henriques e também do reino. D. Afonso Henriques perseguiu-o e informou que só lhe poupava a vida na condição dele obter uma carta do Papa que permitisse a retirada da excomunhão a Portugal e também que reconhecesse a independência de Portugal, algo que veio a verificar-se.
Independência
No dia 23 de maio de 1179, o papa Alexandre III emitiu a bula Manifestis Probatum, uma bula dedicada ao rei português D. Afonso Henriques e aos seus herdeiros. O documento confirmava D. Afonso Henriques como rei de Portugal e reafirmava a proteção da Santa Sé informando:
“Concedemos e confirmamos por autoridade apostólica ao teu excelso domínio o reino de Portugal com inteiras honras de reino e a dignidade que aos reis pertence, bem como todos os lugares que com o auxílio da graça celeste conquistaste das mãos dos Sarracenos e nos quais não podem reivindicar direitos os vizinhos príncipes cristãos”.
Assim, D. Afonso Henriques assegurava a oficialização da independência de Portugal para a Santa Fé, tinha D. Afonso Henriques quase 70 anos de idade! Este momento reconheceu a dignidade e o título de rei a D. Afonso Henriques.
NCultura
Se gostou deste artigo reaja a ele e faça um comentário!
Se gostou deste tema pode procurar outros artigos sobre a história no NCultura. Se tem outros temas que pretende que sejam explorados pelo NCultura, deixe-nos sugestões. Se é apaixonado pelo mundo dos reis e rainhas de Portugal, saiba que há muitos mais artigos para ler no NCultura.
Apaixone-se pelo NCultura e explore diferentes temáticas: turismo e viagens, saúde, gastronomia, cultura, histórias, entre outras…